Baleias
Gosto de baleias, sempre gostei de baleias, não por causa do Jonas, que esteve três dias no ventre de uma, mas por causa do Pinóquio. Ele e o Peter Pan foram e são os meus desenhos animados preferidos. De vez em quando meto a cassete e volto a vê-los pela centésima, ou milésima vez. Gosto deles, como gosto do Tin-Tin e do Astérix, que continuo a ler e a reler infindavelmente.
Porque hei-de seguir uma linha de rumo no blog, defender causas, dizer mal do Governo? Aliás nem seria original, toda a gente diz ...
Escrevo o que me vem à cabeça, muitas vezes escrevo sobre o que os outros escreveram. Não tenho um plano definido, escrevo porque me apetece fazê-lo.
Gosto de baleias.
Se tivesse dinheiro ia ter com o "Green Peace", não para protestar nos botes de borracha, mas para meter a pique um daqueles baleeiros japoneses. Dizem que este ano “só” vão matar 1.000 baleias.
E os civilizados nórdicos? Fazem o mesmo, mas poucos falam deles.
Vem-me à lembrança aquele livro de Luis Sepúlveda, “Mundo do fim do mundo”, com a descrição da actuação das baleias e golfinhos, na luta de Pedro Pequeno, contra o baleeiro japonês:
«No momento em que o Pedro Pequeno, no seu frágil escaler, investiu contra o barco de pesca japonês, uma baleia com todo o cuidado afastou-o do navio.
Então, obedecendo a uma chamada que nenhum outro humano ouviu no mar, um chamamento tão agudo que estremecia os tímpanos, trinta, cinquenta, cem, uma multidão de baleias e golfinhos nadaram até quase tocarem a costa, para regressarem com maior velocidade ainda e chocarem com as cabeças contra o barco.
Sem lhes importar o facto de que em cada ataque muitos morriam de cabeças rebentadas, os cetáceos repetiram os ataques até que o Nishim Maru, empurrado contra a costa, correu o risco de encalhar. (...) quando o tinham prestes a encalhar, nem sequer lhe tocaram.»
E ainda a fala de Pedro Pequeno:
«Quando lancei o escaler ao mar e remei para o barco baleeiro sabia que os tripulantes iriam atacar-me e que as baleias, vendo-me indefeso, atacado por um “animal maior”, não hesitariam em acudir em minha defesa. E assim aconteceu. Tiveram compaixão de mim.»
Quem é que falou para aí da racionalidade dos humano como sendo a sua característica exclusiva?
Provavelmente os que usam e abusam do planeta, de todos os seres vivos, animais e vegetais e de todos os seus recursos.
Pois se o homem (com “h” pequeno) foi feito à imagem e semelhança de Deus, este bípede de pés de barro, sente-se um pequeno deus e caminha alegremente para a sua destruição. Até mesmo entre eles (entre nós) “homo homini lupus”.
(Foto da NGM)
10 Comentários:
Oie Peter! Embora a maioria das vezes escrevo coisas romanticas, sentimentais, de vez em quando fujo a regra, até porque acho que massifica muito. Gosto de variedades também. E esse seu mundo é eclético. Isso é bom!
Acho que o homem caminha para destruir não apenas a humanidade, mas o planeta. Tem muita gente por aí, se sentindo Deus. Isso sim é péssimo!
Bom fim de semana!
Beijos
O que mais me lixa é fazerem esses massacres as baleias e depois serem um dos países mais desenvolvidos do mundo, enfim...
Dou-lhe os parabéns. Primeiro porque, de facto, tem aqui um blogue que é feito pelo prazer da escrita. Sem compromissos e procurando fugir à massificação.
Em sgundo lugar por admitir que ainda gosta de ver os filmes de animação que muitos de nós, adultos, vemos às escondidas ou pelo canto do olho porque temos vergonha de o admitir.
Finalmente, porque as baleias são, na sua essência, um dos animais mais belos que sulcam os mares.
Curioso!
Quando estava a ler este teu estupendo texto pareceu-me que estava a ler algo escrito por um avô.
Abraço
António
E sou um AVÔ, não tenho complexos, em vez de os ter, tenho algo muito melhor:
TENHO 7 (SETE) NETOS
ADENDA
Muito mais de mil baleias são sacrificadas em cada ano com arpões que explodem ao tocar a sua pele, bastões que descarregam mil watts ou disparos nas suas cabeças.
O Japão é o rei destas práticas e, no seu afã de mantê-las e ampliá-las, não olha a meios para atingir os seus fins.
Segundo a organização ambientalista Greenpeace, tem tentado induzir os governos de pequenos países latino-americanos, a maioria sem nenhuma tradição baleeira, a apoiarem a sua posição na CBI oferecendo auxílio financeiro e assessoria na pesca.
O governo da Noruega é o único do mundo que rompeu unilateralmente a proibição em 1993, ano em que retomou a pesca de baleias "minke", que chegam a medir dez metros de comprimento.
O Japão, por outro lado, mantém a caça alegando estudos científicos. Porém, a carne da grande maioria das baleias termina nos restaurantes desse país ou é exportada como produto exótico.
Alguns países latino-americanos desenvolveram uma indústria turística bastante lucrativa, associada à sua observação.
“A matança de baleias não pode coexistir com a observação e está demonstrado que é muito mais rentável a observação do que a caça”.
Este teu post está excelente, Peter!! Gostei muito. Beijos.
Tragã lá as lenguiças , as entrameadas , pinga da boa e rapaziada amiga , cas brazas já cá tã à espera ...
Tou-o cá aqui neste Bêco .
Charroco http://charroco.blogs.sapo.pt/
Atão proqui nã dã lá uma saltada , tã todos convidados pôrra .
Ê lá os'péro .
Caro Peter, pois eu também escrevo o que me vem à cabeça, muitas vezes ponho os "outros" a dizer aquilo que eu penso... não tenho um plano definido e só escrevo "quando me apetece fazê-lo".
E não é por ser avó, é por ser recalcitrante, mesmo!
Também adoro baleias e golfinhos e tenho saudades de os ver, dias seguidos a acompanhar os "paquetes", nas longas viagens para, e de, África.
Um abraço e bom fim de semana.
Olá Peter!
Pois também escrevo sobre o que me apetece e quando me apetece... Este texto sobre as baleias está fantástico. Peter Pan faz parte do meu imaginário, e estes mamiferos como a baleia e os golfinhos sempre me encantaram.
Beijos
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