quarta-feira, abril 29

Simulada a formação da primeira estrela do universo


Um super-computador permitiu que astrofísicos da Universidade da Califórnia, em San Diego, tenham conseguido uma simulação de como se terá formado a primeira estrela do Universo.
A simulação permitiu perceber que esta pode ter-se formado a partir do colapso de uma nuvem de hidrogénio e hélio, com massa 100 vezes mais compacta do que a do sol. Terá sido a partir deste ambiente (considerado dos mais simples de todos) que começaram a formar-se os elementos químicos que compõem o Universo.
Até agora, a forma como terão surgido as estrelas mais complexas tem gerado polémica entre os investigadores. Daí a importância da simulação, já que foi a partir desta primeira, que todas as outras composições estelares se terão formado.
Os astrofísicos concluem ainda que terão sido necessárias muitas gerações de estrelas (cada uma a processar resíduos deixados por outras e depois a distribui-los, graças às explosões estelares - supernovas) para que fosse possível produzir em abundância os elementos que se observam actualmente nas estrelas, e ainda gás e poeiras encontrados no Universo.
Só agora, graças aos super-computadores (que permitiram testar e combinar milhares de hipóteses e variáveis), é que foi possível chegar a algumas conclusões. Outros cálculos estão a ser feitos, para confirmar ou desmentir estas investigações.

terça-feira, abril 28

A cientista da electrónica transparente


Em 24 de Novembro falámos aqui do assunto em epígrafe:
Elvira Fortunato é a nossa medalha de ouro da Ciência. Sabiam?
Passou do anonimato a figura pública em 2008, ao ganhar o cobiçado prémio europeu em engenharia, atribuído pelo Conselho Europeu de Investigação: o 1º Prémio do European Research Council, na área da engenharia, com um atractivo suplemento de 2,5 milhões de euros – o maior valor atribuído em prémios científicos.
A cientista entrou assim para o grupo dos cinco melhores cientistas do mundo em electrónica transparente. Viu premiado o seu trabalho na área da electrónica transparente, mas são os projectos dos transístores transparentes e dos transístores em papel que lhe têm dado maior destaque.
Basta fazer uma pesquisa na net, nas palavras “paper transistor” e ver quantas páginas são dedicadas à descoberta desta cientista portuguesa. Este é um dos maiores inventos mundiais na área da nanotecnologia e pode ser um salto muito lucrativo para as indústrias de informação e entretenimento. O prémio europeu vem ajudar esta brilhante académica e a sua equipa científica a prosseguirem a investigação no CENIMAT (Centro de Investigação de Materiais que dirige há dez anos) da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

Ontem viemos a saber, através da leitura do “Página 1”, que é incompreensível ver governo e empresários a esbanjarem os escassos recursos que temos para tentar defender o indefensável, enquanto esta descoberta inovadora e milionária de um grupo de cientistas portugueses é pura e simplesmente ignorada no país que enche a boca com o “choque tecnológico”.
Vendo todas as portas fechadas em Portugal, os inventores dos já célebres e reconhecidos em todo o mundo “transístores de papel” venderam a patente a empresários brasileiros.

São exemplos destes que não deixam esquecer que “a crise” não é desculpa para tudo.
É a forma como se enfrentam os desafios que faz a diferença entre as economias dinâmicas e um país que sistematicamente prefere especializar-se no lucro fácil e em comprar aos outros, em vez de produzir com a riqueza que tem à mão.

segunda-feira, abril 27

Mobilizai-vos a favor dos sem-papel !


Finalmente, uma causa justa à qual aderimos sem reservas! Transmitam este apelo a todos os amigos e conhecidos, pensando que a situação poderá também acontecer-lhes. E porque não constituirmos um “Movimento de Cidadãos”?

domingo, abril 26




















«Vou-lhes contar um segredo: a vida é mortal.»

Clarice Lispector, Onde estiveste de noite,
Relógio dÁgua, p. 97

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sábado, abril 25

25 de Abril de 1974


Cartoon de João Abel Manta

"Esta é a madrugada que eu esperava
o dia inicial inteiro e limpo
onde emergimos da noite e do silêncio
e livres habitamos a substância do tempo"

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

Trinta e cinco anos depois do 25 de Abril a crise do sistema partidário é evidente. De acordo com um estudo da Eurosondagem para a Renascença, SIC e Expresso, a maioria dos portugueses não se revê nos actuais partidos.
Apesar disso, os portugueses não querem a criação de novas formações partidárias, defendendo, antes, a possibilidade de candidatura de independentes à Assembleia da República.

