2006: O Ano da mudança de atitude?
Esperança parece ser sempre a palavra de ordem sempre que um novo ano se aproxima.
Sabemos à partida que provavelmente as coisas só vão piorar. Não consigo descortinar – apesar dos enormes óculos de que me muni – nenhuma razão para ter esperança.
A nível externo posso antever mais prepotência, mais mesquinhez, mais guerras sem sentido, mais terrorismo e consequentemente mais fome, mais miséria e mais desesperança.
Por cá, o panorama também não oferece nenhuma garantia de que tudo será diferente. A eleição de um dos velhos monstros sagrados da política portuguesa para Belém está assegurada, seja qual for o escolhido pelo povo descrente, analfabeto e pouco esclarecido, logo facilmente manobrável.
A esperança parece pois não passar de um conceito vago do domínio da filosofia abstracta.
Findo 2005 temos a sensação de que o mundo parou, de que nada ou quase nada aconteceu que evidencie a nossa qualidade de seres humanos. Ao invés, esta teoria perde estoicamente para a verdadeira aberração e abjecção de que estamos cada vez mais estereotipados, que o mesmo é dizer, alienados, perdidos entre conformismos que não entendo, submissões que abomino e subserviências que são do campo da loucura.
Abdicámos completamente da nossa dignidade em favor da ignomínia da indignidade. Somos os novos escravos e julgamo-nos pelas aparências, pela conta bancária, pelo automóvel, pelas roupas que envergamos, pela casa que possuímos.
Temo que no final de 2006 possa estar a escrever algo parecido. Os anos passam, as sociedades tornam-se cada vez mais desumanizadas, cada um de nós é uma ilha que teima em olhar o seu próprio umbigo. Era porém tão fácil se cada um de nós mudasse apenas um pormenor! Faria certamente a diferença.
O tempo porém parece ser de folia. Na noite encantada, beber-se-á a jorros, frequentar-se-ão festas da moda, jantar-se-á que nem abades. Afogam-se as esperanças em alegres festins, celebra-se não sei o quê, para nos darmos conta ao outro dia que o pesadelo continua presente.
Não vou desejar aos meus leitores um belíssimo 2006. Não seria sensato fazê-lo, porque todos sabemos que o novo ano não nos vai trazer coisa nenhuma, a não ser mais desilusões.
Deixo porém um desejo: lutemos todos – essa luta deve começar em cada um de nós – por mudar nem que seja um pouco da nossa atitude perante o mundo e perante nós mesmos. Exijamos dos políticos que cumpram promessas. Manifestemos-lhe o nosso desagrado, com manifestações, paralisações, ou qualquer outra forma mais criativa de lhes lembrarmos que estamos vivos, que queremos a nossa dignidade de volta.
Tentemos que o ano que se aproxima seja de facto o ano da mudança.
4 Comentários:
Eu que nunca fui de ter medo de nada, começo a ter medo da vida, de viver, do futuro!!... Este mundo esta perdido, como pode haver ainda assim tantos sorrisos?!
Concordo perfeitamente com as tuas palavras, é como se fosse o meu coraçao a falar!
Mas como tu dizes, se houver uma pequena atitute vindo de cada um de nos talvez assim, aos poucos, o mundo va melhorando! Mas muito sinceramente, ca para nos: nao me parece que va acontecer, infelizmente :(
bluegift, espero que tenhas passado um Bom Natal.
A propósito do teu artigo, não sei se aí costumas ler a VISÃO. Neste último número, traz um artº de Eduardo Lourenço, "Entre Céu e Terra", deveras interessante e em que ele se refere ao nosso "famoso atraso cultural tantas vezes diagnosticado". E acrescenta:
"Presumamo-lo: uma grande parte da massa da nação só muito superficialmente participa na recuperação objectiva desse atraso, tão fundo é o abismo que durante mais de um século separou a exígua "elite" portuguesa do chamado "povo".
mudemos, sem medos
jocas maradas
Até que enfim, ZÉ!
Não havia meio de te encontrar...
2006 vai ser complicado...mas que o encaremos o melhor possível.
Pelo menos, estamos vivos!!!!
Beijinhos
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