quarta-feira, março 31

CERN iniciou colisão de protões


O grande acelerador de partículas do Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN) iniciou às 12h00 (hora de Portugal continental) as colisões entre feixes de protões, as primeiras criadas pelo Homem. A colisão entre dois feixes de protões que circulam em sentidos opostos, permite que estes, ao embaterem, libertem partículas mais pequenas, muitas das quais os cientistas apenas suspeitam que existem.
A colisão entre protões acontece a uma velocidade próxima da da luz, a 20 milhões de vezes por segundo e a uma energia de sete GeV * (equivalente a 280 mil milhões de baterias de carro).
A informação que produzem estas colisões é recolhida por quatro enormes detectores que constituem o LHC – o acelerador de partículas instalado pelo CERN, perto de Genebra e que é, na verdade, um túnel circular de 27 quilómetros, a 100 metros de profundidade.
O objectivo da experiência é recriar as condições de temperatura e de densidade energética semelhantes às que se terão registado na altura do “Big Bang”. Os primeiros resultados só deverão ser conhecidos dentro de alguns meses. Os cientistas pretendem fazer funcionar continuamente o acelerador de partículas durante os próximos 18 a 24 meses, com um curta pausa técnica no final de 2010.

O director-geral do CERN, Rolf Heuer, disse estar muito entusiasmado com o que chamou de “princípio de uma nova era para a física moderna”, de acordo com declarações às agências internacionais. “Com esta experiência, abre-se uma janela para a obtenção de novos conhecimentos sobre o Universo e o microcosmos”, sublinhou o director-geral. O CERN espera encontrar provas concretas de matéria negra, que os cientistas acreditam que compõe parte do universo, mas cuja existência nunca foi comprovada. “Se conseguirmos detectar e entender a matéria negra, o nosso conhecimento vai ser capaz de abranger 30% do universo, o que será um avanço enorme”, explicou.

(*) Giga electrões volt. Reparem no tamanho do homem na figura.

segunda-feira, março 29

Negócios

“Mário Lino e Armando Vara são candidatos a administradores da Cimpor. A escolha é da Caixa Geral de Depósitos, accionista de peso da cimenteira.
Vale a pena contar a história para percebermos como surgem estes nomes.
A Cimpor era uma empresa privada, com uma participação de peso do BCP e com um accionista de peso, de seu nome Manuel Fino.
Com a crise internacional, Manuel Fino viu-se aflito e conseguiu vender a sua posição à Caixa, sem que o banco publico tivesse grande interesse no negócio.
A ideia era mesmo ajudar o sr. Fino, provavelmente, por serviços prestados ao banco.
O mesmo sr. Fino tinha sido o aliado de peso de Joe Berardo, que, com um avultado empréstimo da mesma Caixa Geral de Depósitos, conseguiu uma posição accionista capaz de atacar a administração do BCP.
Quando o BCP e a sua administração já estavam de rastos, Berardo e os seus apoiantes lembraram-se de transferir para o BCP a administração da Caixa, com Armando Vara em lugar de destaque.
Agora, trata-se de encontrar uma administração de confiança para a Cimpor. Que nomes mais adequados do que os de Mário Lino e Armando Vara?
É por estas e por outras que as agencias de rating, que também conhecem os meandros dos nossos negócios, avaliam a nossa economia da maneira que avaliam.”

(Raquel Abecassis, in “Página 1” de 29/03/10)

sexta-feira, março 26

Problemas de impressão

Segundo o Expresso, o Libération (jornal diário francês liberal de esquerda) não saiu em Portugal na quinta-feira, 18 Março, devido a "problemas de impressão"…

Contudo, houve quem fosse à procura do jornal e … ... leiam lá isto!

O link é: http://www.liberation.fr/monde/0101625174-jose-s-crates-le-portugais-ensable

Pura coincidência…

quarta-feira, março 24

TGV


Técnicos do Governo deslocaram-se ao Paquistão para estudo do projecto do futuro TGV Lisboa-Madrid.

terça-feira, março 23

A VIDA

A vida são deveres que nós trouxemos pra fazer em casa.
Quando se vê já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, passaram-se 50 anos!
Agora, é tarde demais
para ser reprovado...
Se me fosse dada, um dia,
outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente
e iria jogando, pelo caminho,
a casca dourada
inútil das horas...