Deixo aos eventuais visitantes deste espaço a tarefa de o comentarem. Como não há censura prévia, podem fazê-lo da forma como entenderem, mesmo anonimamente.
Se se desinteressarem do evento em si, que gozem bem o feriado.

sexta-feira, abril 24

Não se pode antecipá-las?

Faltam seis meses – apenas seis meses – para as eleições legislativas, mas apetecia que fosse hoje.
É dia a dia mais cansativo este compasso de espera amargo, desesperançado e tosco para que o ciclo político mude. Ganhe quem ganhar, o país precisa de uma nova atmosfera que só as eleições ajudarão a criar. Com novos protagonistas ou com estes relegitimados.
O ar que se respira é escasso, muito escasso. O primeiro-ministro confessa sentir-se a arrastar uma cruz, a líder da oposição propõe que o enriquecimento ilícito seja crime e é desautorizada pelo seu primeiro vice-presidente; o Presidente da República insinua que Sócrates está a governar para as estatísticas, Sócrates responde que está farto de recados; o Procurador-Geral da República diz que anseia por quebrar o segredo de Justiça nos processos que envolvem poderosos, na banca não param os casos de polícia.
O primeiro-ministro diz que a televisão mais vista não faz jornalismo mas caça ao homem, o director da TVI chama-lhe cobarde; Cavaco faz um discurso importante no próximo sábado, Sócrates antecipa-se e vai à televisão pública mandar-lhe recados; os processos entre jornalistas e o PM não param, o Parlamento não consegue escolher um Provedor de Justiça.
O FMI não para de nos dar más notícias, o desemprego aumenta, o défice também; Cavaco acha que a política económica do Governo falhou e Sócrates não tem soluções novas. Vende o Magalhães e aumenta a escolaridade obrigatória ao 12º ano – boa notícia – mas as escolas dizem não ter condições para a cumprir.
Em Junho há europeias, mas ninguém quer saber. Há milhões que desconhecem Vital e Rangel. Para as legislativas faltam seis meses mas apetecia que fosse hoje. Não se pode antecipá-las?

(Ângela Silva,” Página 1” de 23 Abril)

quinta-feira, abril 23

Deixem-me falar da Maria João!

Recebi dum amigo este comovente e-mail:

Conheci-a há cerca de 5 meses! Arquitecta, excelente pessoa que conheci como cliente do M. M. e que imediatamente me sugeriu ser minha cliente particular. Arranjei-lhe os três Pcs que tinha e fui lá a casa para lhe configurar a Internet wireless e a impressora. Tornou-se minha amiga, bem chegada, e, chegou a propor-me fazer algo em comum e que englobasse a Arquitectura e a informática. A M. J. M. 43 anos, bonita, prestes a ir para o Brasil “fazer” um estádio de futebol, cheia de vida e sempre disposta a ajudar, acabou por ser enterrada hoje! Faleceu! Um cancro que lhe foi diagnosticado há duas semanas acabou por vitimá-la.

Estou triste! A última vez que falei com ela (há duas semanas) foi na véspera dum resultado que ela ia receber no “IPO”.
Ia propor-lhe um trabalho para o Algarve mas logo deparei, no inicio do telefonema, com uma voz chorosa, balbuciando “tenho cancro”. Uma experiência horrível , impotente, porque naquele momento faria o que fosse possível para a aliviar e nada podia fazer! Tentei ser positivo e fiz-lhe ver que enquanto não soubesse o resultado deveria de ter esperança! Pois ela soube e ficou a saber que já estava localizado em três sítios! Esperança ? - Nenhuma!

Desde então, todos os dias tenho tentado ligar-lhe mas nunca o consegui! Desligou o telemóvel e deixou-se acabar! Nem tão pouco sabia onde ela estava!
Faleceu no Sábado, dia 18 de Abril, e alguém, amiga dela, achou melhor participar-me do falecimento atendendo à insistência das chamadas que fiz para ela e que estavam registadas no telemóvel!

