quarta-feira, agosto 19

o que eu não esperava...

Antes de mais tenho que pedir desculpas aos colegas de blogue por estas ausências. Detesto não falhar a compromissos mas... enfim... às vezes não volta a dar. Por mais que rebusque no pobre cérebro não consigo seleccionar matéria, tantas são as ganas.

Mas cá vamos que já é tarde.
Só mais um pouco. Um gole na água mineral, um cigarro... pois, já cá faltava... o isqueiro...
zás...

Tenho assistido com algum interesse ao decorrer das viagens alucinantes da política caseira. Nada a dizer. A malta comporta-se como seria de esperar.
Aos horrores do desemprego e do consumo e do desfalecer da economia - nada que já não tenha aqui sido dito e bem - junta-se a falta de alternativas.

Para breve vem a dor de cabeça das compras dos livros e dos cadernos e lápis e ténis e... etc. etc.

Como se não bastassem estes verdadeiros incómodos, ainda há que lidar com as incompetências directivas no trabalho, a falta de visão institucional das organizações – públicas e privadas – e ainda com a palermice de gente sem ter com que se preocupar a não ser com o mal estar do próximo.

Conheço um indivíduo que cuja preocupação é dar cabo da cabeça ao ex-marido da companheira e, ainda por cima, servindo-se do filho que já morava onde ele mora agora.
Por mais que amigos e familiares tenham tentado pôr tento na certamente pouca massa acinzentada que possui, o rapaz insiste em arruinar a vida que tem e, com ela, a dos outros.

A criança acaba por se sentir perdida neste mar de imbecilidade colectiva. Uns porque não têm a capacidade de dar um fim a isto, às instituições porque demoram um ror de tempo a encontrar soluções, ao próprio porque, sabe-se, não desiste de uma atitude que a curto prazo irá originar alguma tragédia.

Ficam-me na cabeça duas frases da criança:
“Sabes? O A. Já não gosta de mim…”
“O A. Diz que vai matar o pai T.”

As crianças, já vítimas dos divórcios, vêm-se assim confrontadas com egos mal amanhados, com problemas de afirmação de virilidade de adulto que pouco ou nada faz para ocupar o espírito, a não ser com a desconfiança e o ciúme idiota.
Como se fôssemos propriedade de uns e de outros.

Agora digam-me lá: como podem os judeus ter paz com os muçulmanos e estes com os cristãos e mais os esquerdistas com os direitistas e etc.?
Como podemos acreditar no tal futuro melhor se há todos os dias, notícias verdadeiras, sobre estas verdades que fazem as notícias dos jornais e das televisões?

É com tristeza que cada dia que passa vejo a minha objecção de consciência perder terreno.

E se um dia destes eu perder a cabeça?

8 Comentários:

Às 19 agosto, 2009 02:36 , Blogger Miss P disse...

As crianças...no fundo,acho que muitos adultos continuam a achar que no fundo eles não se lembrarão de nada no futuro e por isso,toca a usa-las como "armas de arremeço"...elas pelo contrário,sentem tudo, com a máxima intensidade,sem defesas,sem saber sequer que se deviam defender, ou como o fazer...são mais sensiveis ,assim como perspicazes.
Só me pergunto,essas pessoas amam os seus filhos?Não podem...mas deviam...porque são na sua inocência seres preciosos e únicos!
:D

 
Às 19 agosto, 2009 22:02 , Blogger Peter disse...

Meu caro ant

O assunto que abordas é muito pertinente:
- Normalmente, no que respeita à atribuição do "poder paternal" o juiz atribui-o à mãe e fá-lo em face dos relatórios das assistentes sociais que, em muitos casos, deixam muito a desejar, por várias razões que não vou agora dissecar.
Os chamados "pais Batman" é um movimento que nasceu em Inglaterra e que é formado pelos pais a quem as ex-mulheres impedem de ver os filhos, utilizando os mais diversos expedientes, chegando ao ponto de irem viver para a Austrália. Assim se vai passando o tempo, com expedientes dilatórios, tirando aos pais a possibilidade de acompanharem o crescimento dos seus filhos.

