sexta-feira, outubro 31

FURACÃO DESLINDADO


Primeira página do semanário “SOL” de hoje:

“- Bancos combinavam com grandes clientes esquemas de fuga ao fisco.
- Dinheiro fugia do país através de facturação falsa de empresas com sede no estrangeiro.
- Valores eram depositados na Suíça.
- O regresso a Portugal fazia-se através de “correios” que viajavam de carro ou avião carregados de notas.”

Na verdade é o Sol que tudo ilumina e irei aproveitar o tempo a ler o artigo. Tem muito mais interesse falar deste assunto que do Halloween, que em Portugal julgo não ter grande expressão, embora os comerciantes se esforcem por o promoverem.
Mas dada a situação em que vivemos, bruxas vemo-las todos os dias, não precisam que se lhes dedique um dia especial e também já sabemos que, como era de esperar, este ano nos EUA a máscara mais vendida foi a efígie de Sarah Palin.
Adoro viver neste Pais! Passámos do “rame-rame” em que nada acontecia, embalados pela idílica ilusão dos “brandos costumes”, para as emoções fortes em que o imprevisto/previsto está sempre a acontecer.

quinta-feira, outubro 30

Afinal não estamos sós no Universo?


Por mero acaso, no dia 14 de Maio do ano passado, cerca das 14h30, dois engenheiros e dois estudantes de Engenharia do Ambiente, andavam tirando fotografias na barragem de Monte Novo, entre Reguengos e Évora, no âmbito de um estudo sobre a qualidade da água, levado a efeito na zona, que incluia ainda as barragens do Alqueva, Monte novo, Vigia e Caia.
Eduardo Silva, 25 anos, estagiário do ISQ, quando disparou a máquina, reparou que um objecto surgira no horizonte e rapidamente desaparecera. Mas o objecto tinha ficado na fotografia e aí está.

Não me venham com histórias de meteoritos, reflexos de satélites, balões meteorológicos, fenómenos atmosféricos, ou outra desculpas esfarrapadas. É um facto que se vem verificando há milhares e milhares de anos e sempre tem vindo a ser escamoteado, por motivos políticos para evitar o pânico, mas, principalmente, por motivos de cariz religioso.
É irrefutável que:
- se trata de um objecto construído;
- a fotografia não apresenta indícios de ter sido previamente manipulada; nomeadamente o reflexo do Sol no dito objecto, está conforme à sombra das árvores que aparecem na foto (ampliar).

Um avião comercial da Alitalia que ia aterrar no aeroporto londrino de Heatroww a 21 de Abril de 1991 esteve quase a colidir com um OVNI, revelam documentos divulgados em 20 OUT 08 pelo Ministério britânico da Defesa.
O incidente ocorreu em Kent, foi investigado pela Autoridade de Aviação Civil e arquivado.
Nos documentos desclassificados também se afirma, segundo o jornal “The Times”, que a 20 MAI 95 dois pilotos dos EUA, em serviço na GB, receberam ordens para derrubar um OVNI detectado no Reino Unido, o que não conseguiram, pois o objecto subiu verticalmente a uma velocidade muito superior à dos aviões.

Sabiamente o Vaticano não exclui a existência de extra-terrestres: a crença em Deus é compatível com a crença nos extraterrestres, segundo o director do Observatório do Vaticano, José Gabriel Funes, que admite poder haver um planeta habitado por seres que não cometeram o pecado original.
Aqui está uma maneira inteligente de rodear as implicações de ordem religiosa, que tal facto traria para a Igreja Católica Apostólica Romana.

"Como astrónomo, continuo a acreditar que Deus foi o criador do Universo", explicou em 13 de Maio, numa entrevista ao jornal do Vaticano Osservatore Romano, o padre Funes, um padre jesuíta que dirige o Observatório do Vaticano em Castel Gandolfo, perto de Roma.
No entanto acrescenta, "mesmo que não tenhamos para já nenhuma prova, não podemos excluir a hipótese de haver outros planetas habitados."
"Tal como existe uma multiplicidade de criaturas na terra, poderia haver outros seres, igualmente inteligentes, criados por Deus", afirma o astrónomo do Papa."

O padre Funes sugere que se fale então do "nosso irmão extraterrestre", tal como São Francisco de Assis falava de "irmão" ou de "irmã" para todas as criaturas terrestres.

Eu acredito na existência de OVNIs, embora os meus limitados conhecimentos sobre o Cosmos me levem racionalmente a refutar a sua existência. Aliás, contrariamente ao ambiente em que se vivia nos anos 90, entusiasmados pelas ideias e pelo extraordinário poder de comunicação de Carl Sagan, vivemos nesta primeira década do século XXI num ambiente de descrença, em que se admite abertamente ser a Terra um planeta único onde a vida, tal como a conhecemos, é viável.

Será este século o século da descrença? Assim parece: furacões, tempestades, inundações, alterações climáticas, degelo, poluição, aumento do preço do barril de crude, crise financeira com enormes flutuações nas Bolsas, falta de liquidez nas instituições bancárias, crise económica, falências, desemprego, desvalorização da moeda, fome e doença em África, guerras, fundamentalismo, terrorismo, os nossos 3 problemas que parecem insolúveis: Justiça, Saúde e Ensino… o melhor será meter-me no primeiro disco voador que apareça.

quarta-feira, outubro 29

Comunicado do Gabinete de Sª Exª o Sr. Primeiro- Ministro


Faz o Governo saber que, até nova ordem, tendo em consideração a actual situação das contas públicas e como medida de contenção de despesas, a luz ao fundo do túnel será desligada.

Sociedade injusta

Recebi um e-mail considerado “o melhor do ano”, com fotografias chocantes. A Ashera fez com elas um vídeo que está a difundir e eu resolvi publicar esta, pode ser que abra alguns corações. Começa o tempo em que chovem na caixa do correio, cartas das mais diversas organizações, pedindo a nossa contribuição.
O cidadão substitui-se ao Estado, é a “caridadezinha”… em que os que podem acabam por dar o seu óbulo e de certa forma pensam aliviar a sua consciência. Por vezes são de ONGs como é o caso da UNICEF para a qual normalmente dou. Normalmente, mas agora dei comigo a interrogar-me sobre se aquilo que dou para essas ONGs não teria melhor destino no mitigar da fome aos nossos concidadãos.
É por isso que eu este ano vou reservar as minhas dádivas, curtas pois os tempos vão maus e a crise a todos atinge, ao "Banco alimentar contra a fome" e se ele há por aí tanta "pobreza envergonhada" ...
"Caridadezinha"? Sim, talvez.