Nestas alturas pergunto-me como deverá ser vivida esta vida!? A MJM não fumava , não bebia, apenas trabalhava por que gostava de o fazer mas até isso não era em excesso. Às vezes corremos para conseguir os nossos objectivos, andamos em stress a tratar mal os outros porque não nos respeitaram numa manobra perigosa ou porque, por qualquer motivo não procederam bem connosco! Para quê?

Vivam, sintam , aproveitem bem esse dom que têm que é a VIDA. Sem stress, sem rivalidades, sem competição desenfreada! Vivam cada minuto o mais intensamente possível e com qualidade. Sem sabermos, o tempo vai, tudo foi feito a correr sem saborear o bem que temos de viver!

Este é o meu tributo à minha amiga Arquitecta MJM!

Em anexo um pps que talvez nos leve a pensar no que acabei de dizer - “Slow Down”!

http://www.scribd.com/doc/2915392/A-Cultura-do-Slow-Down

O tempo é o mesmo para todos, ninguém tem nem mais nem menos de 24h por dia.
A diferença está no que cada um faz do seu tempo. Temos de saber aproveitar cada momento, porque como disse John Lennon:

” a vida é aquilo que acontece enquanto planeamos o futuro.”

terça-feira, abril 21

Que não nos falte memória

“O ciclo eleitoral aproxima-se com o país completamente afundado no “disparate político” que afasta a cada dia o eleitorado de bom senso, eleitorado que não se revê minimamente nas alternativas que tem ao dispor.
Sem saber o que fazer perante a crise, o governo reage com uma fingida hiperactividade e multiplica-se na política do pacote inventado no momento, para responder às críticas que surgem todos os dias.
O PSD declarou guerra a toda e qualquer técnica de marketing e comunicação e faz tudo exactamente ao contrário do que seria aconselhável.
PP e CDU fecharam para reflexão e não estão a conseguir tirar vantagem do descalabro do centrão.
Perante tudo isto, o Bloco de Esquerda vai aproveitando o vazio e o descontentamento geral para acenar com “amanhãs que cantam” num novo partido de esquerda que faça renascer a chama do socialismo como resposta à crise.
O cenário é assustador e pede respostas urgentes.
Com partidos novos, e há dois que se apresentam às próximas eleições, ou com o renascer dos velhos, é urgente que o centro e a direita saibam encontrar respostas governativas credíveis.
É verdade que não há vazios em política, mas também é verdade que os regimes mais perigosos nasceram sempre em alturas de confusão, corrupção e falta de convicções. Que não nos falte memória histórica, apenas 35 anos após o 25 de Abril.”

(Raquel Abecasis, in Página 1 de 20 Abril)

segunda-feira, abril 20

O que é looping?


O director de uma empresa disse à secretária:
- Vamos viajar para o exterior por uma semana, para um Seminário. Faça ospreparativos da viagem!
A secretária faz uma chamada para o marido:
- Vou viajar para o exterior com o director por uma semana. Se cuida,querido.
O marido liga para a amante:
- Minha mulher vai viajar para o exterior por uma semana, então nós vamospoder passar a semana juntos, meu docinho!
A amante liga para um menino a quem dá aulas particulares:
- Tenho muito trabalho, na próxima semana não precisa vir às aulas.
O menino liga para o seu avô:
- Vô, na próxima semana não tenho aulas, a minha professora estará ocupada.Vamos passar a semana juntos?!
O avô (que é o director da empresa) diz à secretária:
- Vou passar a próxima semana com o meu neto, então não vou participardaquele Seminário. Pode cancelar a viagem.
A secretária liga para o marido:
- O director da empresa mudou de ideia e acabou cancelando a viagem.
O marido liga para a amante:
- Não poderemos passar a próxima semana juntos, a viagem da minha mulher foicancelada.
A amante liga para o menino das aulas particulares:
- Mudança de planos: esta semana vamos ter aulas como normalmente.
O menino liga para o avô:
- Vô, a minha professora disse que esta semana tenho aulas. Desculpe-me, não vai dar para fazer-lhe companhia.


O avô diz novamente à sua secretária:
- Meu neto acabou de dizer que não vai poder ficar comigo essa semana. Continue com os preparativos da viagem ao seminário!


Entendeu o que é looping?


(recebido por e-mail)

domingo, abril 19



Astrónomos da Agência Espacial Norte-Americana (NASA)
identificaram o buraco negro mais pequeno até agora conhecido.
O J1650 tem uma massa quatro vezes maior do que o nosso Sol
e o tamanho aproximado de uma grande cidade.