E fico por aqui, pois muito haveria a dizer, até porque o "juguete" é a própria criança.

 
Às 19 agosto, 2009 23:07 , Blogger Ant disse...

Patrícia, na verdade o que é chocante é quando o pai é maltratado por um tipo que diz gostar da criança.

Peter, com as crianças a serem moeda de troca desta maneira que havemos nós de fazer?
Depois, quando a coisa dá para o torto dizem: como é possível, um rapaz tão calmo e fazer uma coisa destas...
E lá vai mais um tipo preso porque teve que se defender ou porque perdeu as estribeiras de vez.

 
Às 19 agosto, 2009 23:31 , Blogger Manuel Veiga disse...

pungente o que tão bem descreves...

abraço

 
Às 20 agosto, 2009 23:43 , Blogger alf disse...

AS nossas cabeças desatinam com uma facilidade insuspeitada em situações de stress; e quem sempre viveu em stress, tem um novelo tal na cabeça que dificilmente se endireita.

Além disso, são multidão as pessoas dominadas por instintos territoriais ou de posse. Não conhecem outro tipo de expressão de afecto que não seja através da posse. «amo o que é meu e não amo o que não é meu». Seja o carro ou a mulher ou o filho. E «o que é meu não é de mais ninguém», porque, doutra forma, como teriam a certeza de ser dele?

é por isso que muitos homens não deixam a mulher guiar o carro do casal - porque é «dele», se ela o guiar ela já não poderá «amar» o carro porque já não é dele, a posse não se partilha.

E é por isso que muitos homens não deixam as mulheres terem vida própria, contas bancárias próprias, etc.

E também há muitas mulheres que só querem um homem assim, que seja dono delas; o pior é que frequentemente acasalam desencontradamente....

As guerras com os filhos são guerras de posse, de luta pela propriedade; iguaizinhas às guerras que se estabelecem sempre que há uma herança.

Ora quase sempre que há uma herança que se veja, surge um conflito, não é verdade? Quando há interesses em jogo, os nossos instintos estalam o verniz e a educação e revelam a nossa base de predadores.

é por isso que para gerir as humanas sociedades os políticos têm de recorrer às Igrejas, às Religiões-de-Estado, às «mentiras convenientes»...

Se as pessoas aprenderem de pequenos a terem mais confiança umas nas outras, as coisas podem ficar muito melhores; para isso é preciso uma sociedade com muito menos miséria.

Bem, foi um desabafo... este problema ocupa-me há muito tempo...

 
Às 24 agosto, 2009 10:23 , Blogger Ant disse...

alf estás certo.

 
Às 24 agosto, 2009 11:49 , Blogger Marta Vinhais disse...

Texto poderoso, Ant e aplica-se a quase tudo...
No fundo, o que está aqui em causa é a falta de auto-estima e por isso, a resposta é atropelar os outros, provocar, dominar, etc..
Uma tristeza...
Beijos e abraços~
Marta

 
Às 24 agosto, 2009 15:17 , Anonymous Anónimo disse...

De uma forma ou de outra todos perdemos a cabeça mais vezes do que desejaríamos, apesar de sabermos que não é por aí...

Grande parte da informação recebida (95%) chega através dos orgãos sensoriais de distãncia: visão e audição, pelo que sem cabeça... estás a ver.

Não estou a brincar, estou a aliviar um pouco a situação que é realmente grave.

Lembrei-me do filme "A Vida é Bela"
não que tenha gostado particularmente do filme, mas porque penso que pode ser uma estratégia para ajudar os filhos a lidar com situações dificeis de resolver (dificeis porque dependem da má formação, insegurança e maldade de outros). Uma vez que é muito difícil mudar os outros o melhor é criar estruturas para os tentar compreender e conseguir contornar a situação, tentando que a mesma não deixe muitas sequelas.

Beijo
Camila

 

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