sexta-feira, fevereiro 25

Reféns da clientela

“O populismo é geralmente mau conselheiro em momentos de crise. E o ataque cerrado a todos os que ganham mais, como se aí estivesse a origem de todas as desgraças, é apenas um dos seus mais generalizados sintomas.
Contudo, a aliança entre PS e PSD contra qualquer iniciativa parlamentar para introduzir limites de razoabilidade à remuneração de gestores públicos não pode ser vista como saudável recusa liminar do populismo. É, tão só, o reflexo de como os dois partidos do “centrão” estão literalmente reféns da sua rede clientelar.
Argumentar com a necessidade de “atrair os melhores num mercado concorrencial” quando se trata, sobretudo e/ou quase sempre, de remunerar boys recrutados para gerir empresas que agem em monopólio (ou quase!) ou, simplesmente, se afundam em prejuízos não é mais do que tentar tapar o sol com a peneira.
E se o argumento vale para as empresas, como não aplicá-lo a gestores da própria administração, todos eles forçados a cortes radicais dos respectivos salários?
Se dúvidas existissem sobre a bondade da argumentação ela ficou, ontem, bem à vista, em mais um exemplo do descalabro de gestão do sector empresarial do Estado. Ficámos a saber pela Comunicação Social que na Rede Eléctrica Nacional, uma das tais empresas públicas a reclamar excelência de gestão, foram, nos últimos tempos, “contratados” oito novos directores. Alguns já este mês e com remuneração superior à do Presidente da República. Pagos com os nossos impostos. Ao mesmo tempo que os trabalhadores, que denunciavam a situação, reduziram
os seus salários.
Os mercados também sabem estas pequenas histórias e sabem que, neste momento, o que se impunha era uma solução à espanhola, com uma drástica redução dos quadros dirigentes do sector público e respectivas remunerações.”

( Graça Franco in “página1)

1 Comentários:

Às 02 março, 2011 22:56 , Blogger Manuel Veiga disse...

abraço

 

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