Se a sua sociedade é injusta com você, que tal a dela?

terça-feira, outubro 28

OBAMA E MCCAIN REDOBRAM ESFORÇOS A UMA SEMANA DAS ELEIÇÕES


O democrata Barack Obama iniciou segunda-feira uma semana crucial para a sua campanha, pois, apesar da vantagens nas pesquisas e das demonstrações eufóricas dos seus apoiantes, o republicano John McCain não dá o braço a torcer. Um dia depois da manifestação de 150.000 simpatizantes em Denver, no Colorado, Obama fez segunda-feira um discurso na localidade de Canton, Ohio, onde pediu aos eleitores que «escolham a esperança ao invés do temor, a unidade, ao invés da divisão», segundo um comunicado da sua equipa. O discurso de Obama foi seguido por uma propaganda paga de 30 minutos que será exibida na televisão nacional na noite de quarta-feira.

De acordo com a sua agenda eleitoral, McCain começou a última semana da sua campanha com uma mesa redonda sobre economia em Cleveland, seguida à noite por um comício em Ohio e outro na Pensilvânia, dois estados-chave. O senador pelo Arizona insistiu em que Obama é um socialista disfarçado, que pretende aumentar os impostos para financiar um aumento de gastos. Apesar de McCain afirmar que ignora as pesquisas sobre intenção de voto que prevêem a sua derrota e insistir em que seguirá a sua luta para chegar à presidência dos Estados Unidos, os números continuam a favorecer Obama.
O democrata conseguiu uma vantagem de oito pontos sobre o rival republicano McCain, no estado chave da Virginia, segundo uma pesquisa publicada 2ª F pelo jornal Washington Post. A pesquisa dá ao senador pelo Illinois 52% das intenções de voto, contra 44% do senador pelo Arizona. No fim de Setembro, a vantagem do democrata no estado era de apenas três pontos. Dois terços dos eleitores da Virginia aprovam agora Obama, enquanto o republicano tem a simpatia de 50% dos entrevistados. Ao mesmo tempo, McCain é rejeitado por 45% deles, índice 15% superior ao de opiniões desfavoráveis ao democrata, destaca o Washington Post. A Virginia, com 13 votos no colégio eleitoral, é um estado republicano desde 1964.

Quanto à imprensa, num golpe para os republicanos, o Anchorage Daily News, o maior jornal do Alasca, estado governado pela candidata a vice Sarah Palin, declarou o seu apoio a Obama, tendo sido seguido pelo influente Financial Times na sua edição de segunda-feira.

(SAPO/AFP)

Continuo a pensar que as eleições não estão decididas e que há que ter em conta o peso eleitoral da chamada “América profunda”, conservadora, religiosa, racista e xenófoba. Não me admirava nada que houvesse uma reviravolta à boca das urnas.
Estamos todos cientes da importância das eleições americanas para a Europa e para o Mundo e do alívio, do sufoco em que nos encontramos, que nos traria Obama Presidente dos EUA.

O Papa Bento XVI


Fui educado na religião católica e depois de um largo período, voltei a ela. Não sou nenhum fundamentalista, sigo a religião à minha maneira, pois acho que se trata de um assunto do meu foro íntimo. Aliás não podia ser de outro modo para quem, como eu, procura embrenhar-se nos mistérios do universo e nas origens da Criação e da vida, há mais de 20 anos. A Biblia não é quanto a mim para ser seguida à letra, aliás nunca a li porque não calhou, mas para ser interpretada à luz das últimas descobertas da Ciência.

Vem isto a propósito da próxima visita do Papa a Angola.
Não é Angola que está em causa. Adoro Angola, adoro o povo angolano, dois dos meus filhos gémeos são angolanos, nasceram lá porque eu quis, porque pedi à minha mulher que na altura se encontrava em Portugal, que regressasse, porque Angola iria tornar-se um grande país e os meus filhos teriam um brilhante futuro à sua frente. O que está em causa é o actual Governo de Angola, são as mãos manchadas de sangue (?) de José Eduardo dos Santos.

Não vou aprofundar os motivos que levam o actual Papa Bento XVI, anterior Cardeal Joseph Ratzinger, a não visitar Portugal, ou a pôr reticências acerca de Fátima, nem tenho complexos de colonialista relativamente à antiga Província ultramarina, eufemismo utilizado para não empregar a designação pejorativa de “colónia”. Por mim e no seguimento do que de início escrevi, é-me absolutamente indiferente que o Papa visite ou não Portugal, mas o mesmo não se aplica à maior parte dos portugueses habitantes de um Portugal “profundo”, que seguem fervorosamente a religião cristã. Para eles, não esqueçamos, a atitude do Papa é uma ofensa.

Uma “desculpa de mau pagador” foi a de que o Papa ia visitar a Angola do José Eduardo dos Santos, que não a minha, porque fora ele que acabara com a guerra fratricida em Angola.
Foi? Não foi ele que a iniciou?
Talvez fosse melhor o Papa retardar a sua visita.
Mas mais que saber os motivos que levam o Papa a visitar Angola, o que vejo com apreço é a nova vida que já tantos dos meus compatriotas ali levam, ali encontraram, emigrando de uma Pátria que pouco ou nada fez por eles. Para esses, para os católicos, para grande parte da população angolana, quer queiramos, quer não, o Papa será bem-vindo.

segunda-feira, outubro 27

GASÓLEO A 0,80€ PARA OS IATES



- É bonito, não é?

Recebi de proveniência desconhecida, um e-mail com o título em epigrafe e cujo teor coloquei entre aspas:

“O Governo democrático e maioritário do PS tem por hábito quando é confrontado com realidades, apontar os canhões para o PSD, seu parceiro do «Bloco Central de Interesses».
Mas agora, todos ficam a saber: os que têm iates e embarcações de recreio que através do Artº 29 do Cap. II da Portaria 117-A de 8 de Fevereiro de 2008, beneficiam de gasóleo ao preço do que pagam os armadores e os pescadores.”
“Assim todos os portugueses são iguais perante a Lei, desde que tenham iates…
É da mais elementar justiça que os trabalhadores e as empresas que tenham carro a gasóleo o paguem a 1,42€, e os banqueiros e empresários do 'Compromisso Portugal' o paguem a 0,80€, e é justo, porque estes não têm culpa que os trabalhadores não comprem iates!!!”

