terça-feira, julho 17

Planetas errantes

Numa região de formação de estrelas na Nebulosa de Orion, a cerca de 1.500 anos-luz da Terra foram detectados 13 ”planetas errantes”. Estes mundos escaldantes não se formaram da mesma forma que os planetas do Sistema Solar. De facto, poder-se-ia mesmo perguntar se lhes podemos sequer chamar planetas? As observações do enxame do Trapézio, na Nebulosa de Orion, revelaram mais de 100 "anãs castanhas", objectos que poderiam vir a ser estrelas mas que não têm massa suficiente para tal.



(o enxame do Trapézio na Grande Nebulosa de Orion)

Com menos de 0,08 massas solares, estes objectos não geram calor interno suficiente para desencadear as reacções de fusão nuclear que mantêm as estrelas a brilhar durante longos períodos. No entanto, os cientistas dizem que até mesmo as "anãs castanhas" produzem alguma energia nuclear por períodos curtos, desde que a sua massa seja superior a 0,013 massas solares, ou seja, cerca de 13 vezes a massa de Júpiter, o maior planeta do nosso Sistema Solar. Os astrónomos definiram esta massa como sendo a massa mínima de uma "anã castanha".

Os 13 objectos em questão têm massas inferiores a esse limite de 0,013 massas solares, sendo a massa do mais pequeno estimada em não mais que oito vezes a massa de Júpiter. Os investigadores chamaram a estes objectos “planetas errantes” porque, aparentemente, não orbitam qualquer estrela, deslocando-se por si próprios através do espaço. Tal como as estrelas, terão sido criados a partir da contracção das nuvens interestelares de gás e poeira existentes naquela zona do espaço. No entanto, como não atingiram o limite mínimo das 13 massas de Júpiter, terão libertado apenas o calor resultante da sua formação.

A descoberta de 13 "planetas errantes", localizados num único enxame de estrelas, sugere que estes objectos possam ser bastante comuns e como existem cerca de 100 mil milhões de estrelas na nossa galáxia e se este enxame estelar for típico, então deverão existir pelo menos algumas centenas de milhões de "planetas errantes"…

No âmbito da investigação dos processos de formação planetária, o que se procura "são planetas semelhantes aos do Sistema Solar". Os "planetas errantes", pelo contrário, "formaram-se, presumivelmente, da mesma maneira que as estrelas se formam, apenas aconteceu que não tiveram massa suficiente para serem verdadeiras estrelas". Serão "anãs castanhas” de muito pequena massa, mais uma curiosidade no “zoo astronómico”.

Os astrónomos pensam que a maioria das estrelas se formam em gigantescas nuvens moleculares, vastas regiões de gás frio e poeira. A nuvem molecular mais próxima está exactamente por detrás do gás brilhante da Nebulosa de Orion. O enxame do Trapézio saiu recentemente dessa nuvem molecular escura e foi precisamente essa a razão que levou a escolher-se essa região para se efectuar o estudo.

Dado que as "anãs castanhas" e os "planetas errantes" arrefecem muito rapidamente, é mais fácil encontrá-los quando ainda são jovens e emitem algum calor resultante do seu processo de formação. Os objectos agora encontrados no enxame do Trapézio têm, na sua maioria, cerca de 1 milhão de anos, ou seja, são ainda muito jovens se os compararmos com os 4,6 mil milhões de anos do nosso Sol.

Importa esclarecer que as estrelas a que é dado o nome de “anãs castanhas” não emitem luz visível, pelo menos que possa ser detectada com os meios que actualmente possuímos. Este esclarecimento torna-se necessário na sequência de um jornal diário português ter publicado esta notícia dizendo que o nome destas estrelas advém do facto de emitirem uma luz acastanhada, o que não corresponde à verdade. Na realidade, o seu nome provém da necessidade de se caracterizar um tipo de objectos que se situa entre uma "estrela vermelha" - o tipo de estrelas mais frias a emitirem no visível - e as "anãs negras", verdadeiros cadáveres estelares que não emitem qualquer energia. Emitindo alguma energia que resulta - como se diz no artigo mencionado - da formação da própria "anã castanha", mas não sendo esta detectável por meio de telescópios ópticos a partir da Terra, escolheu-se a cor castanha como intermédia para denominar estes objectos.

(in ASTRONOVAS, OAL/FCL, adaptado)

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5 Comentários:

Às 17 julho, 2007 03:26 , Anonymous Anónimo disse...

Olá! Apesar de não ter lido a notícia, achei o esclarecimento importante. Pelo menos aprendi alguma coisa.
Boa semana!
Bjs

 
Às 17 julho, 2007 11:43 , Blogger Peter disse...

"olhos de mel"

Estive no teu blog, que apreciei. Gosto de ler poesia, escrevinho prosa, mas fazer versos sou absolutamente incapaz e por isso aprecio quem tem esse dom.

Interesso-me é pelo Cosmos, entender os porquês: quem somos nós? Porque estamos aqui? Estamos sós no Universo? Como é que este surgiu? Etc, etc, etc ...

 
Às 17 julho, 2007 15:33 , Blogger Papoila disse...

Peter:
Mais um artigo em que aprendi mais do Cosmos. Interessante estes planetas errantes que podem ser milhões e me deixam a pensar...
Importante o esclarecimento que as estrelas castanhas não são visíveis.
Beijos

 
Às 17 julho, 2007 18:58 , Blogger vieira calado disse...

Muito interessante.
Em relação ao que nos conta e, para acrescentar, há quem considere o próprio Júpiter, uma estrela falhada, em tenha muito menos massa que essas.
No que respeita ao que dizem (respeitáveis) jornais e televisões, tenho ouvido tanta bacorada... que essa é apenas mais uma. Um abração

 
Às 17 julho, 2007 21:41 , Blogger augustoM disse...

Já uma vez te disse que gostava de estudar astro física, mas enquanto não me decido pôr mãos à obra, vou lendo e aprendendo com os teus, sempre interessantes, textos.
Um abraço. Augusto

 

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