À procura da massa em falta no Universo
O Universo que nos rodeia não é bem o que aparenta. As estrelas perfazem menos de 1% da sua massa e todas as nuvens de gás e outros objectos, menos de 5%. Esta matéria visível, constituída por átomos, ou matéria “bariónica”, é apenas cerca de 10% de todo o material que o constituiu e ao qual damos o nome de "Matéria Negra" - uma descrição que apenas revela a nossa imensa ignorância sobre a sua natureza.
Sabemos pouco dos restantes 90% do Universo, constituído na sua quase globalidade por essa "matéria negra" invisível, mas que possibilita que as estrelas possam andar como que em redemoinho em ilhas galácticas e que as galáxias se aglomerem, como fazem, para que o Universo seja visto como o vemos.
(As WIMPs terão, muito possivelmente, uma distribuição esférica e simétrica, a partir do centro da galáxia, como o artista as colocou na gravura e proporcionariam muita da força gravitacional que mantém unida a parte visível da mesma galáxia. Poderemos especular que se trata de partículas massivas que interagem fracamente sobre a matéria comum (bariónica), mas fortemente entre si.)
O mistério da massa em falta no Universo, poderá começar a ser revelado à medida que os astrónomos do Reino Unido ajustem os seus sensíveis detectores, para a pesquisa de "Matéria Negra", situados a 1100 metros de profundidade nos planaltos de North Yorkshire, tendo em vista a detecção de “Partículas Massivas de Interacção Fraca” (WIMPs), principais candidatas ao mistério da massa em falta no Universo.
Embora provavelmente biliões de WIMPs passem por nós em cada segundo, estas dificilmente interagem com a matéria comum o que faz com que sejam extremamente difíceis de detectar. Numa amostra de um quilograma de material, menos de uma WIMP por dia atingirá o núcleo de um átomo, obrigando-o a recuar ligeiramente. Os detectores têm por missão captar este recuo e registá-lo. Quando uma WIMP colide com o núcleo de um átomo, ela "empurra-o" para trás e a energia libertada pelo átomo, devido a este recuo, pode ser detectada de uma de três maneiras, dependendo do material do detector:
- poderá ocorrer um ligeiro aumento de temperatura, ou a libertação de carga eléctrica (ionização), ou ainda a libertação de um fotão – luz - (cintilação). É também possível que mais do que um destes efeitos ocorra simultaneamente.
Como este fenómeno acontece muito raramente, os detectores poderiam também registar muitas outras reacções: tais como raios cósmicos a atingirem o material, ou radioactividade natural. É por isso que os detectores estão situados a 1100 metros no subsolo, porque a Terra absorve a maioria das partículas exteriores (como os raios cósmicos vindos do espaço) e as paredes da mina de sal oferecem ainda uma protecção adicional, por serem muito pobres em radioactividade natural.
Fontes:
GOOGLE e ASTRONOVAS ( Publicação do Observatório Astronómico de Lisboa - Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa)
Etiquetas: Universo Fantástico
16 Comentários:
COmo sempre , peter,um prazer ler os teus artigos:)
beijo cheios de calor do algarve
Lucia
P.S
Tenho um agradecimento personalizado a uma pessoa no blog, pk n passas por lá e les?:)
Este comentário foi removido pelo autor.
Peter:
Fiquei literalmente siderada com a leitura deste artigo. Saber que quase desconhecemos 90% do Universo, é esmagador.
Beijo
"papoila"
Finalmente, o primeiro comentário sobre o artigo. Admito perfeitamente que o assunto não interesse também a 90% das pessoas que lêm o blog.
Mas é um assunto que me interessa e eu não escrevo só para os outros, escrevo também e principalmente para mim.
Mantenho contactos com a NASA, o OAL/FCL e outras organizações de carácter científico, daí aquilo que tentei expor, numa linguagem simples (suponho) ser baseado em fontes fidedignas.
O que ainda está por descobrir...
Mas, segundo descoberta recentes que tiveram a participação de cientistas portugueses, o universo está a expandir-se cada vez mais depressa.
O tempo urge, por isso.
Há dias, num programa do cabo, ouvi que a distância da Lua à Terra já foi muito menor (cerca de 15 vezes) e que as marés, nessa época, teriam 2 a 3 km de amplitude.
Abraço.
Meu caro confrade, amante de astronomia:
Somos poucos, mas bons!
O pessoal, geralmemte, interessa-se mais pelo toto... isto, tótó aquilo...
Olá, Peter!
Como escrevi no meu último post, estou em Pausa (ou férias) de blog.
Voltarei, mas quando me der na real gana.
Percebido?
Abraço
Nilson, é agradável para mim ouvir-te falar desses assuntos, como agradável é visitar o teu blog, o que faço sempre com o maior prazer.
De facto, parece ser assim: quanto mais distantes estão as galáxias, maior parece ser a sua velocidade de expansão. Mas atenção, as galáxias não se expandem. Numa comparação grosseira, se tiveres um balão e nele assinalares com uma caneta de feltro vários pontos, representando galáxias, à medida que enches o balão, elas vão-se afastando umas das outras.
Quanto à Lua e à sua origem é um assunto interessante, que merece um post.
Abraço e obrigado pela tua visita e comentário.
Vieira Calado, pois é, mas também escrevemos para nós e nem toda a gente gosta de poesia, como nem toda a gente gosta de Cosmologia. Eu, por sinal, até gosto das duas coisas, embora no que diz respeito ao primeiro assunto me limite a lê-la, enquanto que, quanto ao segundo, procuro aprofundar os meus conhecimentos.
António, é sempre um prazer receber-te no meu blog, como será um prazer renovado voltar a ler as tuas histórias.
Realmente desconhecemos muito do universo que nos abriga. Mas importante termos a oportunidade de ler artigos que nos deixa uma colaboração importante.
Bjs
Olá, Peter!
Confesso que fiquei um pouco descoroçoado ao ler o texto porque nunca tinha ouvido falar em massa que falta no universo.
E confesso que ainda estou baralhado...eh eh.
Abraço
Penso que um comentário que ontem me deixaste ficar no post "Pausa", de facto, não foi escrito por ti.
Aliás o link leva para outras bandas.
Se tiveres oportunidade, dá lá um salto.
Abraço
uma vertigem... para um "terráquio" como eu sou!
... e no entanto o "universo" move-se!
abraços
António, o comentário foi escrito por mim.
Matéria Negra
"Os astrónomos acreditam que uma quantidade significativa do Universo é constituída por uma misteriosa «matéria negra». Invisível aos "olhos" de qualquer instrumento, pode ser detectada pelo efeito que a sua gravidade tem na matéria visível. A matéria negra é normalmente encontrada num enorme halo em torno de galáxias."
(…)
A presença de matéria negra no Universo pode ser inferida através da observação da rotação das galáxias e medindo o quão depressa se movem as suas componentes visíveis. A quantidade de matéria existente numa galáxia determina a força gravitacional necessária para a manter coesa. Os astrónomos
já observaram galáxias onde o material se move tão depressa que deveria dispersar-se pelo espaço. Como tal não acontece, tem de haver uma força gravitacional a actuar mais forte que aquela que se pode contar apenas com a
presença da matéria detectável. Isto levou os astrónomos a acreditar que existe mais matéria que a observada - a massa desta «matéria negra» pode ser
calculada através da força gravitacional que tem de actuar para manter a galáxia coesa."
(in astronovas – Observatório Astronómico Lisboa/Faculdade Ciências Lisboa)
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