sexta-feira, agosto 14

Finanças

Ontem à tarde recebi uma carta das Finanças e fiquei logo a tremer, pois lembrei-me daquele sujeito que estava impedido de receber milhares de Euros de reembolso por se encontrar como devedor de 0,01 €.
Claro que dormi mal a noite, sonhando com "dízimas", judeus cobradores de impostos, sei lá, até me fui lembrar não sei porquê, do "direito de pernada" ...

Levantei-me cedo e resolvi abandonar a Tshirt e vestir casaco e gravata para ser melhor tratado. Pura ilusão. Depois de andar cerca de 1h a calcorrear Lisboa à procura da respectiva Rep lá a encontrei. Fui recebido com uma senhora que devia de sofrer de azia e que me perguntou, com a correspondente acidez:
- “ O que é que o senhor quer?”
Timidamente lá lhe disse que tinha recebido aquela carta ontem.
- “Deixe cá ver”, disse-me para logo acrescentar: “isto não é aqui”.
- “Mas foram os senhores que a mandaram.”
- “Nós? Eu não lhe mandei nada.”

Cheio de paciência, disse à senhora:
- “Está bem, não foi a senhora, foram as Finanças (entidade abstracta, que não culpabiliza nenhum dos seus”).
- “Mas isto refere-se a 2005”, disse-me ela, do alto da sua sabedoria.
- “Desculpe” disse-lhe, “mas é referente a 2004”.
- “Onde é que viu isso?”
- “Aí, no assunto”.
Relutantemente admitiu que sim, para logo voltar a acrescentar que “não era ali”.
- “Então onde é?”
-“Não sei. Olhe, vá aqui, depois ali e depois além …”

Nesta altura uma senhora que dificilmente conseguia sentar o traseiro, demasiado grande para a cadeira, disse-lhe:
- “Oh fulana, vou ali beber um café e comer uns bolinhos.”

Estava mesmo precisada, pensei eu… podia à vontade estar uma semana sem comer, que não morria. Por uma questão de estatística, tomei nota da hora de saída. Esteve ausente, exactamente 27 minutos. Produtividade …

Foi quando me “passei” e lhe disse:
-“Olhe, se julga que eu vou perder o meu tempo à procura do sítio para vos pagar, está muito enganada. Penhorem-me, levem a porcaria do carro, prendam-me, façam o que quiserem. Muito bom dia”.
-“Espere, vamos lá a ver” e começa a “debicar” no PC, resmungando: “nunca me entendi com estas modernices, o que vale é que só já faltam 3 meses para me reformar”.
- “Vê-se”, disse-lhe eu.
- “O que é que o senhor quer dizer?”
- “Que se vê que a senhora necessita mesmo dum merecido descanso.”

4 Comentários:

Às 14 agosto, 2009 12:46 , Blogger Joaquim Alves disse...

«Tudo com dantes, quartel general em Abrantes»!!!

Abraço amigo

 
Às 14 agosto, 2009 15:54 , Blogger Nilson Barcelli disse...

Nós, os portugueses, somos mesmo assim. Não seremos todos, mas a maioria...
Ou seja, não há "direito de pernada" que nos assuste, mesmo que estivéssemos na idade média... e, por isso, marimbamo-nos para os outros e para os seus interesses.
Um abraço.

 
Às 14 agosto, 2009 17:04 , Blogger Peter disse...

Lusitano

Nós que vamos aguentando "isto", somos tratados abaixo de cão.

VIPs, não aqueles/as que cobram para aparecer em festas, mas os que têm mesmo riqueza, têm ao seu dispor equipas de advogados, economistas e peritos em fiscalidade, do que resulta pagarem de impostos muito menos do que qq indivíduo da chamada "classe média", se, por acaso, esta ainda existe.

 
Às 14 agosto, 2009 17:37 , Blogger Peter disse...

Nilson

"O que fomos, não existe."

Quanta verdade...

 

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