terça-feira, junho 30

MOSTEIRO DA SERRA DO PILAR

Do outro lado do rio, mas como que fazendo parte do Porto, habituamo-nos a ver o Mosteiro da Serra do Pilar nas diversas “view of the city of Oporto”, juntamente com pontes e cenários que já não existem; ou como silhueta em ruínas, cruelmente flagelada durante o Cerco, deixando as suas cicatrizes à vista durante décadas; ou em bonitas fotos aéreas de agora, mostrando a cidade imensa e a beleza das suas pontes, sempre com aquele inconfundível e dominador monumento circular, dono de uma visibilidade inexpugnável.

“…em 1542, alguns cónegos regrantes do Mosteiro de S. Salvador de Grijó, invocando a insalubridade dos ares da primeira fundação, haviam obtido autorização para se mudarem para o Monte da Meijoeira, frente ao Porto. Ao Mosteiro edificado veio chamar-se Santo Agostinho da Serra do Pilar.”(1) - Passa-se isto em 1598, início da construção da actual igreja – ao lado da primitiva capela, ainda viva e bem conservada - dada por concluída e benzida apenas em 1672.
É nessa altura que os crúzios de Santa Cruz de Coimbra, em solene procissão, mandam a espada de D. Afonso Henriques, que guardavam, para aqui ser exposta temporariamente como relíquia. Cento e sessenta anos mais tarde, durante o Cerco, os defensores da Serra bem precisaram de se lembrar do significado de tal gesto.

O claustro, mantendo a estrutura circular da Igreja, com as suas 36 colunas, é mesmo bonito. Quando ali se entra, tem-se a sensação de nunca se ter visto coisa igual: na verdade, é exemplar único na Península Ibérica.

O terreiro à volta do Mosteiro, agora vedado a trânsito automóvel, constitui um miradouro único para a cidade do Porto, abrangendo-a de nascente a poente, com uma intimidade como se coisa sua se tratasse. Restos do passado, é palco de uma antiga e concorrida romaria - a 15 de Agosto, o dia das romarias - onde não falta festa, farnéis e feirantes com foguetes à mistura.
––––––––––––––––––––––––––––––––
(1) Luís de Oliveira Ramos, História do Porto, pág. 308.

(O texto é um extracto do capítulo “ Tantas Igrejas fizeram os frades…” dum livro sobre o Porto que o meu amigo, Fernando Paiva, anda a escrever)

segunda-feira, junho 29

Sábias sentenças

"O trabalho fascina-me tanto que às vezes, fico parada a olhar para ele.

A mulher está sempre ao lado do homem, para o que der e vier; já o homem, está sempre ao lado da mulher que vier e der. Se fores chata as tuas amigas, perdoam; se fores agressiva as tuas amigas, perdoam; se fores egoísta as tuas amigas, perdoam. Agora experimenta ser magra e linda! Tás “feita”!

O amor é como a gripe, apanha-se na rua, resolve-se na cama!


A falta de sexo provoca amnésia e outras coisas de que agora não me lembro...

Portugal é um país geométrico: é rectangular e tem problemas bicudos discutidos em mesas redondas, por b… quadradas!

A diferença entre Portugal e a República Checa é que esta tem o governo em Praga e Portugal tem a “praga” no governo.

Não procures o príncipe encantado. Procura, antes, o lobo mau: ouve-te melhor; vê-te melhor e ainda te come.

Toda a gente se queixa de assédio sexual no local de trabalho. Ou isto começa a ser verdade ou então despeço-me!!!

O cérebro é um órgão maravilhoso. Começa a trabalhar logo que acordamos e só pára quando chegamos ao serviço.

O teu computador é como uma carroça:
tem sempre um burro à frente!!!

As hierarquias são como as prateleiras,
quanto mais altas mais inúteis.

Os trabalhadores mais incapazes são sistematicamente promovidos para o lugar onde possam causar menos danos: a chefia.

Qual a diferença entre uma dissolução e uma solução?
Uma dissolução seria meter um político num tanque de ácido para que se dissolva. Uma solução seria metê-los a todos.

Chocolate não engorda, quem engorda é você."

(recebido por e-mail)

domingo, junho 28

Medina Carreira em entrevista a Mário Crespo - 26-6-2009

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sábado, junho 27

Homens errados nos lugares errados

“João Goulão é presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência. Logo, pensamos nós, deveria zelar pela diminuição deste problema junto da população em geral e dos jovens em particular.
Errado. Para este senhor, quem na juventude não fuma charros é betinho e a melhor mensagem a passar é a de redução de danos e não a de evitar que a droga entre na vida de muitos jovens.
Duarte Vilar é presidente da Associação para o Planeamento Familiar. Supostamente, devia zelar para que a divulgação de medidas de planeamento familiar reduzissem idealmente para zero o número de abortos, legais ou ilegais, em Portugal.
Errado. Cada vez que são divulgados novos números sobre o aumento de abortos, como ainda recentemente aconteceu, este senhor festeja com declarações a sublinhar que a evolução está de acordo com as previsões já feitas pela sua associação.
São dinheiros públicos que sustentam o Instituto da Droga e Toxicodependência para que desenvolva políticas eficazes que mantenham os nossos filhos longe do mundo da droga.
E, apesar de não ser pública, a Associação para o Planeamento Familiar, vive de subsídios públicos e sustenta a sua actividade no fornecimento de serviços ao Estado que deveriam servir para tornar mais responsável a maternidade e diminuir ao máximo a tragédia e o trauma do aborto.
Tal como os professores, também o desempenho destes senhores deveria ser avaliado e, se houvesse rigor na forma como é usado o dinheiro dos nossos impostos, João Goulão e Duarte Vilar deveriam deixar de ser os homens errados nos lugares errados.”

