Noite de Paixão
Cheguei cansada em busca do alívio dos teus olhos, que sabia esperavam o momento que nos encontraríamos naquele lugar.
O pé pisava o acelerador enquanto a paisagem passava por mim sem que me apercebesse do oiro dos campos, do Sol que teimava em me fustigar olhos que em ansiedade buscavam o fim do caminho.
Um qualquer CD tocava. Não me perguntes o quê. Não saberia responder-te.
O meu pensamento estava
E o olhar saltitava entre a estrada à minha frente e o relógio que, lentamente, muito lentamente, marcava os minutos que se estendiam sem piedade, transformando-se em horas, pela tarde fora.
Apenas sabia que o teu sorriso me aguardava no fim daquela estrada.
E que os teus braços me prenderiam afastando todo o cansaço de um dia dividido entre a azáfama do trabalho e a distância percorrida para regressar a ti.
Agora, enquanto dormes num sono calmo, eu sinto a brisa que entra pela janela fazendo esvoaçar a cortina e coloco numa folha de papel, momentos vividos.
Esperados. Sentidos.
Recordo o encontro de bocas que em uníssono e silenciosamente, falaram de emoções sentidas, na ânsia do anoitecer.
O nosso anoitecer.
No entrelaçar de línguas sequiosas, o sentimento divino-profano de corpos que sabiam já pertencer-se.
E a noite trouxe consigo as palavras sussurradas, expiradas, inspiradas.
Sentidas, soltas e, finalmente, reveladas.
As paixões elevaram-se e como vulcões em erupção derramaram a sua lava em corpos suados, encontrados, envolvidos num único ser.
Mãos que foram deslizando na tua pele, na minha, encontrando-se e desnudando centímetro a centímetro todos os segredos escondidos, revelando mistérios que terminaram em penetrações de almas e de corpos.
Aromas que se fundiram e entrançaram, como pernas, braços, bocas e desejos.
Ficaria aqui deitada olhando-te apenas, esta noite, amanhã e depois.
Absorvendo na memória cada detalhe do teu corpo meio coberto pelo alvo lençol, e do teu braço pousado na minha coxa, numa carícia de cetim.
Acordar-te-ei com lábios que deslizam na pele quente de paixões sentidas.
Entregar-nos-emos de novo. E mais uma vez. E outra.
E com a brisa da madrugada que entra pela janela, os nossos corpos subirão a espiral orgásmica do sentir, sonhar e realizar.
Do ter e do ser.
Reviveremos, então, o que dissemos, renovando cada beijo, saboreando o mel de nossas bocas e corpos, sabendo que este será apenas o início.
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