quarta-feira, junho 29

Um Universo consciente de si próprio


("maternidade estelar")


A cosmologia moderna redescobriu a antiga aliança entre o homem e o Cosmos. O homem é filho das estrelas, irmão dos animais selvagens, primo das flores do campo; todos nós somos apenas poeiras de estrelas. A astrofísica revela-nos que o aparecimento da vida e da consciência a partir da sopa primordial dependeu de uma regulação extremamente precisa das leis da Natureza e das condições iniciais do Universo. Se a intensidade das forças fundamentais tivesse variado, por pouco que fosse, nós não estaríamos cá para falar delas, as estrelas não se teriam formado, e não poderiam ter exercido a sua maravilhosa alquimia nuclear. Teria sido o adeus aos elementos pesados que constituíram a base da vida!

Mas as leis físicas são especiais de um ponto de vista ainda mais subtil. Não somente permitiram ao homem entrar em cena, como também lhe conferiram o dom de compreender o mundo que o alberga. O facto de o homem não ser cegamente afectado pelas leis da Natureza, sem as compreender, é portador de significado. A nossa capacidade de fazer ciência e decifrar o código cósmico sugere a existência de uma conexão íntima entre o nosso mundo mental e o mundo das formas platónicas. O círculo foi fechado. Penso que isso não aconteceu por acaso.

Acaso ou necessidade? Ambas as alternativas são possíveis:
- ou o homem surgiu num Universo desprovido de sentido, que lhe é completamente indiferente;
- ou a sua vinda foi programada desde o princípio, a fim de que ele desse sentido ao Universo compreendendo-o.

A ciência nunca poderá escolher entre estas duas possibilidades.

Teremos pois de fazer apelo a outros modos de conhecimento, como a intuição mística, ou religiosa, informada e esclarecida pelas descobertas da Ciência e assim postulando a existência de uma Causa Primeira, que regulou simultaneamente as leis físicas e as condições iniciais para que o Universo tomasse consciência de si próprio?

(Trinh Xuan Thuan, “O Caos e a Harmonia. A fabricação do real”, adapt.)

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1 Comentários:

Às 29 junho, 2005 11:45 , Blogger Peter disse...

Fly, tenho a colecção toda do Harry Potter, mas ainda não li o último. Está na "pilha".

 

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