Não acreditando, fui consultar o DR e transcrevo também os artºs 28 e 29 da citada Portaria:

Isenção do ISP para utilização na navegação
comercial
28.º As isenções do ISP previstas nas alíneas c) e h)
do n.º 1 do artigo 71.º do CIEC abrangem as utilizações
em embarcações que, para efeitos da presente portaria, se
designam por navegação comercial.
29.º Enquadram -se na disposição prevista no número
anterior as embarcações efectivamente utilizadas nas seguintes
actividades:
a) Navegação marítima costeira;
b) Navegação interior;
c) Pesca;
d) Navegação marítimo -turística;*
e) Operações de dragagem em portos e vias navegáveis,
com excepção dos equipamentos utilizados na extracção
de areias para fins comerciais.

*DL nº 124/2004 de 25 de Maio de 2004 (Regulamento da Náutica de Recreio).

Confesso continuar com dúvidas sobre se esta disposição se aplica aos iates de recreio para "uso particular", pois a Portaria respeita à "Isenção do ISP para utilização na navegação comercial", mas estamos aqui na busca da verdade, para esclarecer e sermos esclarecidos.

Em caso afirmativo, espero que haja por aqui gente interessada em usufruir da presente Portaria.
No que respeita a dinheiro para comprar o iate, penso não haver problemas, atendendo ao aumento do Funcionalismo Público e à cobertura já concedida ao crédito bancário. Mas se este se mostrar “mosca” é só recorrer ao crédito público que pulula por aí como cogumelos e não é que estamos na estação deles!

É só levantar o telefone…

domingo, outubro 26

Sindicatos

Sempre fui e continuo a ser contra os sindicatos. Considero-os profundamente influenciados pelo PCP e mais prontos a defender os interesses do Partido, que os dos trabalhadores. Os sindicatos servem para dar emprego aos que se “baldam”ao exercício da sua profissão. Anos e anos fora do contacto directo com ela, acabam por desconhecer os problemas com que aqueles, que deveriam ser seus colegas, mas não são, se debatem. Lutam pela defesa do “tacho” e vão engordando e prosperando.




Gravura do GOOGLE – http://www.sntpv.com.br/

“Porco capitalista” dirão alguns dos que por aqui passam, referindo-se a mim. Bem, “porco” não sou, pois ainda hoje tomei banho e faço-o diariamente e “capitalista” muito menos. Direi mesmo que seria mais fácil ser “porco”, que “capitalista”.

Ontem, por acaso, ouvi no noticiário das 20h, Gerónimo de Sousa a arengar às massas, num comício em Leiria. Pouca gente, estão fartas da cassete e lá irão nas eleições conseguir os 10% do costume. Não aquecem, nem arrefecem, só fazem barulho, só dizem “enormidades” e são fieis cultores do “his master’s voice.” Lembram-se do boneco? Pois é, era aquele cãozinho junto à campânula e olhando para ela, escutando a voz reproduzida no gramofone.

Ouvi também o “missionário”, aldrabando, com passes de magia e ilusionismo, também um certo sentido de humor, propondo oferecer-nos este mundo e o outro, distorcendo, atirando-se aos banqueiros, enfim, o costume. Claro que as manobras dos (ir)responsáveis banqueiros são as culpadas por este enorme sarilho em que a Humanidade toda, excepto Cuba e Coreia do Norte (mas esses já estão habituados a viver mal) está metida. Mas agora não é tempo de ajuste de contas, é tempo de com “cautela e caldos de galinha” tentar curar a doente e moribunda sociedade capitalista que, ao fim e ao cabo, é aquela em que vivemos. Não é de um dia para o outro que se muda a sociedade.

Não sei a influência que o BE tem nos sindicatos, ou se dominam alguns, mas se dominam, devem fazê-lo de modo mais inteligente que o PCP.
Parece-me que é outra gente e, a prová-lo, está a previsão dos 12% (3º lugar!) nas próximas eleições para a Legislativa. Gente nova, combativa e com ideias, de “cara lavada” (pois não precisam de usar barba para assinalar a sua cor política) como a Ana Drago, uma óptima deputada. Quer-me parecer que o BE ganharia em “correr” com a 1ª geração, Fazenda, Portas, o Mendes Rosa … e, mantendo o “missionário”, promover a geração da Drago. Se tal acontecer, a curto prazo irá pedir meças ao PS.

E o PSD? Ainda existe? Já colaram os cacos? Se sim, o melhor é juntar-se ao PS que o receberá de braços abertos. Não vale a pena gastar cera com ruins defuntos. O Marcello Rebelo de Sousa lá vai dizendo que o PSD é um partido democrático e que é por isso que tem muitas “sensibilidades”, mas que quando se aproximarem as eleições todos se irão unir em torno da líder (cuidado não a sufoquem…). "O PSD não é como o PCP em que todos têm que pensar do mesmo modo", diz Mário Soares. Lá isso é verdade, se a tonalidade da voz até é só uma, igual à do Secretário.

Sabe, Prof Marcello, eu gostava de o ouvir, gostava… Pode ser que agora com o António Vitorino volte a gostar, ou talvez não, talvez passe a gostar mais de ouvir o Vitorino, mas também um ouvinte a menos não conta e não sou eu que lhe pago, ou talvez pague, com um infinitésimo dos meus impostos, pois não esqueçamos que a RTP é a TV oficial.

Ora todo este arrazoado vem a propósito de uma crónica da autoria do jornalista Emídio Rangel e publicada no jornal Correio da Manhã. Já sei, já sei que estão a torcer o nariz, não é o “intelectual” Público… Eu também torço, mas a “patroa” gosta do jornal e eu leio-o em menos de 5 minutos, o que é uma vantagem para quem tem tantos livros em fila de espera e vê o tempo a fugir-lhe. Ora o ERangel escrevia e eu subscrevo:
“Quem ouve os dirigentes sindicais falar, só pode tirar uma de duas conclusões: ou são loucos, autistas, incapazes de apresentar propostas sensatas e lúcidas, ou são demasiado estúpidos, inconscientes, e não dispõem de nenhuma informação exacta sobre o que se passa no País, na Europa e no Mundo.” Sim, porque quem se prepara para propor 5,6 e 7% de aumento mínimo de salários para a Função Pública, quando na longínqua Islândia (está muito longe, dirão, como se isso nos imunizasse contra o que está para vir) o estado não tem dinheiro para pagar ao seu Funcionalismo, a atitude dos nossos combativos sindicalistas é mesmo de “loucos”, entre aspas, pois é uma classificação política e nunca fiando...

sábado, outubro 25

Mudança da Hora


No dia 26 de Outubro, tem início o período de "Hora de Inverno". Assim, os relógios irão ser atrasados de 60 minutos às 2h00 da madrugada de Domingo em Portugal continental e na Região Autónoma da Madeira, passando para a 1h00.
Não se esqueçam de atrasar o relógio 1 hora de Sábado para Domingo! É menos uma hora de sono. :(
Começa o tempo em que os dias não rendem nada e a noite nunca mais acaba! O que vale é a chuva, se ela vier …
Gosto de andar à chuva, com ela bater-me no rosto, desde que não seja muita, claro.

sexta-feira, outubro 24

Brincadeira com Magalhães abre processo contra os Gato Fedorento

«Louvado sejas, ó Magalhães» motivou uma série de queixas na Entidade Reguladora. Alguns católicos não acharam graça à brincadeira da reprodução da homilia onde se bajulava o computador para crianças.

