Private equities
São "fundos de investimento" rapaces, com apetites desmesurados e detentores de capitais gigantescos, que se estão apoderando da economia mundial. (*)
Em 4 anos, de 2002 a 2006, o montante dos capitais obtidos por estes fundos de investimento, que colocam o dinheiro dos bancos, dos seguros, dos fundos de pensões e os haveres de riquíssimos particulares, ultrapassou os 1,1 BILIÕES DE EUROS. Nada lhes resiste!
(*) Ignacio Ramonet, “Voracidade”, in “Le Monde diplomatique”, edição portuguesa, Novembro de 2007.
Surgidos há uns 15 anos, têm vindo a adquirir nos últimos tempos uma amplitude preocupante, inicialmente estimulados pelo crédito barato e agora por instrumentos financeiros cada vez mais sofisticados.
O princípio é simples:
- Um Fundo de riquíssimos investidores (“private equities”) adquire uma empresa que vale, p.e. 100 milhões de Euros, aplicando 30 milhões e pedindo emprestados à Banca os outros 70 e que, por sua vez, os pede a um grande banco estrangeiro.
Durante 3 ou 4 anos gere a empresa de forma privada, longe da Bolsa e das suas regras constrangedoras e sem ter de prestar contas a accionistas.
Ao mesmo tempo que os dirigentes ganham “fortunas demenciais”, praticam sem sentimentalismos, os quatro grandes princípios da “racionalização” de empresas:
- reduzir o emprego;
- comprimir os salários;
- aumentar os ritmos de produção;
- deslocar para um local de mão de obra barata.
E fazem-no em detrimento e para desespero dos sindicatos, que denunciam vigorosa mas inutilmente, o pesadelo e o fim do contrato social.
Com os lucros obtidos, pagam os juros da sua dívida e revendem a empresa por 200 milhões, reembolsando os 70 obtidos a crédito e ficando com 130 no bolso, por um investimento inicial de 30 milhões.
Obtiveram assim mais de 300% de “Taxa de Retorno” sobre o capital investido em 4 anos!
Haverá melhor investimento?
Aceito que uma pessoa, pelo seu trabalho, partindo de capitais emprestados, ou mesmo de outros herdados, produza riqueza que contribua para a criação de postos de trabalho e para o aumento do PNB através de industrias, de fábricas, de inovação técnica, etc, mas sou absolutamente contra estas estratégias de um capitalismo, cada vez mais refinado, que apenas gera riqueza através de manobras especulativas e que nada traz de novo para o país, porque acaba em qualquer paraíso fiscal ou conta off-shore.
E tanto mais, quando tomo consciência da miséria extrema em que vive a maior parte da população mundial (mais de 3/4?) afligidos pelas doenças endémicas, pela sida, pela fome, enquanto os seus ditadores africanos, os árabes do petróleo, os bilionários russos e americanos (se calhar estes já passaram para 2º plano) vivem num luxo escandaloso.
Os bilionários russos, não sabendo já onde gastar o seu dinheiro, pagam fortunas para viverem uma noite miseravelmente, como sem-abrigo, ou prostituindo-se, para experimentarem novas sensações. Claro que devidamente vigiados e protegidos por um “exercito” de guarda-costas …
É o cúmulo, uma afronta aos verdadeiramente carenciados.
Por cá prossegue em ritmo acelerado a “corrida para o abismo” com o consumismo natalício desenfreado, a que assisto espantado.
Mas como? Como pode ser possível? Onde vão buscar o dinheiro?
Não me venham cá com histórias de contenção. Contenção uma “ova”!
Em 4 anos, de 2002 a 2006, o montante dos capitais obtidos por estes fundos de investimento, que colocam o dinheiro dos bancos, dos seguros, dos fundos de pensões e os haveres de riquíssimos particulares, ultrapassou os 1,1 BILIÕES DE EUROS. Nada lhes resiste!
(*) Ignacio Ramonet, “Voracidade”, in “Le Monde diplomatique”, edição portuguesa, Novembro de 2007.
Surgidos há uns 15 anos, têm vindo a adquirir nos últimos tempos uma amplitude preocupante, inicialmente estimulados pelo crédito barato e agora por instrumentos financeiros cada vez mais sofisticados.
O princípio é simples:
- Um Fundo de riquíssimos investidores (“private equities”) adquire uma empresa que vale, p.e. 100 milhões de Euros, aplicando 30 milhões e pedindo emprestados à Banca os outros 70 e que, por sua vez, os pede a um grande banco estrangeiro.
Durante 3 ou 4 anos gere a empresa de forma privada, longe da Bolsa e das suas regras constrangedoras e sem ter de prestar contas a accionistas.
Ao mesmo tempo que os dirigentes ganham “fortunas demenciais”, praticam sem sentimentalismos, os quatro grandes princípios da “racionalização” de empresas:
- reduzir o emprego;
- comprimir os salários;
- aumentar os ritmos de produção;
- deslocar para um local de mão de obra barata.
E fazem-no em detrimento e para desespero dos sindicatos, que denunciam vigorosa mas inutilmente, o pesadelo e o fim do contrato social.