Que no espaço de uma grande cidade
caiba uma massa quatro vezes a do Sol,
- a qual é 333 mil vezes a da Terra -,

é caso para nos deixar abismados
com tão absoluta diferença
em relação ao nosso
mundo familiar!
...

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sexta-feira, abril 17

Maddie

Fui um entre os 2,2 milhões de telespectadores que viram na TVI o documentário “Maddie – A Verdade da Mentira”. Na altura vivi intensamente o ocorrido e publiquei aqui no blogue um artigo. Posteriormente ouvi na TVI um comentário de Miguel Sousa Tavares, polémico, como de costume e não concordei com ele.
Antes de ver o documentário em questão, andei pela Praia da Luz, tirei fotos e falei com pessoas, pois vou com frequência a Lagos e passei ali a Páscoa. As pessoas estão, no mínimo, fartas dos McCann. Não vi um único cartaz fixado e em Lagos vi apenas um no centro da cidade.


(Praia da Luz – foto Peter)

Tudo indica que Gonçalo Amaral tem razão, quando afirma: “não tenho dúvidas de que Maddie está morta”.

Mas há um facto que não compreendo:
- Uma vez que ficou provado, que a criança não foi raptada, o indivíduo que descia a rua na direcção da praia, sendo visto por aquela família inglesa(?) e que levava uma criança ao colo, se esta era a Maddie, só poderia ser o pai. Mas para onde a levava?
Se era o pai e a filha e uma vez que o cão assinala a presença de vestígios de sangue da criança no armário do quarto dos pais, ela foi posteriormente trazida para ali. Mas como é que o corpo ali se aguentou sem entrar em decomposição, durante mais de 20 dias, altura em que foi alugada a viatura que assinalou vestígios de fluidos orgânicos, com fortes probabilidades de serem da miúda?
Claro que poderia especular, mas estou a cingir-me rigorosamente ao filme, feito a partir do livro que expressa o ponto de vista do ex-inspector da PJ, um profissional encarregue do caso e que é completamente oposto ao do sr Clarence Mitchell, que deve estar ganhando o seu dinheiro, ao serviço do casal McCann.

quinta-feira, abril 16

A nossa Justiça (recortes)

“(…) a política criminal portuguesa parece acreditar ingenuamente que todas as pessoas são boas, fazendo quase tudo para evitar a sua ida para a prisão. Dá para desconfiar que leis com tantas garantias para criminosos não tenham como objectivo principal nem a Justiça, nem a Segurança, mas antes a poupança do Estado com o sistema prisional. (…)” (Armando Esteves Pereira, Director Adjunto, Correio da Manhã, 10 Abril 2009)

“(…) a cultura geral é a do recurso: se eu tiver dinheiro e um bom advogado, posso conduzir quase de certeza um processo até à prescrição.”( António Cluny, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, in revista “tabu”, SOL de 10 Abril 2009)

A criminalidade grupal aumentou 35 % em 2008, face a 2007, enquanto a delinquência juvenil desceu 43,7 % em igual período.
O deputado do PSD Fernando Negrão considerou "muito preocupantes" os dados que revelam um aumento de 35 % da criminalidade grupal em 2008, frisando que "é cada vez mais organizada e armada".
"Estes dados são muito preocupantes e são a confirmação do grave problema da mudança do tipo de criminalidade em Portugal. Hoje a criminalidade é cada vez mais organizada e mais armada", afirmou o deputado Fernando Negrão, em declarações à Agência Lusa.
A criminalidade grupal aumentou 35 % em 2008, face a 2007, enquanto a delinquência juvenil desceu 43,7 % em igual período, revelam dados do gabinete do secretário-geral do Sistema de Segurança Interna.
Quanto à descida da delinquência juvenil, Fernando Negrão sublinhou que "em Portugal a delinquência juvenil, e a criminalidade praticada por menores de 16 anos isoladamente nunca teve grande expressão".
O que deve "justificar mais atenção do Governo", defendeu, é o "crescente número de jovens, com mais de 16 anos, que praticam crimes de forma organizada" e a "mudança qualitativa" da criminalidade em Portugal. (Jornal de Notícias, 11 Abril 2009)

Como é que nós podemos acreditar e confiar nela? Sem uma Justiça credível, não há Democracia.

domingo, abril 12


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sábado, abril 11

Sábado de Aleluia

O Sábado de Aleluia é o sábado anterior ao domingo de Páscoa. É o dia em que se acende o Círio Pascal, uma grande vela. O Círio simboliza a luz de Cristo, que ilumina o mundo. Na vela, estão gravadas as letras gregas Alfa e Omega, que querem dizer "Deus é o princípio e o fim de tudo".