As queixas na ERC, Entidade Reguladora para a Comunicação, contra a sátira dos «Gato Fedorento» ao computador Magalhães chegaram ontem às 50.«Nunca um programa, no caso, um sketche, recebeu um tão elevado número de cartas a contestá-lo», disse fonte da Entidade Reguladora ao Jornal de Notícias.

As queixas em relação à sátira feita ao computador Magalhães são todas no mesmo sentido: ofensa à Igreja Católica, mais concretamente, ao seus símbolos sagrados.
O sketche 'Louvado sejas, ó Magalhães' imita os rituais da missa, incluindo a entrega da hóstia pelo personagem de Ricardo Araújo Pereira, que na sátira substituí a expressão «Corpo de Deus» por «disco de Instalação».
É neste cenário que se ouve, ainda, um discurso que elogia o computador. Numa das falas, é dito: «Bendito seja Sócrates que nos reuniu em nome do Magalhães».

Estive a ver o vídeo e senti-me chocado e incomodado. Há limites para tudo e temos que preservar os direitos e as convicções religiosas dos outros.
Quer queiramos, quer não, são os valores da civilizaçâo judaico/cristã, na qual nos inserimos, que têm permitido enfrentar o fundamentalismo islâmico.
Pese embora os seus defensores e amigos, nos quais não me incluo, o fundamentalismo islâmico pretende a nossa morte, a minha e a tua.
Há valores que devem ser intocáveis, como imperecíveis, tal como aconteceu quando a religião católico/romana enveredou para o fundamentalismo com a Inquisição. Para além das injustiças e dos horrendos crimes que cometeu, em nome de um Deus misericordioso, a Inquisição foi a causadora de perdas irreparáveis, no domínio material, para Portugal, levando à emigração, nomeadamente para a Holanda, de incontáveis riquezas e dos nossos melhores cérebros, em particular, médicos e cartógrafos.

Pactos de silêncio


“No Outono de 1989 conduzi na RTP os debates entre os candidatos a Lisboa. O grande confronto foi PS/PSD. Duas candidaturas notáveis. Jorge Sampaio, secretário-geral, elevou a política autárquica em Portugal a um nível de importância sem precedentes ao declarar-se candidato quando os socialistas viviam um dos seus cíclicos períodos de lutas intestinas. O PSD escolheu Marcelo Rebelo de Sousa.
No debate da RTP confrontei-os com a fotocópia de documentos dos arquivos do executivo camarário do CDS de Nuno Abecassis. Um era o acordo entre os promotores de um enorme complexo habitacional na zona da Quinta do Lambert e a Câmara. Estipulava que a Câmara receberia como contrapartida pela cedência dos terrenos um dos prédios com os apartamentos completamento equipados. Era um edifício muito grande, seguramente vinte ou trinta apartamentos, numa zona que aos preços do mercado era (e é) valiosíssima. Outro documento tinha o rol das pessoas a quem a Câmara tinha entregue os apartamentos. Havia advogados, arquitectos, engenheiros, médicos, muitos políticos e jornalistas. Aqui aparecia o nome de personagem proeminente na altura que era chefe de redacção na RTP.
A lista discriminava os montantes irrisórios que pagavam pelo arrendamento dos apartamentos topo de gama na Quinta do Lambert. Confrontados com esta prova de ilicitude, os candidatos às autárquicas de 1989 prometeram, todos, pôr fim ao abuso.
O desaparecido semanário Tal e Qual foi o único órgão de comunicação que deu seguimento à notícia. Identificou moradores, fotografou o prédio e referiu outras situações de cedência questionável de património camarário a indivíduos que não configuravam nenhum perfil de carência especial. E durante vinte anos não houve consequência desta denúncia pública.
O facto de haver jornalistas entre os beneficiários destas dádivas do poder político explica muito do apagamento da notícia nos órgãos de comunicação social, muitos deles na altura colonizados por pessoas cuja primeira credencial era um cartão de filiação partidária. Assim, o bodo aos ricos continuou pelas câmaras de Jorge Sampaio e de João Soares e, pelo que sabemos agora, pelas câmaras de outras forças partidárias. Quem tem estas casas gratuitas (é isso que elas são) é gente poderosa. Há assessores dispersos por várias forças políticas e a vários níveis do Estado, capazes de com uma palavra no momento certo construir ou destruir carreiras. Há jornalistas que com palavras adequadas favoreceram ou omitiram situações de gravidade porque isso era (é) parte da renda cobrada nos apartamentos da Quinta do Lambert e noutros lados. O silêncio foi quebrado agora que os media se multiplicaram e não é possível esconder por mais vinte anos a infâmia das sinecuras. Os prejuízos directos de décadas de venalidade política atingem muitos milhões.
Não se pode aceitar que esta comunidade de pedintes influentes se continue a acoitar no argumento de que habita as fracções de património público "legalmente". Em essência nada distingue os extorsionistas profissionais dos bairros sociais das Quintas da Fonte dos oportunistas políticos que de suplicância em suplicância chegaram às Quintas do Lambert. São a mesma gente. Só moram em quintas diferentes. Por esse país fora.”
(Mário Crespo - coluna “Opinião” – Jornal de Notícias 2008-09-29)

quinta-feira, outubro 23

Há músicas e músicas

Para variar vamos falar de um assunto para o qual tenho especial sensibilidade.
A música.
Não, não vamos estar aqui a falar de clássicos e pimbas, rock ou tecno e ect…
Não. A ideia é falar sobre o quanto é muito fácil e, ao mesmo tempo, demasiado difícil, editar ou fazer chegar o trabalho dos (alguns) músicos portugueses ao público.