(Raquel Abecasis, in "Página 1" de 22/06/2009)

sexta-feira, junho 26

Legalidade e bom senso

Dum modo geral, a terrível situação económico-financeira e consequentemente social, em que nos encontramos tem vindo a ser compreendida pela população (por nós, os pagantes) que, com mais ou menos protestos e com mais ou menos sacrifícios, somos obrigados a fazer-lhe face.
Mas quando se exige sacrifício, ele tem de tocar a todos e não apenas a nós, (os “outros”). O exemplo tem de vir “de cima” e os sacrifícios têm de ser suportados por TODOS. É impensável e inadmissível restringir direitos adquiridos e reformas e haver membros do Governo que recebem as suas pensões a que, legalmente, têm direito e ao mesmo tempo os seus salários como membros do Governo.
O bom senso aconselharia a que as pessoas em questão apenas recebessem os seus salários como membros do Governo, passando a auferir das respectivas pensões, quando cessassem as suas funções governativas. Ou que lhe dessem a escolher entre a pensão e o seu salário como membro do Governo.

Dir-me-ão, que os políticos estão mal pagos e que com essa medida não teríamos ninguém para exercer funções governativas. O Cemitério do Alto de S.João está cheio de “indispensáveis”, os “cérebros” colaboram mas recusam-se a assumir responsabilidades governativas (cá fora ganha-se mais …) e também para fazer o que têm feito, há por aí tanto desempregado jovem que era capaz de fazer bem melhor que esses “bonzos” que nos levaram à beira do abismo.

(Este “post”, escrito por mim, foi publicado em 04/06/2005, há 4 anos, portanto tirem as v/conclusões)

quinta-feira, junho 25

Uma história verdadeira

Um dia o filho pergunta ao pai:

"Papa, vens correr comigo a maratona?"

O pai responde que sim, e ambos correm a primeira maratona juntos.

Um outro dia, volta a perguntar ao pai se quer voltar a correr a maratona com ele, ao que o pai responde novamente que sim.

Correm novamente os dois.

Certo dia, o filho pergunta ao pai: "papa, queres correr comigo o Ironman? (O Ironman é o mais difícil...exige nadar 4 km, andar de bicicleta 180 km e correr 42 )

E o pai diz que sim.

Isto é tudo muito simples...até que se vejam estas imagens...fantástico!



Carrega aqui: http://www.youtube.com/watch?v=VJMbk9dtpdY



QUE GRANDE HOMEM... QUE GRANDE PAI...



Comovente, não é?

Por isso, tendo recebido esta história, resolvi publicá-la. É a minha homenagem e incentivo a este HOMEM.

É o existirem estes seres humanos, que me leva a acreditar na Humanidade e a desprezar toda essa "corja" que nos caiu em cima como uma "praga".

quarta-feira, junho 24

Estou farto dele!

Abre os telejornais. As TVs não se calam. Qualquer dia o 1º Ministro ainda vem protestar por ele ter mais tempo de antena. Ocupa as duas páginas interiores de jornais, tipo Correio da Manhã. Noticia-se a sua presença aqui e ali, cuscovilham-se todos os pormenores da vida do homem. Seguem-se todos seus passos. É uma glória nacional.

Neste país miserabilíssimo, até o vencedor dum campeonato mundial do jogo da “bisca lambida”, mereceria honras de 1ª página. Qualquer coisa serve para mostrar aos outros como somos bons, os melhores do mundo. Só isso salvará o nosso ego.

Não sei se é bom, se é mau. Quando vou ao futebol nunca conheço ninguém e estou sempre a perguntar ao meu filho, quem foi que meteu o golo. O que vale é que sou adepto dum clube que poucos golos marca…

O homem ganhou muito dinheiro? Que lhe faça bom proveito. Não tenho inveja nenhuma. As mulheres estão todas à espera dele, para saírem nos jornais, ganharem fama e proveito, monetário e sexual, pois parece que o homem também foi bem dotado pela Natureza.

O que é que ganhámos com isso? Futebolisticamente, em Portugal, nunca o vi fazer nada de especial. Julgo até que nunca marcou um golo pela selecção nacional. O melhor do mundo? Quanto a mim aquele “puto” que joga no Barcelona e do qual agora não me lembro o nome, mete-o no bolso, como sucedeu na final da Taça dos Campeões entre o Liverpool e aquele clube que brilhantemente a ganhou. Mal, por mal, ainda prefiro os "nhóis", aos "bifes".