Quando eu era miúdo e frequentava a Escola Primária Oficial, o único estabelecimento de ensino que havia na terra, adorava ir "correr as aleluias".
A miudagem, por volta do meio dia reunia-se no adro da igreja matriz. Muitos de nós descalços, pois usar botas era um luxo não acessível a todos. Eu era dos felizardos, pois tinha as minhas botas de couro, cardadas, feitas no único sapateiro que havia na terra. Lembro-me de lá ir tirar medidas, o pé assente em cima duma folha de papel pardo e o mestre sapateiro tirando o lápis de trás da orelha e desenhando no papel o contorno do mesmo. Depois, com a fita métrica, tirava-me a medida do peito do pé. Era esperar que ficassem prontas, o que levava sempre bastante tempo, pois o vinho era uma tentação e só quando o dinheiro faltava ele acelerava o trabalho.
É certo que na oficina havia sempre meia dúzia de aprendizes, sentados em mochos e que executavam o trabalho. Depois de aprendizes passavam a sapateiros. Não havia o problema do trabalho infantil, ou melhor, havia, era um facto aceite por todos. Os aprendizes não tinham remuneração, pois estavam a aprender a arte. Ingressavam no mister por volta dos 9 ou 10 anos, depois de terem completado o ensino escolar obrigatório: a 3ª classe do Ensino Primário. Como passavam o dia sentados a trabalhar, os outros rapazes gozavam com eles dizendo que tinham "cu de sapateiro", designação depreciativa e que aplicavam a outros que tivessem igualmente o traseiro mais desenvolvido.


Esperava-se que o sino da igreja tocasse as aleluias ao meio dia e então a malta ali reunida, todos de talego ao pescoço e com um guizo, ou chocalho, também pendurados no mesmo, partia em correria louca percorrendo as ruas da vila. As pessoas atiravam-lhe rebuçados e amêndoas, sobretudo estas. A maior parte eram "de gesso", como lhes chamávamos, pois eram mais ordinárias, com menos açúcar e com um amendoim em vez de uma amêndoa. Era uma briga, a rapaziada atropelando-se, empurrando-se, caindo em cima uns dos outros na disputa das guloseimas. Saía-se com uns joelhos esfolados e, no pior dos casos, com alguma cabeça partida.

Mas era bom, a malta gostava e eu tenho saudades desse tempo, em que não havia "game-boys", mas eu tinha a minha fisga, feita por mim para matar pardais e a bola com que jogávamos na rua era de trapos envolvidos numa meia. E tinha uma coisa importantíssima, inestimável e a que só agora dou o devido valor:

Tinha a vida inteira à minha frente.

quinta-feira, abril 9

Expliquem-lhe

“Afinal para que serve um Presidente da Republica num regime semi-presidencialista como o nosso?
A pergunta faz cada vez mais sentido, à medida que os acontecimentos vão tornando os cidadãos descrentes das instituições em que é suposto confiarem como garantes da saúde do regime democrático.
Ninguém espera que o Presidente seja apenas uma figura decorativa ou uma espécie de avô babado do regime, que se limita a dar conselhos de bom senso, com a desculpa de que não tem poderes para mais.
Ao mais alto magistrado da nação exige-se que exerça as suas funções com zelo e imaginação, para saber interpretar os seus poderes de modo a que eles sejam úteis, como de resto, fizeram os vários presidentes do regime democrático.
Numa altura em que falha o entendimento institucional entre partidos, em que a crise económica
ameaça deixar o país num estado lastimável e quando os principais responsáveis da nossa justiça dão um triste espectáculo ao país, deixando em todos a sensação de que a independência da justiça é uma farsa, todos lamentam o silêncio e a inoperância presidencial.
Nos tempos que vão correndo, muitos portugueses recordam com saudade os tempos em que o dr. Soares chamava à pedra o governo Cavaco ou aqueles em que o dr.Sampaio punha os pontos nos “is” com os governos de Guterres e Santana Lopes.
Alguém deve, urgentemente, explicar ao dr.Cavaco que nem só de Estatuto dos Açores vive o país.”

