quarta-feira, julho 25

À procura da massa em falta no Universo

O Universo que nos rodeia não é bem o que aparenta. As estrelas perfazem menos de 1% da sua massa e todas as nuvens de gás e outros objectos, menos de 5%. Esta matéria visível, constituída por átomos, ou matéria “bariónica”, é apenas cerca de 10% de todo o material que o constituiu e ao qual damos o nome de "Matéria Negra" - uma descrição que apenas revela a nossa imensa ignorância sobre a sua natureza.
Sabemos pouco dos restantes 90% do Universo, constituído na sua quase globalidade por essa "matéria negra" invisível, mas que possibilita que as estrelas possam andar como que em redemoinho em ilhas galácticas e que as galáxias se aglomerem, como fazem, para que o Universo seja visto como o vemos.


(As WIMPs terão, muito possivelmente, uma distribuição esférica e simétrica, a partir do centro da galáxia, como o artista as colocou na gravura e proporcionariam muita da força gravitacional que mantém unida a parte visível da mesma galáxia. Poderemos especular que se trata de partículas massivas que interagem fracamente sobre a matéria comum (bariónica), mas fortemente entre si.)

O mistério da massa em falta no Universo, poderá começar a ser revelado à medida que os astrónomos do Reino Unido ajustem os seus sensíveis detectores, para a pesquisa de "Matéria Negra", situados a 1100 metros de profundidade nos planaltos de North Yorkshire, tendo em vista a detecção de “Partículas Massivas de Interacção Fraca” (WIMPs), principais candidatas ao mistério da massa em falta no Universo.

Embora provavelmente biliões de WIMPs passem por nós em cada segundo, estas dificilmente interagem com a matéria comum o que faz com que sejam extremamente difíceis de detectar. Numa amostra de um quilograma de material, menos de uma WIMP por dia atingirá o núcleo de um átomo, obrigando-o a recuar ligeiramente. Os detectores têm por missão captar este recuo e registá-lo. Quando uma WIMP colide com o núcleo de um átomo, ela "empurra-o" para trás e a energia libertada pelo átomo, devido a este recuo, pode ser detectada de uma de três maneiras, dependendo do material do detector:

- poderá ocorrer um ligeiro aumento de temperatura, ou a libertação de carga eléctrica (ionização), ou ainda a libertação de um fotão – luz - (cintilação). É também possível que mais do que um destes efeitos ocorra simultaneamente.

Como este fenómeno acontece muito raramente, os detectores poderiam também registar muitas outras reacções: tais como raios cósmicos a atingirem o material, ou radioactividade natural. É por isso que os detectores estão situados a 1100 metros no subsolo, porque a Terra absorve a maioria das partículas exteriores (como os raios cósmicos vindos do espaço) e as paredes da mina de sal oferecem ainda uma protecção adicional, por serem muito pobres em radioactividade natural.

Fontes:

GOOGLE e ASTRONOVAS ( Publicação do Observatório Astronómico de Lisboa - Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa)

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16 Comentários:

Às 25 julho, 2007 17:58 , Anonymous Anónimo disse...

COmo sempre , peter,um prazer ler os teus artigos:)


beijo cheios de calor do algarve
Lucia

P.S
Tenho um agradecimento personalizado a uma pessoa no blog, pk n passas por lá e les?:)

 
Às 25 julho, 2007 21:17 , Blogger Paula Raposo disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
Às 25 julho, 2007 21:55 , Blogger Papoila disse...

Peter:
Fiquei literalmente siderada com a leitura deste artigo. Saber que quase desconhecemos 90% do Universo, é esmagador.
Beijo

 
Às 25 julho, 2007 22:48 , Blogger Peter disse...

"papoila"

Finalmente, o primeiro comentário sobre o artigo. Admito perfeitamente que o assunto não interesse também a 90% das pessoas que lêm o blog.
Mas é um assunto que me interessa e eu não escrevo só para os outros, escrevo também e principalmente para mim.

Mantenho contactos com a NASA, o OAL/FCL e outras organizações de carácter científico, daí aquilo que tentei expor, numa linguagem simples (suponho) ser baseado em fontes fidedignas.

 
Às 25 julho, 2007 23:32 , Blogger Nilson Barcelli disse...