Vão até à praia, nem que seja só aos fins de semana, para a Costa da Caparica, enfrentando os engarrafamentos, ou metam as “embambas” num saco de praia e vão de comboio. Não andem a fazer papel de rico, quando nem sequer têm dinheiro para a gasolina e esqueçam o homem.

O Min das Finanças ainda acaba por inventar uma taxa para lhe aplicar.

terça-feira, junho 23

Diz-me onde moras…

“Um dos grandes problemas da nossa sociedade é o trauma da morada.
Por exemplo. Há uns anos, um grande amigo meu, que morava em Sete Rios, comprou um andar em Carnaxide.
Fica pertíssimo de Lisboa, é agradável, tem árvores e cafés. Só tinha um problema. Era em Carnaxide.
Nunca mais ninguém o viu.
Para quem vive em Lisboa, tinha emigrado para a Mauritânia!
Acontece o mesmo com todos os sítios acabados em -ide, como Carnide e Moscavide. Rimam com Tide e com Pide e as pessoas não lhes ligam pevide.
Um palácio com sessenta quartos em Carnide é sempre mais traumático do que umas águas-furtadas em Cascais. É a injustiça do endereço.
Está-se numa festa e as pessoas perguntam, por boa educação ou por curiosidade, onde é que vivemos.
O tamanho e a arquitectura da casa não interessam.
Mas morre imediatamente quem disser que mora em Massamá, Brandoa, Cumeada, Agualva-Cacém, Abuxarda, Alformelos, Murtosa, Angeja… ou em qualquer outro sítio que soe à toponímia de Angola.
Para não falar na Cova da Piedade, na Coina, no Fogueteiro e na Cruz de Pau. (...)
Ao ler os nomes de alguns sítios – Penedo, Magoito, Porrais, Venda das Raparigas, compreende-se porque é que Portugal não está preparado para entrar na CEE.
De facto, com sítios chamados Finca Joelhos (concelho de Avis) e Deixa o Resto (Santiago do Cacém), como é que a Europa nos vai querer integrar?
Compreende-se logo que o trauma de viver na Damaia ou na Reboleira não é nada comparado com certos nomes portugueses.
Imagine-se o impacto de dizer "Eu sou da Margalha" (Gavião) no meio de um jantar.
Veja-se a cena num chá dançante em que um rapaz pergunta delicadamente
"E a menina de onde é?", e a menina diz: "Eu sou da Fonte da Rata" (Espinho).
E suponhamos que, para aliviar, o senhor prossiga, perguntando "E onde mora, presentemente?",
Só para ouvir dizer que a senhora habita na Herdade da Chouriça (Estremoz).
É terrível. O que não será o choque psicológico da criança que acorda, logo depois do parto, para verificar que acaba de nascer na localidade de Vergão Fundeiro?
Vergão Fundeiro, que fica no concelho de Proença-a-Nova, parece o nome de uma versão transmontana do Garganta Funda.
Aliás, que se pode dizer de um país que conta não com uma Vergadela (em Braga), mas com duas, contando com a Vergadela de Santo Tirso?
Será ou não exagerado relatar a existência, no concelho de Arouca, de uma Vergadelas?
É evidente, na nossa cultura, que existe o trauma da "terra".
Ninguém é do Porto ou de Lisboa.
Toda a gente é de outra terra qualquer. Geralmente, como veremos, a nossa terra tem um nome profundamente embaraçante, daqueles que fazem apetecer mentir.
Qualquer bilhete de identidade fica comprometido pela indicação de naturalidade que reze Fonte do Bebe e Vai-te (Oliveira do Bairro).
É absolutamente impossível explicar este acidente da natureza a amigos estrangeiros ("I am from the Fountain of Drink and Go Away...").
Apresente-se no aeroporto com o cartão de desembarque a denunciá-lo como sendo originário de Filha Boa. Verá que não é bem atendido. (...) Não há limites. Há até um lugar chamado Cabrão, no concelho de Ponte de Lima!
Urge proceder à renomeação de todos estes apeadeiros.
Há que dar-lhes nomes civilizados e europeus, ou então parecidos com os nomes dos restaurantes giraços, tipo Não Sei, A Mousse é Caseira, Vai Mais um Rissol. (...)
Também deve ser difícil arranjar outro país onde se possa fazer um percurso que vá da Fome Aguda à Carne Assada (Sintra) passando pelo Corte Pão e Água (Mértola), sem passar por Poriço (Vila Verde), e acabando a comprar rebuçados em Bombom do "Bogadouro"¹ (Amarante), depois de ter parado para fazer um chichi em Alçaperna (Lousã).

