sábado, julho 23

Antes do Big Bang

Esta questão é abordada num interessante e extenso artigo do número de Julho da revista "Science & Vie". Não me vou demorar a expor um assunto que é do conhecimento público, mas sim inclui-lo no contexto de Ciência, de que já aqui falei em anterior artigo.
A Teoria do BB, apesar de cientificamente comprovada, não passa de uma mera hipótese, uma vez que nada dos diz sobre o que se passou antes do chamado "muro de Planck", 10^-43 segundos, que é uma barreira intransponível para os conhecimentos actuais. De facto, à medida que nos aproximamos do "instante zero" (se por acaso este existe), todas as características do Universo: densidade, temperatura e curvatura, tendem para o infinito.

O problema resulta da incompatibilidade entre as leis da relatidade geral, que funciona para os grandes objectos astronómicos e o infinitamente pequeno regido pela Física Quântica. A "grande unificação" entre as duas teorias tem vindo a ser tentada, no sentido de substituir o BB. A "Teoria das cordas", que tem sofrido modificações, foi a pioneira das candidatas a essa grande unificação, mas não é a única.

Todavia não é só esse o problema. Há que rever a noção de "tempo". Não sabemos o que é. Sabemos medi-lo a partir de movimentos regulares de diferente natureza: um segundo corresponde a 1/86400 do dia solar médio, os relógios de quartzo funcionam com a oscilação extremamente regular do respectivo cristal ...
O "tempo", tal como o concebemos ao nível macroscópico, não é mais que um movimento em função de um outro e vice-versa. Ora no mundo do infinitamente pequeno, a Física Quântica que dele se ocupa tem uma visão do mundo onde não há senão objectos, campos, variáveis e equações que as ligam, mas "onde não aparece um "espaço", no qual tudo teria emergido, nem um "tempo" no qual tudo evoluiu".
Por isso as equações quânticas" podem parecer estranhas, à primeira vista, por o "tempo" não estar incluído nelas. Reformulando as questões que se colocam nos primeiros instantes do Universo e exprimindo todas as grandezas pertinentes (temperatura, volume, número de neutrões p.e.) umas em função das outras, sem fazer intervir o elemento "tempo", desaparece essa tendência para o infinito, a que me referi acima.

Talvez que a resposta mais correcta, por agora, seja a do cientista Carlo Rovelli: "a maneira mais correcta de ver a evolução do Universo, é aceitar que antes do BB* não havia nada."

* se esta teoria conseguir dar resposta a umas quantas "interrogações", ou se entretanto não for substituída por outra ...

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6 Comentários:

Às 23 julho, 2005 02:02 , Blogger Amita disse...

Li o teu artigo ( vivemos e alimentamo-nos e hipóteses)assim com o do Thought & Humor (maybe a matter of time). Devido ao adiantado da hora vos desejo uma boa noite. Bjo

 
Às 23 julho, 2005 08:46 , Blogger Peter disse...

"thought & humour", I have visited your blog.// "There is a time for everything" (Ecclesiastes 3:1-8)//Thanks for your visit. Have a nice weekend.

 
Às 23 julho, 2005 08:49 , Blogger Peter disse...

"amita", informaste-te bem dos perigos do ADSL? O sinal emitido tem um alcance de 100m o que permite que os teus vizinhos (se os tens) possam navegar na Internet à tua custa. "Põe-te a pau". Bom fds.

 
Às 23 julho, 2005 13:01 , Blogger mfc disse...

Ainda estamos longe... continuamos no campo das hipóteses.

 
Às 23 julho, 2005 23:16 , Anonymous Anónimo disse...

Continuamos a aventura da descoberta. Por agora quase nada passa de hipóteses.
Um interessante artigo.

 
Às 24 julho, 2005 00:40 , Blogger Peter disse...

Qualquer dia ainda vou escrever sobre estes assuntos para o teu jornal. Este deu-me muito trabalho: a partir de um artigo escrito em francês, com muitas páginas divididas em três temas e transformar tudo num post escrito numa linguagem simples e coerente, não muito extenso e ainda mandando alguns "bitaites" ...

 

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