quinta-feira, julho 7

Que pode um homem só em frente ao mundo?

O DIA DENTRO DA NOITE

A nossa história não cabe numa lágrima.

Oh coração, oh coração alegre
onde sempre se encontra a Primavera,
Oh longa terra e mar de nosso amor
onde em verdade cabe a nossa vida!

Que pode fazer um homem que só tem
alguns cigarros, um lápis e uma pena
face a face com a noite,
a meio do silêncio?

Que poderá fazer com suas mãos,
seus lábios, beijos da namorada,
palavras que aprendeu pelos caminhos,
lágrimas e risos que transporta,
que guarda, troca, entrega
no ofício diário de viver?

Que pode um homem só
em frente ao mundo,
em frente a um mundo para tudo preparado?
Que pode um homem com seus medos,
suas canções, seus vómitos?

Que pode um homem só que só possui
um lápis, um papel, um coração
outra coisa fazer além de um mundo novo?

(António Rebordão Navarro)

5 Comentários:

Às 07 julho, 2005 13:14 , Blogger mfc disse...

Um homem pode fazer muito com o seu pensamento.
Mas armado com um lápis eum papel, pode mudar o mundo...

 
Às 07 julho, 2005 14:45 , Blogger Peter disse...

"Letras", outro poema do António Rebordão Navarro. Publiquei o outro tentando fazer uma conexão com Che Guevara.

 
Às 07 julho, 2005 14:47 , Blogger Peter disse...

mfc, tens razão, por isso eu sempre disse e repito, que os blogs podem constituir uma força de pressão.

 
Às 08 julho, 2005 00:18 , Blogger Amita disse...

Sabíamos do mar sem o sabermos


Sabíamos do mar sem o sabermos,
do mar dos mapas, da cor azul do mar,
dos naufrágios no mar,
do sol solto no mar.

Sabíamos do mar sem o sentirmos
nos poros dilatados pelo mar,
o verdejante mar escalando as montanhas
tão bruscas como o sal.

Sabíamos do mar em sinuosos sinos
assinalando a noite
com corações arrepiados,
abertos como mãos
sulcadas de cabelos e molhadas
de rugas e escamas.

Sabíamos do mar em signos, símbolos,
tropos e metáforas.
Sabíamos do mar?
Sabíamos o mar.
Sabíamos a mar


Bjo, Peter

 
Às 08 julho, 2005 01:40 , Blogger Peter disse...

Amita, poetas que eu vou descobrindo, muitos deles desconhecidos do grande público e que vocês, publicando novos poemas, aumentam os meus conhecimentos.

 

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