¹ - Bogadouro é o Mogadouro quando se está constipado!!! "

(Miguel Esteves Cardoso)

Nota:
Houve quem protestasse por eu ontem não ter postado a habitual anedota das 2ªsF. Saiu hoje este texto com o humor cáustico do MEC. Espero que ele não me venha cobrar Copyrights, até porque há muitos anos fomos colegas numa cadeira de opção do então Curso de História da FLL.

segunda-feira, junho 22

Foleiros & doutores


Terminaram as chamadas "Queimas 'das Fitas" e salvo raras excepções, o balanço foi o do costume:
alarvidade+Quim Barreiros+garraiadas+comas alcoólicos.
No antigo regime, os estudantes universitários eram pomposamente designados de "futuros dirigentes da Nação". Hoje, os futuros dirigentes da Nação formam-se nas "jotas" a colar cartazes e a aprender as artes florentinas da intriga e da bajulice aos poderes partidários, enquanto à Universidade cabe formar desempregados ou caixas de supermercado.
A situação não é, pois, especialmente grave. Um engenheiro ou um doutor bêbedo a guiar uma carrinha de entregas com música pimba aos berros não causará decerto tantos prejuízos como se lhe calhasse conduzir o país.
Acontece é que muitos dos que por aí hoje já gozam como cafres besuntando os colegas com fezes, ou emborcando cerveja até cair para o lado, perseguindo bezerros e repetindo entusiasticamente "Quero cheirar o teu bacalhau" andam na Universidade e são "jotas". E a esses, vê-los-emos em breve, engravatados, no Parlamento ou numa secretaria de Estado (Deus nos valha, se calhar até já lá estão).

(Manuel António Pina – foto Peter)

domingo, junho 21



LÁPIDE

Luís Vaz de Camões.
Poeta infortunado e tutelar.
Fez o milagre de ressuscitar
A Pátria em que nasceu.
Quando, vidente, a viu
A caminho da negra sepultura,
Num poema de amor e de aventura
Deu-lhe a vida
Perdida.
E agora,
Nesta segunda hora
De vil tristeza,
Imortal,
É ele ainda a única certeza
De Portugal.


Miguel Torga

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sábado, junho 20

Hubble finds ring of dark matter


May 15, 2007: Astronomers using NASA's Hubble Space Telescope have discovered a ghostly ring of dark matter that formed long ago during a titanic collision between two massive galaxy clusters. The ring's discovery is among the strongest evidence yet that dark matter exists.
Astronomers have long suspected the existence of the invisible substance as the source of additional gravity that holds together galaxy clusters. Such clusters would fly apart if they relied only on the gravity from their visible stars.
Although astronomers don't know what dark matter is made of, they hypothesize that it is a type of elementary particle that pervades the universe.

This Hubble composite image shows the ring of dark matter in the galaxy cluster Cl 0024+17. The ring-like structure is evident in the blue map of the cluster's dark matter distribution. The map was derived from Hubble observations of how the gravity of the cluster Cl 0024+17 distorts the light of more distant galaxies, an optical illusion called "gravitational lensing".
Although astronomers cannot see dark matter, they can infer its existence by mapping the distorted shapes of the background galaxies. The map is superimposed on a Hubble Advanced Camera for Surveys image of the cluster taken in November 2004.

sexta-feira, junho 19

Classe média em perigo

“ ‘Adeus, classe média’, titulava domingo 31de Abril o suplemento de Economia do jornal ‘El País’. A classe média, pedra basilar do mundo ocidental, principal sustento do Estado-providência, está a ser fortemente atacada por esta severa crise. Os rendimentos estão em risco, os empregos desaparecem e as pensões de reforma são ameaçadas. Na Europa mais rica, os substitutos da classe média são os ‘mileuristas’ , jovens que, apesar de terem excelentes qualificações, não passam dos 1.000€ de salário mensal, normalmente em situações precárias. Nos países pobres da Europa, até os 1.000€ a recibos verdes parecem um sonho. A bitola portuguesa desta geração precária não andará longe dos 500 ou 600€.

Esta realidade geracional é facilmente visível. Muitas são as famílias em que os pais de 50/60 anos, atingiram um nível de vida decente de conforto, e os filhos sub-30, mesmo com mais qualificações não conseguem sequer ter a esperança de manter um nível de vida semelhante. Este empobrecimento lento é aterrador e constitui uma ameaça civilizacional.
O mundo que se desenha é mais injusto, mais inseguro e mais violento. E se os líderes políticos não tiverem vontade nem engenho para mudar as coisas, o chamado modelo social europeu pode desaparecer e a Europa tornar-se um imenso Haiti.”

(Este artigo foi escrito e publicado por Armando Esteves Pereira, Director adjunto do jornal Correio da Manhã, no dia 01 Junho. Pelo seu interesse, por me sentir um dos afectados, bem como os meus filhos e por essa situação se estender a muitos dos que lêem este blogue, mas que, por qualquer motivo não o tenham lido, resolvi publicá-lo, para o que peço a devida autorização.)

quinta-feira, junho 18

Mudança de nome

O menino Epaminondas era um complexado. Mas que raio de nome lhe tinham posto! Os pais bem se esforçavam por o consolar:
- "Que já o seu avô se chamara assim e que o pai fizera questão".
Mas nada o convencia. Ele bem tentava que lhe chamassem "Epá". Mas não pegava e assim se foi arrastando com aquele "peso" até à Faculdade, sempre gozado pelos colegas. Lá tirou uma licenciaturazeca. Lá se filiou num desses partidos que trocam entre si o Poder e depois de uns milhares de cartazes colados, acabou por obter o seu "job": passou a ser Subsecretário do Secretário de Estado do Ministro das Feiras e Mercados.