Primeiro a facilidade.
Qualquer um de nós, com alguma sensibilidade para a música que lhe apetece fazer, pode expor o que vai fazendo em casa, seja a solo ou em grupo. O MySpace, YouTube, entre outros, permitem aos músicos, tal como os blogues permitem expor opiniões, poesia, prosa, etc., promoverem os seus trabalhos e, em alguns casos assinarem com uma editora que lhe faça a promoção, os coloque nas rádios, televisões, etc.
Um bom conjunto de amigos, alguns conhecimentos, podem fazer com que a música seja ouvida por várias pessoas que podem criticar, gostar ou não, contratar para espectáculos, etc.
Bem bom para tantos talentos que se vão ouvindo por essa Internet.

As dificuldades
Primeiro, os preços dos instrumentos. Mesmo com as actuais promoções, um instrumento de qualidade média ainda é caro. A taxa de IVA é escandalosa.
Depois, o local para ensaios. Vão existindo estúdios mas para se fazer um trabalho decente, a renda é um descalabro.

A seguir vem a entrada numa editora. Bem, quando se consegue chegar ao responsável pela audição dos trabalhos (mesmo que já em fase de edição, ou seja sem custos de produção para a editora), os músicos esbarram com a questão comercial. A música passa a ser um produto e se o indivíduo não lhe encontra esse valor (mesmo quando já se deram concertos – e há muitos exemplos), nada feito.
“Isto é bom mas não vende” – diz.

Quando é edição de autor, então a coisa complica-se.
Os projectos andam a passear de rádio em rádio, de promotor em promotor e nada. Sobretudo se a estética não está na moda. E as modas são tantas e voláteis...
Se pensarmos um pouco, não muito sequer, vêm-nos à memória alguns projectos musicais que sobrevivem para lá das nossas fronteiras e que cá, ou não entram ou entram quando se afirmaram fora de portas.

Termino com um comentário do maestro Vitorino de Almeida, há dias numa mesa de café: “… excepto alguma música ligeira… (e deu dois ou três nomes) … eles (a rádio) não passa. Ninguém quer saber do que se anda fazer. E o que conta é o que se passa em Lisboa e no Porto (e deu exemplos de auditórios destas cidades, vazios com grande promoção, em contraponto com concertos com centenas de pessoas em cidades ou vilas fora destes centros)”.
Passe o exagero, a realidade não é muito diferente desta observação.


Foi longo? E o que tive que cortar?


(Foto: Ant)

O que são as explosões de raios gama?

As emissões de raios gama foram descobertas nos anos 60 durante a guerra fria. Os satélites dos EUA que mantinham em observação os testes nucleares soviéticos, detectaram intensas emissões de radiação gama. Contudo, as emissões não eram provenientes da União Soviética, mas sim do espaço profundo.
Durante décadas foram um mistério e os cientistas interrogavam-se sobre o que poderia ser a sua origem. Os astrónomos que perscrutavam o céu nocturno, aparentemente imóvel, iam detectando ocasionalmente, vindas das profundezas do universo, explosões de luz de alta energia, semelhantes aos disparos de “flash” de uma máquina fotográfica. Essas explosões pareciam impossivelmente poderosas para serem tão brilhantes, vindas de tão longínquas distâncias. Uma única explosão de raios gama pode facilmente ser superior à luminosidade de uma galáxia inteira, que contem centenas de biliões de estrelas. As “explosões de raios gama” (GRBs), são os fenómenos mais brilhantes e mais energéticos do universo conhecido, só sendo suplantadas pelo próprio Big Bang.
Os telescópios mais poderosos podem vê-las no espaço profundo através do universo. E porque quanto mais profundo nós olhamos no espaço, mais distante olhamos no tempo, os astrónomos deveriam ser capazes de ver GRBs do tempo em que muitas das primeiras estrelas se estavam a formar após o Big Bang. Tal não acontece porque as GRBs dessa época longínqua parecem faltar, e os astrónomos estão querendo saber onde estão.
Uma possibilidade é que elas realmente não estejam em falta. Parte do problema é que os perfis da explosão estreitam-se devido à expansão do universo, pelo que se torna difícil reconhecê-los. As explosões podem estar acontecendo, mas nós não damos por elas.


Uma concepção artística de uma explosão de raios gama.

Os astrónomos sabem hoje o que as GRBs de longa duração (> 2 segundos) são, o colapso e explosão de uma estrela ultra-maciça para dar forma no seu núcleo a um buraco negro.
Mas há uma segunda categoria de GRBs, as <2’’.>As explosões de supernovas do tipo que produz GRBs exigem estrelas de grande massa e de baixa “metalicidade” (em Astronomia, “metais" são todos os elementos mais pesados que o hidrogénio ou o hélio). As galáxias maiores tendem a ser mais ricas em metais do que as menores e assim as GRBs evitam aquelas galáxias maiores.

A explicação é simples: os metais numa estrela produzem fortes ventos estrelares e como os átomos dos metais reflectem a luz da estrela, actuando como se fossem a vela de um barco, conseguem um impulso extra, que o hidrogénio e o hélio sozinhos não alcançariam. Todavia, esta actividade origina que parte da massa da estrela se escape para o espaço e por isso as estrelas com uma metalicidade elevada tendem a perder muito da sua massa antes de explodirem. Os metais podem originar uma tão grande perda de massa da estrela que esta, em vez de originar um buraco negro no seguimento da sua explosão e transformação em supernova, pode transformar-se somente numa estrela de neutrões. Nos enxames de galáxias com estrelas de elevada metalicidade, as GRBs são raras, enquanto que as galáxias de formas estranhas, de mais baixa metalicidade, proporcionam as melhores GRBs.

Desde os anos 90 que sabemos que as explosões longas e as explosões curtas, são diferentes e que tal tem a ver com as propriedades dos raios gama. Não somente as explosões curtas são de duração inferior a 2 segundos, como o espectro da luz que elas emitem são diferentes das de duração superior (longas). Os raios gama das GRBs curtas são de alta-tensão, enquanto as longas emitem raios gama de baixa-energia. As diferenças foram evidenciadas em 2005 quando pela primeira vez os telescópios detectaram os vestígios de uma GRB curta. Estes vestígios não continham nenhuma supernova. A causa das explosões curtas permanece contudo desconhecida, mas os cientistas têm boas hipóteses.


Acima: Uma concepção artística da explosão de uma estrela de neutrões.

A teoria principal é que estas explosões curtas são colisões extremamente violentas entre pares de estrelas de neutrões. Estas estrelas não são gigantes como as outras estrelas. Uma estrela de neutrões não é mais que uma espécie de “núcleo atómico” de 12 quilómetros de diâmetro! Ao contrário dos átomos que compõem a matéria bariónica e que são na sua maior parte espaço vazio, uma estrela feita quase inteiramente de neutrões firmemente colados, é extraordinariamente densa: uma porção de uma estrela de neutrões do tamanho de uma unha, teria uma massa de triliões de quilos, pois a densidade e a gravidade de uma estrela de neutrões só são superadas pelas de um buraco negro.

