Na morte
A tangencia da sombra em mim e rasares etéreos quais asas de anjo impalpáveis, como se de substrato se tratasse a conduzir à falência do sonho.
Do pesadelo constante, a dor que macera a alma.
[Onde deixaste os teus voos rasantes e toques suaves?]
Tudo apagado nas realidades irreais. Nem o aroma a raiar essência ficou. Nada. Do corpo guardo memórias de noites translúcidas, salpicadas de vitrais multicolores e lençóis desalinhados.
O quase tocar-te não passa de alucinação. Ficaste algures em terras templárias onde nem sequer ouso voltar.
Restam-me cabelos soltos/azeviches. E olhos amendoados. Talvez sabores salgados de beijos e lágrimas. Talvez!
Talvez corpos quentes e delirantes, frenéticos.
Sei da impossibilidade de repetições irrepetíveis.
Sei.
[Querer-me-ias de novo?]
C. já nem memórias sou capaz de guardar. Queimam. Chamuscam peles e almas.
[Quase inaudível o som longínquo da voz. Absurdo.]
Viver é carregar um amor impossível?
Quando os dedos fervilham de letras, quereria que elas percorressem distâncias [mesmo sabendo que não existem distâncias] te tocassem corpo, percorressem lábios, e lábios devorassem lábios.
Talvez na morte.
Apenas na morte.
2 Comentários:
Um excelente texto em que o autor vagueia pelos caminhos insondáveis da mente e nela se sente. Bjos
"...Viver é carregar um amor impossível?"
Eu dir-te-ia que é... mas isso sou eu... uma sonhadora...
Jinhos :)
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