Como éramos conterrâneos, uma vez fui lá chateá-lo por causa dum lugar de venda de alfaces para uma prima minha, que veio ter comigo a Lisboa a ver se eu, já que tinha andado na escola com Sua Excelência, conseguia uma “cunha” para que a Câmara lhe passasse a referida licença.
Pus uma gravata e fui ao Terreiro do Paço, convencido que aquilo era “canja” e que daí a nada estaria a beber um cafezinho com o Epaminondas.

Pura ilusão …
Sua Exª mandou dizer-me pela Secretária:
- "Que não se lembrava de mim, mas que, uma vez que eu dizia sermos conterrâneos, poder-me-ia receber daí a seis meses."
Lá falei com a minha prima e, passados seis meses, pus novamente a gravata e fui falar com a Excelência Excelentíssima.

Mandou-me entrar para o seu gabinete, que era maior que o meu T1, precisamente quando estava a "mandar vir" com a Secretária.
Que ela era uma incompetente, que dactilografara "estaremos", em vez de "estare-mos", etc e tal.
Ela bem se esforçava por se defender:
- "Sr Doutor para aqui, Sr Doutor para ali" ...
Mas em vão. O Sr Doutor permanecia irredutível. Era “estare-mos”, porque ele é que sabia e por isso é que tinha sido nomeado para aquele cargo de alta responsabilidade e confiança do Governo.

Quando o "temporal" amainou, lá me decidi timidamente a expor ao que vinha:
- "Vê lá tu, ó Epaminondas ..."

Fui de imediato interrompido:
- "Epaminondas? Onde diabo "foi" arranjar esse nome? Faz favor trate-me por Senhor Doutor, como toda a gente e acabou-se já a conversa!"

Claro que quem se lixou foi a minha prima, porque eu o mandei à m…

terça-feira, junho 16



Por alto, e de modo intermitente,
segui a audição parlamentar
ao Governador do Banco de Portugal.

Aprecio o modo persistente
como defendeu a deontologia
do seu cargo, asseverando
terem sido cumpridas
todas as disposições
da lei na supervisão
dos bancos.

Contudo, ao contrário dele,
eu, pessoal e politicamente,
apresentaria a minha demissão,
logo após me ter defendido
- se tivesse a sua competência -,
como ele o fez.

Isto porque gostei do exemplo
do Jorge Coelho quando a ponte
de Castelo de Paiva ruiu.

Toda a engenharia civil de estradas e pontes
é da tutela técnica responsabilidade política
do Ministério dos Transportes. Ninguém acusou
o ministro de culpado do desastre, também
Constâncio não roubou ninguém e cumpriu
a lei; porém, o descalabros da roubalheira
ocorreu sob a sua tutela e supervisão.
Pessoal e políticamente ficar-lhe-ia
bem seguir o exemplo de Jorge Coelho.

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segunda-feira, junho 15

Spray


Uma destas noites encontrei aqui pelos Allgarves uma conhecida, com cara de chateada.
- O que te aconteceu? Anda daí beber um copo.
- Onde queres ir?
- Ao sítio do costume, sabes bem que sou conservador.
Fomos. Eu pedi um Glenfiddish e ela um Baileys com uma pedra de gelo. Depois contou-me a história.
No dia anterior tinha ido sozinha a outro bar, pois andava com o spleen.
Encostou-se ao balcão a beber uma Margarita e foi então que o viu, lá ao fundo, sentado a uma mesa com outro gajo. Era um tipo conhecido, que vivia num barco e com quem ela o ano passado dera umas voltas.
- Umas voltas?
- Umas voltas na cama.
- Ah!
- Fui ter com ele e o parvalhão olhou para mim como se nem sequer me reconhecesse. Senti-me humilhada.
-Imagino.
- O imbecil convidou-me a sentar-se e apresentou-me ao amigo, que se chamava Joe e que tinha acabado de fazer um estágio sobre a necessidade de criar um espaço próprio, etc, etc... Depois levantou-se e saiu.
Então pensei que era melhor o Joe do que ficar pr’áli sozinha, a trincar aperitivos e fui com ele. O Joe tinha um apartamento porreiro com vistas para a Meia Praia, mas era completamente flipado por ecologia.
- Assim que fumámos um charro começou a falar sobre a salvação das baleias e os aerossóis de higiene feminina que lixam a camada de ozono.
- O quê?
- As latas de spray que as mulheres utilizam na sua higiene íntima, quando bem lhe apetecer, com camada de ozono ou sem camada de ozono.
- E ele?
- Ele disse que lá porque eu tenho uma ideia estapafúrdia de que a minha … cheira mal, não é motivo para expor o resto do mundo aos raios ultra-violetas e ao cancro da pele.
- Que linda noite! E não aconteceu nada?
- Nicles. Disse que queria relacionar-se comigo como pessoa.
- E tu o que disseste?
- Disse-lhe que me levasse a casa. E sabes o que o fp respondeu?
- Lamento que tivesses utilizado o spray para nada!