Dessa forma eu digo, não deixe
de fazer algo que gosta devido
a falta de tempo, a única falta
que terá, será desse tempo que
infelizmente não voltará mais.

Mário de Miranda Quintana – poeta, tradutor e jornalista brasileiro (Alegrete, 30JUL1906/Porto Alegre, 05MAI1994)

segunda-feira, março 22

Água na Lua


Até recentemente pensávamos que a Lua era o lugar mais seco do sistema solar. Isso foi até os relatórios começarem a chegar. Começando com estimativas de quantias escassa na superfície, depois com maiores quantidades numa única cratera, e agora um radar da sonda indiana Chandrayaan-1, encontrou 40 crateras de gelo de água perto do pólo norte lunar, cada uma no mínimo com 2 metros de profundidade e num total de 600 milhões de toneladas.

As crateras estão assinaladas a verde na figura e se a água que contêm fosse convertida em combustível para foguetões, teríamos o suficiente para lançar o equivalente a um “omnibus” espacial por dia durante mais de 2000 anos.

Talvez venha a ser a morada dos vindouros.

sábado, março 20

Casamentos gay

Em entrevista, o estilista Karl Lagerfeld afirmou não acreditar no casamento gay “por uma razão simples: nos anos 60 queriam ter direito à diferença e agora querem uma vida burguesa”.

sexta-feira, março 19

Cumprir Portugal

“Nos últimos dias, a discussão política no país tem-se feito em torno do Plano de Estabilidade e Crescimento e da má notícia que, no fundo, já todos esperávamos: vamos mesmo ter de pagar mais impostos.
O Governo põe pose de Estado e diz que não são mais impostos - é só o fim de privilégios de que goza a classe média. (*)
Mas a pior notícia para o país, por incrível que pareça, não é o aumento da carga fiscal, mas o ambiente de desânimo e de falta de esperança que o PEC, o Governo e o PSD nos trazem.
No fundo, realisticamente, o que desanima os contribuintes é o facto de saberem que estão a contribuir para um buraco sem fundo.
Ninguém promete um futuro de esperança aos portugueses e os mais jovens, os que ainda não pagam impostos, se quiserem ter um futuro, têm na emigração o destino mais do que certo.
É isto que os portugueses não perdoam aos que estão na política: a falta de esforço e empenho em tornar Portugal um país mais próspero e desenvolvido, onde seja possível ter um projecto de vida.
Já dizia Fernando Pessoa no século passado:
«Falta cumprir Portugal.»
Nestes tempos, mais do que antes, procuram-se políticos que nos prometam isto.”


(Raquel Abecasis, in “Página 1” de 15/03/10)

(*) - Devem estar a gozar connosco!

quarta-feira, março 17

A nova “jihad” trava-se na Europa e na América

Sob este título, Margarida Santos Lopes publicou no suplemento P2 do jornal “Público” de 06MAR10 um artigo extremamente interessante sobre o Islão.
Começando por se referir ao assassínio do cineasta Theo van Gogh, em Amsterdão em 02NOV04 por Mohammed Bouyeri, de 26 anos, cidadão holandês nascido de uma família proveniente de Marrocos e que teve como cúmplices dois irmãos holandeses-americanos, de 18 e 19 anos, convertidos ao Islão, o académico francês Olivier Roy, professor no European University Institute de Florença e autor de obras de referência, como “Globalised Islam” e “The failure of Political Islam”, recusa a teoria do “choque de civilizações” ou do “fracasso do multiculturalismo”, para explicar esse assassínio por muçulmanos ocidentalizados e convertidos e não por um muçulmano tradicional.

Van Gogh, profundamente anti-religioso, era uma figura controversa. Bouyeri, chocado com o documentário “Submissão” (título que é o significado da palavra árabe “islam”) uma denúncia da violência sobre as mulheres muçulmanas, alvejou o realizador com oito tiros de revólver, quando este saía de casa. Apesar de a vítima já estar morta, cortou-lhe a garganta, quase decapitando-o e deixou-lhe duas facas cravadas no tronco. Uma delas prendia cinco páginas dum texto em que ameaçava os Governos ocidentais e Ayaan Hirsi Ali, a somali que escrevera o argumento do filme.