Como poderão então os cientistas saber se esta explanação é verdadeira?
Uma maneira podia ser detectar as ondas gravitacionais. Usando lasers para medir com cuidado as distâncias entre pares de espelhos situados nos observatórios de Hanford, em Washington, e Livingston na Louisiana, os cientistas tentam observar mudanças ínfimas nessa distância, que ocorreriam se as subtis ondas gravitacionais estivessem passando através da Terra.
Outra maneira será detectar o “chirp signal”. Antes que as duas estrelas de neutrões colidam, orbitam uma em redor da outra como um sistema binário e porque os seus campos de gravidade são tão intensos, devem emitir ondas que, segundo Einstein, criam o espaço-tempo: ondas gravitacionais. Essas ondas intersectam-se emitindo um sinal característico, denominado “chirp signal”. É este sinal que os cientistas estão a tentar detectar.

(De 20 a 23 deste mês encontra-se reunido em Huntsville o "Sixth Huntsville Gamma-Ray Burst Symposium 2008”, patrocinado pela NASA. Talvez se consiga avançar no estudo deste fenómeno.)

quarta-feira, outubro 22

Ainda a "tasca do Ti Joaquim",

Etiquetas: ,

terça-feira, outubro 21

Intervalo para descompressão da Crise.

O Ti Joaquim tem uma tasca, na Vila Carrapato, e decide que vai vender copos 'fiados' aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose do tintol e da branquinha (a diferença é o preço que os pinguços pagam pelo crédito). O gerente do banco do Ti Joaquim, um ousado administrador formado em curso muito reconhecido, decide que o livrinho das dívidas da tasca constitui, afinal, um activo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o 'fiado' dos pinguços como garantia. Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrónimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer. Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (os tais livrinhos das dívidas do Ti Joaquim). Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países. Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e a tasca do Ti Joaquim vai à falência. E toda a cadeia pifou!

segunda-feira, outubro 20

Imaginem

(Texto de opinião por Mário Crespo para o JN)

http://jn.sapo.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=974848&opiniao=M%E1rio%20Crespo

Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.
Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.
Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.
Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar. Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês.

Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.
Imaginem remédios dez por cento mais baratos. Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.
Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.

Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.
Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos.
Imaginem que país seremos se não o fizermos.

domingo, outubro 19

JOÃO SALGUEIRO


João Maurício Fernandes Salgueiro nasceu em Braga no dia 4 de Setembro de 1934. Licenciou-se em Economia no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras de Lisboa. Foi subsecretário de Estado do Planeamento entre 1969 e 1971 no Governo de Marcelo Caetano, ministro de Estado e das Finanças entre 1981 e 1983, no Governo de Pinto Balsemão, vice-governador do Banco de Portugal, presidente do Banco de Fomento Exterior, da Caixa Geral de Depósitos e fundador da SEDES.

PARTE DA ENTREVISTA CONCEDIDA AO CORREIO DA MANHÃ/RADIO CLUBE E QUE PODE SER LIDA NA ÍNTEGRA EM www.correiomanha.pt

“P – A oposição à esquerda do PS queixa-se de que o Governo está a passar um cheque em branco quando avança com a garantia de vinte mil milhões de euros para a Banca. O PCP e o BE têm razões para estar preocupados?
R – Acho que todos temos razões para estar preocupados. Quando há uma crise mundial que se está a desenvolver desde Julho do ano passado, já há mais de 15 meses, e ainda não foi atalhada, temos todos razão para estar preocupados. Tem razão o PCP, o BE, o PSD, tem razão o PS. Têm todos. E nós também. Isto não é uma brincadeira.
P – Mas o aval do Governo é positivo?
R – O aval do Estado não é uma iniciativa original portuguesa. Foi uma iniciativa decidida ao nível da União Europeia. Parece mais eficaz do que o que aconteceu nos EUA. O plano Paulson parece mais frágil, esta iniciativa europeia parece-me mais …
P – Mais sólida.
R – Mais consistente. Mais consistente. O que está aqui em causa, nos EUA e cá, não é ajudar os bancos. O que está em causa é evitar que as pessoas que precisam do crédito fiquem sem ele. Às vezes há umas ideias um bocado frágeis. Pensar que a Banca empresta o dinheiro que é dos bancos. A Banca não empresta o dinheiro dos bancos, empresta o dinheiro que obtém dos seus depositantes ou dos depositantes alheios. Nós, como temos feito actividades de crédito em Portugal muito mais volumosas do que os depósitos portugueses, temos estado a obter depósitos indirectamente de outros países europeus. Se não pudermos continuar com esse refinanciamento há que antecipar o crédito e vamos criar problemas enormes às empresas.
P – E esta ideia que se criou de que o aval é uma benesse?
R – Quer dizer, é uma benesse para todos nós em Portugal porque vai permitir que a economia continue a funcionar. Deus permita que continue, porque isto pode não ser suficiente. Estou convencido de que será, mas ninguém pode garantir. Porque isto não é um empréstimo à Banca. As pessoas também não percebem. Pensam que é dinheiro do Estado que vai passar pela Banca. Não é disso que se trata. Trata-se de dizer que os bancos portugueses estão em boa condição, há alguém a avalisar isso. O Governo está a dar é um aval, não está a dar dinheiro.
(…)”

Julgo que o 1º ministro deve um esclarecimento ao País.

Novamente a Crise

Admira-me e preocupa-me a ligeireza com que a Crise Financeira que afecta Portugal está a ser encarada. Se, até certo ponto compreendo a situação do 1º ministro e do das Finanças no sentido de não criarem alarmismos que levem os portugueses a atitudes impensadas de gravíssimas consequências, que eu até me abstenho de mencionar para não criar situações propícias ao seu desencadear, o certo é que já se caiu no laxismo habitual: não há problema, está lá o Sócrates, já deram 20.000 euros aos bancos, aqueles “vampiros” que sugam o nosso sangue.

O problema é que, em minha opinião o 1º ministro não estará à altura da situação. Ficaria mais tranquilo se, mantendo o ministro das Finanças, ele chamasse para “super-ministro” um Medina Carreira, ou um João Salgueiro. É certo que o cargo não existe. Pois criem-no.
Ouvi 6ªf à noite o Medina Carreira e gostei de o ouvir, como sempre, mas para esse cargo de “salvação nacional” (não gosto da designação, mas foi a que me ocorreu…) prefiro o João Salgueiro, mais novo e talvez mais técnico.