(Este texto é pura ficção e foi escrito aqui no Algarve. Aproveitei “uma ideia” do conto “Connie e a noite do fiasco”, do livro “Histórias de São Francisco”, de Armistead Maupin, publicado pela “Gótica”, Lisboa 2002. Daí não o ter metido entre “aspas“. Foto do GOOGLE)

domingo, junho 14

Uma surpresa para
os que não conheçam:


Saíra Santo António do convento
a dar o seu passeio costumado
e a decorar num tom rezado e lento
um cândido sermão sobre o pecado.

E andando andando sempre repetia o seu
o seu divino sermão piedoso e brando
e nem notou que a tarde escurecia
que vinha a noite plácida baixando

E andando andando achou-se num outeiro
com árvores e casas espalhadas
que ficava distante do mosteiro
uma légua das fartas, das puxadas.

Surpreendido por se ver tão longe
e fraco por haver andado tanto
sentou-se a descansar, o bom do monge
com a resignação de quem é santo.

O luar! um luar claríssimo nasceu
e num raio dessa linda claridade
o menino Jesus baixou do céu
e pôs-se a brincar com o capuz do frade

Perto, uma bica d'água sussurrante
juntava o seu murmúrio ao dos pinhais.
Um rouxinol ouvia-se distante,
o luar mais alto iluminava mais.

De braço dado para a fonte
vinha um par de noivos todo satisfeito.
Ela trazia ao ombro a cantarinha
Ele trazia o coração no peito.

Sem suspeitarem que alguém os visse
trocaram beijos ao luar tranquílo.
O menino porém ouviu e disse:
«Ó Frei António, o que foi aquilo?»

O Santo, erguendo a manga do burel
para tapar o noivo e a namorada
mentiu numa voz doce como o mel:
«Não sei que fosse, eu cá não ouvi nada.»

Uma risada límpida, sonora
vibrou em notas de oiro pelo caminho
«Ouviste, Frei António, ouviste agora?»
«Ouvi Senhor, ouvi... ah, eh ... é um passarinho!»

«Tu não estás com a cabeça boa.
Um passarinho! a cantar assim!»
E o pobre Santo António de Lisboa
calou-se embaraçado, mas por fim

corado como as vestes dos cardeais
achou esta saída redentora:
«Se o menino Jesus pergunta mais
faço queixa a sua Mãe, nossa Senhora.»

E voltando-lhe a carinha contra a luz
e contra aquele amor... sem casamento
pegou-lhe ao colo e acrescentou:
«Jesus, são horas... » e abalaram para o convento


Augusto Gil

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quinta-feira, junho 11

NOVAS QUALIFICAÇÕES (CENTROS NOVAS OPORTUNIDADES)

Ø *Especialista de Fluxos de Distribuição* - (paquete)
Ø *Supervisora Geral de Bem-Estar, Higiene e Saúde*- (mulher da limpeza)
Ø *Coordenador de Fluxos de Entradas e Saídas* - (porteiro)
Ø *Coordenador de Movimentações e Vigilância Nocturna* - (segurança)
Ø *Distribuidor de Recursos Humanos *- (motorista de autocarro)
Ø *Especialista em Logística de Combustíveis* - (empregado da bomba de gasolina)
Ø *Assessor de Engenharia Civil* - (trolha)
Ø *Consultor Especialista em Logística Alimentar *- (empregado de mesa)
Ø *Técnico de Limpeza e Saneamento de Vias Públicas* - (varredor)
Ø *Técnica Conselheira de Assuntos Gerais* - (cartomante/taróloga)
Ø *Técnica em Terapia Masculina *- (prostituta)
Ø *Técnica Especialista em Terapia Masculina *- (prostituta de luxo)
Ø *Especialista em Logística de Produtos Químico-Farmacêuticos* - (traficante de droga)
Ø *Técnico de Marketing Direccionado *- (vigarista)
Ø *Coordenador de Fluxos de Artigos* - (receptador de objectos roubados)
Ø *Técnico Superior de Recolha de Artigos Pessoais* - (carteirista)
Ø *Técnico de Redistribuição de Rendimentos *- (ladrão)
Ø *Técnico Superior Especialista de Assuntos Específicos Não Especializados* - (político)

(recebido por e-mail)

segunda-feira, junho 8

The day after

Afinal fiquei em Lisboa para ir votar, o que fiz, adiando a minha saída em busca do Sol, para os feriados que se aproximam. Todos já sabem os resultados das eleições para o PE e o grande derrotado foi o Governo Sócrates, não o PS. Transcrevo algumas afirmações de Paulo Rangel, o grande vencedor:

“(…) os resultados destas eleições são "uma derrota pessoal do engenheiro Sócrates" pela forma como "se envolveu nesta campanha, de forma total", participando em iniciativas "a toda a hora".