A justificação dada por Bouyeri para matar o polémico cineasta foi a de que era seu “dever como muçulmano” e que “a jihad armada é a única opção” para os crentes porque “a democracia é uma violação do Islão, pois as suas leis não são as de Alá.”

(voltaremos ao tema)

terça-feira, março 16

Detidos responsáveis por vírus

A polícia espanhola prendeu três homens acusados de organizarem um dos maiores crimes informáticos de sempre: infectaram 13 milhões de computadores com vírus que roubavam os números dos cartões de crédito.
De acordo com duas empresas de segurança na Internet, que ajudaram as autoridades de Madrid, a “borboleta”, como foi designado o vírus, infectou computadores em 190 países, em casas particulares, agências governamentais, escolas.
Mais de metade das mil maiores empresas do mundo terão sido infectadas e, pelo menos, 40 grandes instituições financeiras.
Especialistas admitem que os custos para remover os programas malignos de 13 milhões de computadores podem ultrapassar as dezenas de milhões de dólares.

segunda-feira, março 15

COMUNICADO do Gabinete do 1º Ministro

Faz o Governo saber que, até nova ordem, tendo em consideração a actual situação das contas públicas e como medida de contenção de despesas, a luz ao fundo do túnel será desligada.

sexta-feira, março 12

Dói...


“Finalmente, a verdade. O Programa de Estabilidade e Crescimento põe fim à política da avestruz.
As receitas para sair da crise são as habituais. Todos seremos chamados a remediar o buraco das contas públicas. Como? Como sempre: pagando mais impostos e, se é caso disso, recebendo menos apoios sociais.
Os portugueses com ordenados acima dos 600 euros por mês e pensões acima dos 1600 vão entregar aos cofres do fisco entre 100 a 500 euros a mais, já no próximo ano.
À medida que os rendimentos crescem entregarão ainda mais. As mais-valias de bolsa passam, e bem, a pagar imposto. Mas os lucros da banca permanecem intocados.
O agravamento fiscal é certo para mais de 3,5 milhões de contribuintes. A redução das deduções por saúde e educação tem o mesmo efeito da subida das taxas.
O investimento público apresentado como o remédio certo para o crescimento e o emprego acaba adiado. Quem não tem dinheiro não tem TGV entre Lisboa e Porto (questão de bom senso!).
Anuncia-se a privatização de tudo o que resta (EDP, Galp, CTT…) na esperança de uma receita extraordinária capaz de reduzir a dívida pública. Mas as jóias vendidas a “pataco” não impedem o aumento da dívida em cinco pontos nos próximos dois anos.
E é isto que dói. Tanto sacrifício para chegar a 2013 com o desemprego acima dos 9%, a economia a afastar-se da Europa por mais quatro anos e a dívida a rondar os 90%.”

(Graça Franco, in “Página 1” de 10/03/10)

Os trinta países mais desenvolvidos e membros da OCDE estão condenados a atravessar um longo período de crescimento económico “modesto”, que será acompanhado por uma boa dose de “ansiedade”.
A OCDE garante que, se o pior já passou, a descida do nível de vida e do emprego persistirá por muitos anos.

Estamos “feitos”…

segunda-feira, março 8

A deusa visível


“Tão viva e ardente e tão clara
no ar em que ela ondula e treme
mais brilhante do que a luz e mais serena
não se adivinha não se imagina a deusa
que não vi e claramente vejo
dormindo no silêncio sem latidos.

Como dizer o que é mais claro do que a claridade
a visão nua de uma mulher na luz
mais completa e mais diurna
do que o dia?

A claridade apaga a claridade.”

(Poesia de António Ramos Rosa) - Botticelli – “O nascimento de Venus” (pormenor)

Lembrando o “Dia da MULHER”

domingo, março 7

HOMEM

“Homem tem que ser tratado como cabelo!
Num dia prende-se, noutro solta-se; num alisa-se, noutro enrola-se e corta-se quando é preciso”

(Juliana Paes, actriz)

quinta-feira, março 4

Desemprego entre licenciados

Na semana passada, um jornal britânico, que julgo ter sido o “Sunday Times”, abordava o problema do desemprego não cessar de aumentar entre os recém-licenciados britânicos. Dois números chocavam e alertavam a opinião pública:
- uma em cada 5 pessoas em idade de trabalhar não tem emprego;
- dos 1,7 milhões de empregos criados desde 1997 no Reino Unido, 81% pertenciam a estrangeiros.