(Raquel Abecasis in “Página 1” de 06/04/2009)

segunda-feira, abril 6

PÁSCOA FELIZ

Para os cristãos o dia da Páscoa é o primeiro domingo depois da Lua Cheia que ocorre no dia ou depois de 21 de Março. Entretanto, a data da Lua Cheia não é a real, mas ocorre após ou no equinócio da Primavera boreal, adoptado como sendo 21 de Março (Concílio de Nicéia 325 d.C.).

Tempo de festa para cristãos e não cristãos, é tempo de reunião da família, do que ainda existe dela.



Como o ovo pascal, o coelho também aparece associado à fertilidade e à vida nova. Ostara - a deusa da Primavera, adorada pelos povos anteriores ao cristianismo - segura nas mãos precisamente um ovo e observa um coelho, a pular feliz juntos aos seus pés. Para outros povos, o coelho, além da fertilidade, também simboliza a lua, que determina o dia da Páscoa.
E assim temos o tímido coelho a iludir a deusa da Primavera e, depois de longa, muito longa caminhada, a entrar com doçura na Páscoa dos cristãos - tempo de passagem, de um recomeço de nova vida em crescimento.

Segundo uma tradição muito antiga, o coelhinho visitava as crianças, escondendo os ovos coloridos que elas teriam de encontrar na manhã de Páscoa.
Outra lenda conta que uma mulher humilde pintou alguns ovos de galinha e escondeu-os num ninho para, no dia da Festa Pascal, dar como presente aos seus filhos. Quando as crianças descobriram o esconderijo dos ovos, um enorme coelho passou a correr junto do local. A partir desse dia, espalhou-se, por toda a parte, a história de que foi o coelho que trouxe os ovos de Páscoa.

Desejamos a todos os que nos têm vindo a acompanhar com as suas visitas e os seus comentários, uma PÁSCOA FELIZ.



Vocês já repararam
que não há fugas
ao segredo de
justiça


no caso BPN?

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domingo, abril 5



«a arte de imitar está muito afastada do verdadeiro; e
a razão por que faz tantas coisas é que só toma
uma pequena parte de cada uma,
e esta mesmo não passa
de simulacro ou
fantasma.»


(A República, X)

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sábado, abril 4

Cirurgia plástica


Um pequeno erro...

sexta-feira, abril 3

Migalhães


Lá vem pelo avelar
O filho do Zé João
Vem do centro escolar
Cansado de palmilhar
A caminho da povoação

Não há médico na aldeia
E a antiga escola fechou
Não tem carne para a ceia
Nem petróleo para a candeia
Porque o dinheiro acabou

O seu pai foi para França
Trabalhar na construção
E a mãe desta criança
Trabalha na vizinhança
Lavando pratos e chão

Mas o puto vem contente
Com o Migalhães na mão
E passa por toda a gente
Em alegria aparente
De quem já sabe a lição

Um senhor muito invulgar
Que chegou com mais senhores
Veio para visitar
O novo centro escolar
E dar os computadores

E lá vem o Joãozinho
No seu contínuo vaivém
Calcorreando o caminho
Desesperando sozinho
À espera da sua mãe

Neste país de papões
A troco de dois vinténs
Agravam-se as disfunções
O rico ganha milhões
E o pobre, Migalhães!

(autor desconhecido)

quinta-feira, abril 2

Agoniza o segredo bancário suíço


A Suíça tremula. Zurique se alarma. Os belos bancos, elegantes, silenciosos de Basileia e Berna estão ofegantes. Poderia dizer-se que eles estão assistindo na penumbra a uma morte ou estão velando um moribundo. Esse moribundo, que talvez acabe mesmo morrendo, é o segredo bancário suíço.
O ataque veio dos Estados Unidos, em acordo com o presidente Obama. O primeiro tiro de advertência foi dado na quarta-feira. A UBS - União de Bancos Suíços, gigantesca instituição bancária suíça - viu-se obrigada a fornecer os nomes de 250 clientes americanos por ela ajudados a defraudar o fisco. O banco protestou, mas os americanos ameaçaram retirar a sua licença nos Estados Unidos. Os suíços, então, passaram os nomes. E a vida bancária foi retomada, tranquilamente.
Mas, no fim da semana, o ataque foi retomado. Desta vez os americanos golpearam forte, exigindo que a UBS fornecesse o nome dos seus 52.000 clientes titulares de contas ilegais. O banco protestou. A Suíça está temerosa. O partido de extrema-direita, UDC (União Democrática do Centro), que detém um terço das cadeiras no Parlamento Federal, propõe que o segredo bancário seja inscrito e ancorado pela Constituição federal.
Mas como resistir! A União de Bancos Suíços não pode perder a sua licença nos EUA, pois é nesse país que aufere um terço dos seus benefícios.