Claro que o fez porque já previa o que ia acontecer, uma vez que apostara no “homem errado”.

Depois, Rangel disse que nestas eleições europeias "ficou claro que os portugueses não alinham com o projecto do PS" e que isso deve limitar as decisões do Governo (do de Sócrates, é bom esclarecer).

"Agora há lições políticas que o Governo tem de tirar e, portanto, está inibido de tomar decisões que retirem capacidade de manobra aos governos seguintes, até porque os governos seguintes, já hoje o podemos ver, vão ser de sinal muito diferente do Governo actual", declarou.

Claro que Rangel, com este aviso, tem um destinatário, que todos sabemos quem é. Mas as Legislativas não são as eleições para o PE, porque as pessoas sabem bem que é ali que se joga o seu destino e portanto as abstenções decrescem.
Mais uma vez ficou demonstrado que, contrariamente ao que muitos políticos julgam, o povo português não é estúpido e sabe muito bem o que quer.

Não pense o PSD que as irá ganhar sem dura luta, não pense o PS que as vai ganhar, embora sem maioria absoluta, claro, pois agora já não se trata duma votação PS “versus” PSD. O BE tem e cada vez mais, quer queiram, quer não, uma palavra a dizer, por isso o “sinal diferente” a que Rangel se refere, pode até nem ser “laranja”,como ele vaticina.

domingo, junho 7



««Imaginemos», escreve Vaclav Havel, «uma eleição
cujos resultados são em grande parte previamente
conhecidos e à qual se apresenta uma sucessão
de candidatos de notória incompetência.
Qualquer escrutínio pretensamente
democrático organizado dessa
maneira não poderá deixar
de ser classificado
como uma farsa.»


O antigo presidente checo não tinha aqui em mente
o Parlamento Europeu, mas sim o Conselho
dos direitos Humanos das Nações Unidas.
No entanto...»


Serge Halimi, "Simulacro Europeu" in
Le Monde Diplomatique,
edição portuguesa, Junho 2009.

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sábado, junho 6

Novo presidente do SCP


“José Eduardo Bettencourt venceu as eleições do Sporting por larga maioria. Segundo os números oficiais, divulgados depois das 2h30 deste sábado, o novo presidente leonino arrecadou 89.43 por cento dos votos.
10.142 sócios, correspondentes a 65.540 votos, elegeram Bettencourt como sucessor de Filipe Soares Franco na presidência do clube de Alvalade.”

Aqui já ganhei. Votei certo.

sexta-feira, junho 5

Decida-se!

"Quinze meses depois da saída de Oliveira e Costa do BPN, seis meses depois da nacionalização, os contribuintes tardam em saber quanto lhes custará a decisão. Nem o Banco de Portugal nem o Governo parecem preocupados em prestar-nos contas nesta matéria.
Mais escandalosa ainda é ausência de esclarecimentos das autoridades no caso BPP. Muitos clientes aparentemente vítimas de uma gestão ruinosa, além de verem congeladas as respectivas contas há mais de três meses, viram prolongada esta medida de excepção por mais noventa dias, numa decisão tão arbitrária quanto injustificada pelo Banco de Portugal. Para alguns, a ausência de solução configura uma tragédia, mas nem isso parece impedir a sobranceria com que continuam a ser vistos pelas autoridades.
Sabe-se que, desde segunda-feira, repousam nas Finanças os Planos de Solução a adoptar nos dois casos, e que contam com o respectivo aval dos reguladores, mas, aparentemente, o Governo receou dá-los a conhecer antes das eleições.
O receio não augura nada de bom sobre a excelência das soluções propostas.
Talvez nunca se possa vir a saber se a decisão de nacionalização do BPN defendida por Vítor Constâncio junto do Governo foi ou não a melhor solução. Os efeitos de uma eventual falência sobre todo o sistema seriam provavelmente bem mais devastadores do que os 2,5 mil milhões já “enterrados” nesta solução.
Mas, precisamente porque já pagámos pela manutenção da “confiança” esse preço escandaloso,não convêm continuar a desbaratá-la. Pior do que uma má decisão só mesmo a indecisão."

(Graça Franco, “Página 1” de 03/06/2009)

quinta-feira, junho 4

O mais caro de sempre

“(…). Não sei que mais asneiras Constâncio terá de exibir para ser forçado a desocupar a função. Deve ter sido o titular público cuja omissão em agir mais dinheiro custou a esta III República.”

(Carlos Abreu Amorim, “Correio da Manhã”, 03.06.2009)

Não comento. Como cidadão eleitor faço o meu juízo de valor.

quarta-feira, junho 3

Unidos como os dedos da mão.....

Ora eu que hoje até tinha a problemática das imigrações e suas consequências.

Eu, que até tinha algo de importante a expor.

eu que....


Bem, recebi este e-mail da direcção da organização onde trabalho, uma autarquia.

É bonito.