E o jornal comentava:

“Poder-se-ia pensar num declínio de civilização. Instalados na sua subsídiodependência, os britânicos já não teriam ambição e capacidade para singrar. A observação dos factos leva porém a outras pistas: após nove, 11 ou mais anos de escola, os jovens passam ao mercado de trabalho sem um mínimo de capacidades. Pior nem sequer revelam interesse pelo trabalho.
Num recrutamento, 52 candidatos foram chamados a uma entrevista para emprego. Mais de metade chegaram atrasados, 12 não traziam nada com que pudessem tirar notas para resolver um problema e os três seleccionados ficaram sem emprego em menos de 6 meses, por incompetência e falta de empenho.”

Fica evidente que as escolas estão a falhar na sua função. Não fabricam homens livres, capazes de fazer progredir as sociedade em que se inserem. Com esta Educação, não há hipóteses de um mundo melhor. Nem de uma vida melhor.

Lá como cá?

quarta-feira, março 3

SEGURANÇA

O vice-presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, Paulo Pereira de Almeida, conclui no “Barómetro segurança, protecção de dados e privacidade em Portugal", que ontem seria apresentado em Lisboa:

“É preciso relativizar os dados. Os portugueses, por norma, sentem-se relativamente seguros.”

Com um Observatório, pensei que devem estar a observar o país por um telescópio, pois mesmo sem ele todos vemos e sofremos na pele que, no que respeita à segurança, nos sentimos inseguros, sobretudo na rua.

Neste momento Portugal é um país pouco seguro, com 49% de insegurança, dos quais: 47,4% na rua, 64,3% em Faro (belo reclame para o turismo algarvio…) e 50,8% em Lisboa.
Parece que foram sondadas 800 pessoas. É demasiado pouco para justificar a existência de um Observatório, com Director, Sub-director, instalações, viaturas, mordomias, etc, etc etc. Bastava-lhes falarem com as pessoas que andam nos autocarros e no Metro.

segunda-feira, março 1

ORLANDO ZAPATA


A morte do dissidente Orlando Zapata, detido desde 2003, depois de 85 dias de greve de fome, acentua uma infeliz coincidência de circunstâncias diplomáticas internacionais.
Antes de tudo, é mais uma prova da natureza ditatorial e opressiva da face mais dura do “castrismo”. Desde 24 de Maio de 1972, depois do desaparecimento do líder estudantil Pedro Luis Boitel, que ninguém perdia a vida por ter deixar de ingerir alimentos num cárcere cubano.
Poucos cenários como a morte de Zapata podem resumir a incapacidade do regime dos irmãos Castro em colocar em andamento uma transição democrática em que os dissidentes não tenham, como agora, de escolher entre a cadeia e o silêncio. Poucas vezes resultou tão evidente que uma fórmula política, durante décadas respeitada e defendida por muitos sectores da esquerda, tenha perdido qualquer legitimidade por causa do cocktail suicida cubano, misto de sectarismo ideológico e completo fracasso de modelo económico.
O regime dos irmãos Castro nunca teve tempo de ouvir críticas ou, sequer, de perceber que podia pilotar uma reforma suave do sistema. Os sinais de compreensão e de promoção do diálogo interno sugeridos pelo exterior, e em particular pela União Europeia (relembro que em 1999, Jorge Sampaio e António Guterres foram os primeiros líderes políticos estrangeiros a reunir, em pleno território cubano, no coração de Havana, com líderes da dissidência interna) nunca foram interiorizados pela liderança cubana. Os gestos que, nos últimos meses, Barack Obama foi enviando de Washington vão, seguramente, ter o mesmo destino que os sinais de Bruxelas (ou, em bom rigor, de Madrid).
Há dois anos o discurso de Raúl Castro, na tomada de posse, criou expectativas de abertura. Depois de uma mão cheia de medidas de algum alcance simbólico – como autorizar aos cubanos possuir telemóveis ou frequentar hotéis – seguiu-se o vazio.

Não se registou abertura política, nem económica, mas sim mão dura contra os dissidentes.
Raúl Castro foi taxativo, em Dezembro último: “em Cuba não podemos correr os riscos da improvisação ou da pressa!”.