Quanto aos bancos, sendo que será, à semelhança do que se fez em Inglaterra, de procurar responsabilidades na administração dos mesmos, eles são os que mantêm a funcionar as PME e que possibilitam os créditos aos particulares. Não são portanto os criminosos que o PCP e o seu colega (queriam que lhe chamasse Kamarada?) BE propalam. Estão a prestar um mau serviço ao país o que não é de admirar, pois para eles “quanto pior melhor”. “O que dizem o PCP e o BE não conta para nada, não produz resultado, não gera nenhuma consequência. Vale zero, como antigamente dizia Jô Soares nos seus programas de humor”.

Quanto ao PSD (ainda existe?) com a sua atitude de “o calado é o melhor”, não o é. Longe disso. A situação é de “toque a rebate” e havia era que unir esforços. À partida, MFLeite adoptou a atitude de rejeitar liminarmente o projecto do OE09 mesmo antes do mesmo ser discutido na AR, considerando-o injustamente como “o pior Orçamento que se fez em Portugal desde 1974”. É uma afirmação que não é politicamente correcta. É o orçamento possível. Medeiros Ferreira, (dir-me-ão que não é economista, “je m’en fiche”) considera que é “o melhor projecto de orçamento” deste governo.

Acreditem, neste momento em que vejo em risco o trabalho de toda uma vida, gostaria de ser espanhol. A Espanha fez o que é “impossível em Portugal”:
- o 1º min Zapatero e Rajoy, líder do principal partido da oposição, “chegaram a acordo sobre um plano que o governo preparou para fazer frente à crise económica e financeira. Rajoy apoiou o plano e as medidas nele contidas e fez algumas exigências, como as de ser o Banco de Espanha a supervisionar a utilização dos fundos para salvar os bancos” e a garantia do pagamento das pensões durante os próximos anos.

Por cá? Tudo “na maior”. Sócrates diz que há dinheiro para tudo: TGV, novo aeroporto, novas pontes sobre o Tejo (não é mais que uma?) e até 1 milhão de euros para o min Economia, Manuel Pinho, pagar ao fotógrafo Steven Klein, para tirar 6 fotografias (é mesmo, são só seis…) para uma campanha de promoção de Portugal (era só o que nos faltava…). Ah é verdade, esquecia-me: ao fim de 2 anos os direitos sobre as mesmas passam a pertencer ao fotógrafo (rico e oportuno negócio …).

“A orquestra continua a tocar enquanto o Titanic se afunda”.

sábado, outubro 18

O enfarte


Começou a sentir-se mal, já conhecia os sintomas pois já passara por essa provação. Apressada e imprudentemente meteu-se no carro e conduziu até ao Centro de Saúde, onde era habitual paciente. A sua gordura e o seu coração tinham-no levado à reforma apenas com 44 anos, reforma que não dava para viver. Praticamente tudo era para a farmácia que ia aumentando as instalações à sua custa e de outros/as como ele. Se não fossem os desgraçados dos pais a ajudá-lo…

A médica não se dignou olhar para ele. Não sabia para onde ela estava a olhar, mas não olhou para ele, nem sequer o mandou sentar, mas ele sentou-se. A enfermeira, que já o conhecia, estava a falar sobre ele à médica que continuava com o olhar vago e distante.

- Sr Joaquim (vá lá, tratou-me pelo nome…) nós aqui não temos médico da especialidade. Como é que o senhor veio?
- Vim no meu carro.
- Então pode ir nele para o hospital de Santarém para ser medicado.

Dito isto virou-lhe as costas e enfiou pelo corredor.

Dirigiu-se para o carro com dificuldade.
- Vamos ver se chego lá vivo, ia remoendo.
A enfermeira deu-lhe umas palmadinhas nas costas e acompanhou-o até à porta. A sua idade e o traquejo no trato de doentes dava-lhe a humanidade que a médica novata não tinha.
Chegou ao hospital à justa, mesmo a tempo de lhe acudirem ao enfarte anunciado.

E se o curso de medicina tivesse uma Cadeira de Relações Humanas?
Ou se em vez dos 19 e tal para entrar na FacMedicina, fosse obrigatória a aprovação numa Disciplina com esse nome, dada no 12ºano?

sexta-feira, outubro 17

Amizade e Machu Pichu

A amizade é extremamente importante, direi mesmo imprescindível. O ser humano não pode viver isolado da comunidade onde se integra. O condutor do autocarro normalmente é encarado pelo passageiro como parte integrante de uma máquina de que ele se serve e não como um ser igual a ele, ambos pertencentes à comunidade onde cada qual tem as suas funções diferenciadas.

Mas as pessoas, necessitam de comunicar entre si, de viva voz, cara a cara e não através deste ecrã branco que eu, a pouco e pouco vou enchendo de caracteres.

Hoje encontrei um colega de curso e, como temos a felicidade inestimável de podermos dispor do nosso tempo, passámos umas horas conversando. De quê, perguntarão. De nada e de tudo. Perdeu-se a arte de conversar, de cavaquear.
Lembro-me dos meus tempos de estudante, quando nos reuníamos na farmácia do meu primo, a única na terra e em que também tomava assento o padre, de quem eu já aqui falei. Não um padre beato, mas um ser humano igual aos outros e que por isso, porque uma vez foi visto de polo colorido numa praia, por uma das ricaças da terra, foi proscrito e mandado dizer missa para uma pequena capela, pertencente ao hospital da Misericórdia. Eu ia lá, uma vez por ano, na noite da consoada, assistir à Missa do Galo.
Um ano, a meio da missa, ele parou cerca de um minuto, para depois dizer com a sua voz tonitruante:

- "Estou à espera que as pessoas lá do fundo se calem".

Mas eu não vim aqui recordar o passado, aliás, para mim, é tudo passado, não há presente e o futuro está sempre a acontecer, até que um dia deixa mesmo de acontecer...

A amizade vai-se forjando, por vezes a partir de um conhecimento ocasional. Só quem tem mentes mal formadas pode pensar que, se um homem e uma mulher se conhecem, está sempre subjacente o sexo. Ainda existe quem pense assim, quem viva de “fofoquices”.

E o que tem todo este arrazoado a ver com Machu Pichu?


Tem, porque é um sítio onde gostava de ir, porque acho que, indiscutivelmente é uma das 7 Maravilhas do Mundo, porque estavam a dar na TV um pequeno documentário sobre ela, a cidade, porque numa viagem uma pessoa que já lá tinha estado me falou entusiasmada por ter tido a possibilidade, nessa altura em viagens incríveis de autocarro através da selva, de lá ter estado.