O que ainda está por descobrir...
Mas, segundo descoberta recentes que tiveram a participação de cientistas portugueses, o universo está a expandir-se cada vez mais depressa.
O tempo urge, por isso.
Há dias, num programa do cabo, ouvi que a distância da Lua à Terra já foi muito menor (cerca de 15 vezes) e que as marés, nessa época, teriam 2 a 3 km de amplitude.
Abraço.

 
Às 26 julho, 2007 00:22 , Blogger vieira calado disse...

Meu caro confrade, amante de astronomia:
Somos poucos, mas bons!
O pessoal, geralmemte, interessa-se mais pelo toto... isto, tótó aquilo...

 
Às 26 julho, 2007 00:46 , Blogger António disse...

Olá, Peter!
Como escrevi no meu último post, estou em Pausa (ou férias) de blog.
Voltarei, mas quando me der na real gana.
Percebido?

Abraço

 
Às 26 julho, 2007 07:09 , Blogger Peter disse...

Nilson, é agradável para mim ouvir-te falar desses assuntos, como agradável é visitar o teu blog, o que faço sempre com o maior prazer.

De facto, parece ser assim: quanto mais distantes estão as galáxias, maior parece ser a sua velocidade de expansão. Mas atenção, as galáxias não se expandem. Numa comparação grosseira, se tiveres um balão e nele assinalares com uma caneta de feltro vários pontos, representando galáxias, à medida que enches o balão, elas vão-se afastando umas das outras.

Quanto à Lua e à sua origem é um assunto interessante, que merece um post.

Abraço e obrigado pela tua visita e comentário.

 
Às 26 julho, 2007 07:19 , Blogger Peter disse...

Vieira Calado, pois é, mas também escrevemos para nós e nem toda a gente gosta de poesia, como nem toda a gente gosta de Cosmologia. Eu, por sinal, até gosto das duas coisas, embora no que diz respeito ao primeiro assunto me limite a lê-la, enquanto que, quanto ao segundo, procuro aprofundar os meus conhecimentos.

 
Às 26 julho, 2007 07:23 , Blogger Peter disse...

António, é sempre um prazer receber-te no meu blog, como será um prazer renovado voltar a ler as tuas histórias.

 
Às 26 julho, 2007 16:51 , Blogger Lúcia Laborda disse...

Realmente desconhecemos muito do universo que nos abriga. Mas importante termos a oportunidade de ler artigos que nos deixa uma colaboração importante.
Bjs

 
Às 26 julho, 2007 18:44 , Blogger António disse...

Olá, Peter!
Confesso que fiquei um pouco descoroçoado ao ler o texto porque nunca tinha ouvido falar em massa que falta no universo.
E confesso que ainda estou baralhado...eh eh.

Abraço

 
Às 26 julho, 2007 18:49 , Blogger António disse...

Penso que um comentário que ontem me deixaste ficar no post "Pausa", de facto, não foi escrito por ti.
Aliás o link leva para outras bandas.
Se tiveres oportunidade, dá lá um salto.

Abraço

 
Às 26 julho, 2007 21:35 , Blogger Manuel Veiga disse...

uma vertigem... para um "terráquio" como eu sou!

... e no entanto o "universo" move-se!

abraços

 
Às 26 julho, 2007 21:55 , Blogger Peter disse...

António, o comentário foi escrito por mim.

 
Às 27 julho, 2007 01:26 , Blogger Peter disse...

Matéria Negra

"Os astrónomos acreditam que uma quantidade significativa do Universo é constituída por uma misteriosa «matéria negra». Invisível aos "olhos" de qualquer instrumento, pode ser detectada pelo efeito que a sua gravidade tem na matéria visível. A matéria negra é normalmente encontrada num enorme halo em torno de galáxias."
(…)
A presença de matéria negra no Universo pode ser inferida através da observação da rotação das galáxias e medindo o quão depressa se movem as suas componentes visíveis. A quantidade de matéria existente numa galáxia determina a força gravitacional necessária para a manter coesa. Os astrónomos
já observaram galáxias onde o material se move tão depressa que deveria dispersar-se pelo espaço. Como tal não acontece, tem de haver uma força gravitacional a actuar mais forte que aquela que se pode contar apenas com a
presença da matéria detectável. Isto levou os astrónomos a acreditar que existe mais matéria que a observada - a massa desta «matéria negra» pode ser
calculada através da força gravitacional que tem de actuar para manter a galáxia coesa."

(in astronovas – Observatório Astronómico Lisboa/Faculdade Ciências Lisboa)

 

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