Conversas de café
Banalizámos tudo. A vida, o Natal, a morte. Nós próprios somos banais simplesmente porque nos negamos o direito do sonho. Ou talvez este nos tenha sido roubado por uma sociedade inquieta e amorfa a um tempo.
Falamos de paz e fazemos a guerra. Falamos de amor e promovemos o ódio. Falamos de vida e consolidamos a morte como objectivo quase único, condenando seres semelhantes a nós à miséria, à fome, à falta de medicamentos.
Falamos de cultura e de educação e insistimos em políticas de avestruz que promovem o analfabetismo moderno.
O que somos afinal?
Esta conversa poderia ser a conversa de qualquer um de nós num vulgar encontro de café.
Ora é aqui que reside o inverosímil da situação. Se estamos num café será lícito conversar sobre temáticas sérias em lugar do omnipresente futebol?
E se falarmos de futebol será que estamos a falar de algo verdadeiramente importante?
Sugiro que mudem de roupa antes de o fazerem. E de sapatos.
“Sem abrigo constituem-se em associação sindical” pode ler-se num jornal da nossa praça.
Reconhecendo o direito à livre associação e manifestação, questiono-me se os mesmos não se deveriam ter constituído num grupo de guerrilha urbana. Se usarem a fisga, ou mesmo se recorrerem a pistolas que esguicham água, poderão tentar chamar a atenção da grande massa informe e entorpecida que se podem ver nas grandes urbes, aparentemente com dois objectivos: correr para o local de trabalho e terminado este, correrem para casa.
“Sindicato de Magistrados adere à Máfia Napolitana”, o que parece ser uma operação sensata, já que desta forma podem mandar fazer execuções. O Procurador-geral da República afirma ser o “padrinho” de uma conhecida família Siciliana “e ter argumentos para derrubar o governo, linchar estes gajos todos, sobretudo o Paulinho Pedroso”. Questionado porquê Paulo Pedroso escudou-se no “segredo de justiça”, seja lá isso o que for, já que é hábito os processos serem divulgados pelas redacções dos jornais, rádios e televisões por essa mesma instituição.
“Portas faz microfilmes de documentos classificados” é a bomba de hoje. A sério? E se sim, qual é o mal disso? Então não é conhecida a apetência do dito pelo mundo do espectáculo? Será justo colocar um homem próximo da OPUS DEI em tribunal por pretender fazer um documentário sobre as desventuras da nossa secreta militar? Não é justo que todos saibamos que os submarinos comprados em leasing têm armamento sofisticado? Assim, teremos a certeza de que o nosso dinheiro está a ser bem utilizado. Algumas fontes apontam mesmo que “As Oficinas de Material de Guerra conseguiram criar uma arma temível com base nos péssimos odores de quem nunca se lava”, o que parece prometer uma arma capaz de arrasar com qualquer ameaça á segurança nacional.
Apesar de todas estas contradições vivemos num verdadeiro oásis. Já imaginaram se fossemos governados por Bush?
4 Comentários:
E não somos??? afinal de contas colocamos no poder aqueles que seguem fielmente o Bush!!
É um dos meus desejos para 2006, que o Bush desapareça do mapa...
Beijo e desejos sinceros de um bom Natal.
Belissimo blog aqui esta! Gostei de ver :) Passarei ca sempre que puder com todo o gosto!
Um beijinho e tudo de bom*
musician, e de violancelo que eu adoro ouvir. Qd deres o primeiro concerto ofereces bilhetes à "malta" do blog?
Já fizeste o teu pedido ao Pai Natal?
Sempre o humor verrinoso!
ah ah
Feliz Natal e um 2006 cheio de coisas boas (e poucas e pequenas coisas más...algumas haverá sempre, não é?)
Grande abraço
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