Dualidade
[Do tumular silêncio retiro a holografia projectada à distância; entre nebulosas de tons cinza a luz que brilha mostrando epiderme macia e promessas].
A ponta de dedos queimados na infusão do contacto guardando memórias que se libertam sob a forma de chamas elevando-se além horizonte até ao ponto de partida da projecção.
Nesse pequeno ponto que marca a diferença, a realidade de um corpo palpável que após percorrer distâncias tremendas se transforma em algo intocável.
A dualidade real/imaginário a tomar conta de uma noite de insónia.
Ou pesadelo.
O percorrer com olhos objecto de adoração antevendo no vórtice triangular a sagração de todas as emoções. O mergulho entre-pernas, dando e recebendo em entregas plenas de incondicionalidades, o desabrochar dos sentidos perdidos e encontrados em projecções holográficas, razões de todos os sonhos.
Mergulhar na noite mergulhando entre coxas entreabertas, labiares escorrendo desejos sob a forma de salivares. O surgir do alheamento já que todos os sentidos se juntaram apenas na comunhão de corpos, almas e sentires.
[Dedos percorrendo teclado em busca da emoção negada pela ausência] em colossal frenesim na busca infrutífera da palpação.
Nos dedos o fogo imenso da lembrança de pele macia.
No âmago o vazio da não-presença.
Noite longa.
O projectar do desejo em linha recta conduz invariavelmente ao leito que ainda não comungámos.
Ou pesadelo.
Noite longa. A noite mais longa.
O imaginar-te desnudada em leito de menina soçobra no tremendo tesão da posse que irá acontecer.
Ofertar-me-ei.
Ofertar-te-ás.
Simbioses catalíticas.
Agora a descrença.
[Ou os longos cabelos marcados por olhos imensos que inebriam, embriagam. Do desejo falar-se-á amanhã]
Noite longa.
In "Pisar o risco"
14 Comentários:
Mails extraviados, dificuldades com o "servidor". tudo valeu a pena para termos de novo a escrita satírica, ou sensual, do nosso colaborador desde os primeiros tempos do blog que, como todos sabem, foi iniciado pelo Peter, o Letras ao Acaso e a Bluegift./// Parece que o blog ficou mais humano.
já andava com saudades de te ler...beijinhos querido zé
gisele
Ainda bem que voltaste.
Um beijo.
Dos textos mais belos que já te li...
... relembrando a dor das ausências, dos silêncios, das palavras caladas... e o fogo dos desejos sempre tão vivos.
Escrita de excelência.
P.S.: Ainda bem que o jornal não te tira tudo ;)
Fico contente que tenhas voltado.
Ler-te é um prazer enorme
sem dúvida que o A. lázaro tem razão. que escrita de excelência.
Belissima esta escrita
Já te tinha lido no letras. ninguém fica indiferente á tua escrita. é muito bela
sensual, emotivo e muitissimo bem escrito
Tens um dom. Não o desperdices. Já publicaste?
letras
a tua volta é pra lá de prazerosa
adorei, belíssimo como sempre
todos os beijos
juliana
Hum! Posso imaginar um homem romântico que sabe transcrever as emoções. Belissimo este pequeno grande texto
Ai ai ai .. que delícia a sua volta, senti muito a falta de tuas palavras doces.
beijinhos
Daniela.
Como ficar sem teus textos???... sua volta nos faz delirar..
um grande beijo.
saudades
Luiza.
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