Com os lucros obtidos, pagam os juros da sua dívida e revendem a empresa por 200 milhões, reembolsando os 70 obtidos a crédito e ficando com 130 no bolso, por um investimento inicial de 30 milhões.
Obtiveram assim mais de 300% de “Taxa de Retorno” sobre o capital investido em 4 anos!
Haverá melhor investimento?
Aceito que uma pessoa, pelo seu trabalho, partindo de capitais emprestados, ou mesmo de outros herdados, produza riqueza que contribua para a criação de postos de trabalho e para o aumento do PNB através de industrias, de fábricas, de inovação técnica, etc, mas sou absolutamente contra estas estratégias de um capitalismo, cada vez mais refinado, que apenas gera riqueza através de manobras especulativas e que nada traz de novo para o país, porque acaba em qualquer paraíso fiscal ou conta off-shore.
E tanto mais, quando tomo consciência da miséria extrema em que vive a maior parte da população mundial (mais de 3/4?) afligidos pelas doenças endémicas, pela sida, pela fome, enquanto os seus ditadores africanos, os árabes do petróleo, os bilionários russos e americanos (se calhar estes já passaram para 2º plano) vivem num luxo escandaloso.
Os bilionários russos, não sabendo já onde gastar o seu dinheiro, pagam fortunas para viverem uma noite miseravelmente, como sem-abrigo, ou prostituindo-se, para experimentarem novas sensações. Claro que devidamente vigiados e protegidos por um “exercito” de guarda-costas …
É o cúmulo, uma afronta aos verdadeiramente carenciados.
Por cá prossegue em ritmo acelerado a “corrida para o abismo” com o consumismo natalício desenfreado, a que assisto espantado.
Mas como? Como pode ser possível? Onde vão buscar o dinheiro?
Não me venham cá com histórias de contenção. Contenção uma “ova”!
17 Comentários:
Oie Peter! Esse mundo financeiro, de bolsas de valores, investimentos, etc... é bem distante da minha realidade. Não entendo nada. Entretanto gosto de me inteirar, ainda que por alto.
Bom domingo e uma semana maravilhosa!
Beijos
Tem toda a razão, quinta feira passada fui ao Porto, deveriam ser 15.30 e a rua de Santa Catarina estava cheia, nas lojas não cabia mais ninguém, depois falam que isto está mal...
Olá Peter!
Esta é uma realidade que me custa suportar. Contenção só para os "facínoras" dos funcionários públicos e para os trabalhadores em geral.
"Oui, c'est la folie.."
O artigo está excelente.
Beijos
Caro Peter,
Estamos entregues aos abutres especuladores. Agora é que é caso para se dizer outra vez... eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada.
Por outro lado...
E se receberes em casa em vésperas de Natal, um cheque de dez mil euros, postos à tua disposição, assim, sem mais nem menos?
Sei de quem foi a correr comprar 7 (sete) plasmas, só para uma família.
Contenção? O mundo está louco, nós estamos loucos, loucos sem cura.
Um abraço
ATENÇÃO VIRÚS
ESTES ESTÚPIDOS CONTINUAM A INSISTIR, ENVIANDO-ME O MESMO E-MAIL:
"Setor financeiro americanas: relatorio de debito"
Subscrevo inteiramente o teu desabafo. Agradeço o carinho das tuas palavras, Peter, no meu blog. Tinha saudades de ver impressa a tua passagem pela minha escrita. Beijos.
Uma admirável texto que a explicar preto no branco o que é o dito liberalismo tantas vezes exigido entre nós à sua prática extrema. Muito bom, mesmo.
It's also a great mystery to me how people manage it. And then talk about crisis!
As for private equities it's a game. When you don't know how else to invest, you go about having fun and not considering that there are people involved. Tragic.
Meu caro!
Estamos em tempos de um capitalismo selvaticamente desenfreado!
Obviamente que isto vai acabar...mas quando e como?
Abraço
António
O que me chateia é que já não vai ser no meu tempo e, entretanto, cada vez vivo pior.
Fumando o cachimbo da paz ...
"olhos de mel"
"Esse mundo financeiro, de bolsas de valores, investimentos, etc... é bem distante da minha realidade."
Também da minha ...
Mas, entretanto, quem se lixa sou eu.
Tiago
Há o "milagre da multiplicação dos pães", aqui será o da "multiplicação das dívidas".
Dantes o Vitorino cantava que para ir assistir a um concerto no Rivoli, o seu anel de rubi fora parar ao "invejoso" (penhores).
Pois é "papoila", «os "facínoras" dos funcionários públicos e dos trabalhadores em geral» andam a esbanjar à doida os seus principescos aumentos!
Meg
É de uma tremenda actualidade:
«eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada»
"quintarantino"
Obrigado pela apreciação, vinda de quem vem.
Pois é o "liberalismo económico" ...
Não se pode partir do zero, pois não?
Paula
Penitencio-me, mas o dia só tem 24horas ...
Prometo maior assiduidade.
«you go about having fun and not considering that there are people involved»
A questão é essa:
- nestas compras e vendas de fábricas, que são feitas render selvaticamente e sem controlo exterior, para posterior venda, o operário é o "peão das nicas".
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