Um dos pilares da Suíça está sendo sacudido. O segredo bancário suíço não é coisa recente. Esse dogma foi proclamado por uma lei de 1934, embora já existisse desde 1714. No início do século XIX, o escritor francês Chateaubriand escreveu que neutros nas grandes revoluções nos Estados que os rodeavam, os suíços enriqueceram à custa da desgraça alheia e fundaram os bancos em cima das calamidades humanas.
Acabar com o segredo bancário será uma catástrofe económica. Para Hans Rudolf Merz, presidente da Confederação Helvética, uma falência da União de Bancos Suíços custaria 300 bilhões de francos suíços ou 201 milhões de dólares.
E não se trata apenas do UBS. Toda a rede bancária do país funciona da mesma maneira. O historiador suíço Jean Ziegler*, que há mais de 30 anos denuncia a imoralidade helvética, estima que os banqueiros do país, amparados no segredo bancário, fazem frutificar três trilhões de dólares de fortunas privadas estrangeiras, sendo que os activos estrangeiros chamados institucionais, como os fundos de pensões, são nitidamente minoritários.
Ziegler acrescenta ainda que se calcula em 27% a parte da Suíça no conjunto dos mercados financeiros "offshore" do mundo, bem à frente de Luxemburgo, Caribe ou do extremo Oriente.
Na Suíça, um pequeno país de 8 milhões de habitantes, 107 mil pessoas trabalham em bancos.
O manejo do dinheiro na Suíça, diz Ziegler, reveste-se de um caracter sacramental. Guardar, recolher, contar, especular e ocultar o dinheiro, são todos actos que se revestem de uma majestade ontológica, que nenhuma palavra deve macular e se realizam em silêncio e recolhimento?...

Mas agora surge um outro perigo, depois desse duro golpe dos americanos. Na minicúpula europeia que se realizou em Berlim, em preparação ao encontro do G-20 em Londres, França, Alemanha e Inglaterra (o que foi inesperado) chegaram a um acordo no sentido de sancionar os paraísos fiscais. "Precisamos de uma lista daqueles que recusam a cooperação internacional", vociferou a chanceler Angela Merkel.
No domingo, o encarregado do departamento do Tesouro britânico, Alistair Darling, apelou aos suíços para se ajustarem às leis fiscais e bancárias europeias. Vale observar, contudo, que a Suíça não foi convidada para participar do G-20 de Londres, quando serão debatidas as sanções a serem adotadas contra os paraísos fiscais.
Há muito tempo se deseja o fim do segredo bancário. Mas até agora, em razão da prosperidade económica mundial, todas as tentativas eram abortadas. Hoje, estamos em crise.Viva a crise!!!
Barack Obama, quando era senador, denunciou com perseverança a imoralidade desses remansos de paz para o dinheiro corrompido. Hoje ele é presidente. É preciso acrescentar que os Estados Unidos têm muitos defeitos, mas a fraude fiscal sempre foi considerada um dos crimes mais graves no país. Nos anos 30, os americanos conseguiram laçar Al Capone. Sob que pretexto? Fraude fiscal.

(Gilles Lapouge - de Paris)

* «Abafar o passado é uma tradição na Suíça» – Jean Ziegler – “The Swiss, The Gold, and The Dead”
* Livro que ando a ler: Daniel Silva – “O assassino inglês” – Bertrand Março 2009

quarta-feira, abril 1

Magnífico

Only love, only love can leave such a mark
But only love, only love can heal such a scar

Finalmente!

Há petróleo e gás natural em Alenquer e Alcobaça prontos a ser explorados. A convicção parte da empresa canadiana DualEx Energy Internacional que no próximo mês tem prevista a chegada a Portugal de uma plataforma perfuradora para escavar dois poços.