É bonito querer unir os trabalhadores em torno de um objectivo comum e de proporcionar o convívio são.

É bonito apelar à união.

Até porque em ano de eleições, sabe-se lá...

Certamente que todos os que foram beneficiados, e são alguns, estarão lá, juntamente com os que esperam vir a sê-lo.

Também os que têm medo de não ser vistos almoçarão.

E, sem qualquer dúvida, aqueles que aproveitam para ter uma refeição decente.


E chega de considerações. Venha lá o e-mail.

Espero que não façam a chamada.....















"Caros colegas

Como é já tradição vamos organizar o almoço dos trabalhadores do município a propósito do Dia da Cidade, sendo essa uma ocasião para assinalarmos com a nossa presença o nosso trabalho colectivo em prol dos objectivos de desenvolvimento, a nossa solidariedade interna nos processos que tornam possível o progresso e a qualidade de vida dos nossos concidadãos.

Deste modo, como vem sendo habitual, torna-se necessário, para além dos processos habituais de inscrição, procurar envolver todos os nossos colaboradores neste espírito, estimulando e explicando quanto é importante que estes momentos possam ser partilhados por todos quantos trabalham, afincadamente, para que possamos ser uma Câmara Municipal com prestigio pelos resultados alcançados e para os quais todos contribuem. São momentos de partilha, de convívio, de encontro e reeencontro que criam uma maior aproximação de todos nós e expressam a nossa coesão à volta dos grandes objectivos que orientam a actividade do Município.

Agradecemos pois, que cada um de vós, possa divulgar por todos os colaboradores este espírito por forma a termos um momento o mais participado possível.

Uma última nota pois, este ano, por razões que se prendem com os fornecimentos é muito importante garantir que quem de todo não esteja presente devolva impreterivelmente as senhas que entretanto já foram distribuídas.

Agradecia o vosso empenho para podermos levar em conta estas recomendações.

Cumprimentos"



(Foto tirada do google)

terça-feira, junho 2

PORTO - IGREJA DE SANTO ILDEFONSO


“A ermida de Santo Alifon/Ildefonso já vem referenciada desde o século XII - e quem pôs lá a primeira pedra soube bem valorizar aquela pequena elevação, no meio do deserto que era tudo à sua volta. O burgo portuense comprimia-se à volta da Sé, defendido pela Cerca Velha, estendendo-se lentamente em direcção ao rio e não para aqueles lados.
Nos fins do século XIV, quando as novas muralhas fecharam a cidade, a pequena ermida continuava isolada e do lado de fora, em frente à Porta de Cimo de Vila. E assim continuou durante mais quatro séculos, com o indesmentível mérito de guardar aquele lugar para a actual igreja paroquial da freguesia de Santo Ildefonso, entretanto criada. Abriu as portas em 1730.
Jorge Colaço (o mestre dos painéis da estação de S. Bento) cobriu-a em 1932 com 11.000 azulejos, conferindo-lhe um colorido abrangente que valorizou toda a Praça.
Agora, no vértice de 31 de Janeiro e Santa Catarina, no limite da Praça da Batalha, mantém todavia um certo distanciamento em relação ao bulício que a envolve. Em certa medida, como que respeitando o longo isolamento de outrora. Ali ao lado, mas do lado de fora.”

(Fernando Paiva, foto Peter)

segunda-feira, junho 1

Dia 1 de Junho - Dia da criança


“mas, as crianças, Senhor, porque lhes dais tanta dor?”

- Crianças que morrem de fome aos milhares no Darfur perante, como diria Camus: “a terna indiferença do mundo”.
- Crianças vítimas dos maus-tratos de familiares: violadas, agredidas, mortas.
- Crianças que fogem de casa para escaparem aos maus-tratos dos pais e que sobrevivem prostituindo-se.
- Crianças vítimas de predadores sexuais.
- Crianças raptadas e vendidas a redes de prostituição infantil.
- Crianças vítimas da guerra no Iraque, na Faixa de Gaza, ou em qualquer outro sítio do mundo onde haja conflitos.
- Crianças utilizadas como "bombistas suicidas", ou como "rebenta minas" avançando à frente dos combatentes.
- Crianças raptadas para serem utilizadas como combatentes.

(…)

Mas também e para muitos Pais responsáveis, é o dia em que talvez mais recordem aquele em que uma Justiça tradicionalista, atribuiu a custódia dos filhos menores à Mãe, deixando-os privados do convívio com os filhos e do acompanhamento do seu crescimento.
Felizmente que em Portugal já se verificam pequenas, pequeníssimas excepções, da parte de alguns juízes, que sabiamente e dentro da legalidade, sabem "distinguir o trigo do joio" e descartar o por vezes "sujo" negócio da "troca de tempo de afectividade paterna", por um aumento no dinheiro da pensão exigida pela mãe, à qual, em muitos casos, cabe grande parte da situação criada.

É também para esses pais responsáveis e sofredores, que eu escrevi este "post".

Dia 1 de Junho, dia da criança?

TODOS OS DIAS deveriam ser DIAS DA CRIANÇA.