Machu Pichu para mim, cidadão vulgar desta cidade egoísta, é o sonho que também como a amizade com outra pessoa me proporcionaria.
Talvez um dia lá consiga ir. A amizade com outra, ou outras pessoas, felizmente não são tão inatingíveis.

quinta-feira, outubro 16

A caixa dourada


Há algum tempo atrás, uma mãe zangou-se com o seu filho de 5 anos por estragar um rolo de fita dourada, que tinha por fim decorar uma caixa colocada sob a Árvore de Natal. Na manhã seguinte à noite de Natal, o menino trouxe a caixa e entregou-a à mãe dizendo: "Isto é para ti, mamã". A mãe ficou embaraçada pela reacção precipitada, mas quando viu que a caixa estava vazia comentou rispidamente com o filho:
"Não sabes que quando se dá um presente a alguém é suposto que haja alguma coisa dentro do pacote?"
O menino olhou-a em lágrimas e disse: "Oh, não está vazia, eu soprei lá para dentro, até ficar cheia de beijos". A mãe ficou arrasada. Ajoelhou-se e pediu perdão pela rispidez irracional, abraçando-o com ternura.
Pouco tempo depois, um acidente tirou a vida ao menino, e a mãe guardou a caixa dourada perto da sua cama. Sempre que estava deprimida ou tinha problemas, abria a caixa e imaginariamente tirava um beijo e lembrava o amor que a criança colocou lá.
Na verdade, cada um de nós já recebeu uma caixa dourada repleta de amor da nossa família e amigos....
Não há maior tesouro do que consegui-lo...

(autor desconhecido)

quarta-feira, outubro 15

O Orçamento do Estado para 2009

Sou uma pessoa que tem posto sérias reservas ao Governo Sócrates e à personagem em si. Todavia não posso deixar de reconhecer que a atitude do mesmo Governo parece ter sido a correcta perante a grave situação financeira, no sentido de se evitar (por enquanto) que a mesma se transformasse numa crise económica, com todo o seu cortejo de aumento do desemprego, falências, desvalorização da moeda ...

No seu discurso de apresentação do OE, o Min Finanças enquadrou o período em que o mesmo é concebido e a situação de crise internacional e de crise de confiança, aos quais os Estados-membros da Zona Euro tentaram responder, através de um pacote de ajudas financeiras ao sector bancário e para o qual o Estado Português contribuiu com uma disponibilidade de cobertura de financiamento de 20.000 milhões de euros.

O sector bancário é o suporte do crédito às cerca de 180.000 PME que são o suporte económico do país. Muito haverá a apontar aos bancos e a criticar os seus responsáveis mas não podemos esquecer também as organizações de crédito ao consumo, tipo "crédito fácil", que pululam como cogumelos. Essas sim, deverão ser apontadas a dedo.

Embora em Portugal todas as culpas estejam a morrer solteiras (é o nosso fardo, ou fado) penso que em primeiro lugar há que atacar o problema como se fez e depois haverá que procurar os responsáveis para lhes aplicar as devidas sanções, o que duvido que se faça. Portugal não é a Inglaterra e Sócrates não é Gordon Brown…

terça-feira, outubro 14

Coitados dos bancos

Finalmente a crise está para terminar. Por todo o nosso mundo (e arredores?) os governos, as políticas e os economistas, saúdam a injeccção de verbas que sutentem as falências dessas instituições beneméritas que são os bancos.
Finalmente é feita justiça.
Podemos voltar a sorrir. A miséria está afastada definitivamente, porque as nossas poupanças...(?)... estão salvas e o investimento é de novo possível.


Parece ironia?

Ná...

A verdade é que, quantos de nós teríamos a nossa casita, o nosso carrito, as nossas viagenzitas, se não fossem os empréstimos bancários?

E depois, que culpa têm esses benfeitores que as pessoas abusem da sorte e comprem mais do que podem sustentar?
No limite, é, basicamente, como decidir ter filhos. Se não os podes sustentar não os tenhas.

A verdade é que, um destes dias, dizem os mais cépticos, vamos ser surpreendidos com um daqueles conflitos que arrasam meio mundo e que permitem que tudo se renove.

É esperar.

É que essas vozes, descontentes por certo, a tentar convencer-nos que a crise está para durar.

Ele há gente... incrédulos, é o que é.
(Foto: Bart)

segunda-feira, outubro 13


Marco Antonio Bernardo (piano) - Orfeu e Euridice (Gluck)

«O incomparável cantor Orfeu era filho
do rei e deus-rio trácio Eagro
e da musa Calíope.

Apolo deu-lhe de presente uma lira,
e quando Orfeu a tocava,
acompanhando o som com sua maravilhosa voz,

os pássaros do ar, os peixes da água,
os animais da floresta e até
as árvores e as pedras
se aproximavam

para ouvir aquela música maravilhosa.»

___________________________________

Etiquetas: ,

domingo, outubro 12

ASSIM VAI O PAÍS - JUSTIÇA

“Legislou-se com “erro grosseiro”, com negligência grosseira, causadora de danos irreparáveis. A estultícia do legislador fez com que deixasse de se conciliar a protecção da vítima e da sociedade com as garantias de defesa do arguido.
O prato da balança da Justiça, quanto ao crime, ao castigo e à segurança, desequilibrou-se a favor do arguido.
E quem indemniza a sociedade por este “erro grosseiro?””.

(Rui Rangel, Juiz desembargador “Estado das coisas – Prisão preventiva” in Correio da Manhã, 01/10/2008)

sábado, outubro 11

Evolução ou Criacionismo?


Não sei se por influência da candidata Republicana à vice-presidência dos EUA, que pretende voltar ao ensino obrigatório(?) do Criacionismo nas escolas, que aliás já é ensinado em muitas, está a assistir-se na Europa e também em Portugal, a uma corrente favorável ao mesmo, em detrimento do Darwinismo.
Ainda hoje, vendo de relance a “Science et Vie”, reparei que a mesma trazia um artigo sobre o assunto. Não a comprei claro, a Crise (com honras de maiúscula)

Quero esclarecer que sou católico, mas encaro a religião à minha maneira, como assunto do meu foro íntimo. Assim, não acredito no Criacionismo, nem poderia ser de outra forma, para quem como eu, todos os dias se deslumbra perante o espectáculo do Cosmos que o “Astronomy today” tem para lhe oferecer. Como é que eu posso aceitar ser um espectador privilegiado do Universo, que desliza perante os meus olhos e ao qual assisto tranquilamente sentado no planeta Terra, o único escolhido por Deus para ser habitado por seres inteligentes?

Num livro publicado em 2000 nos EUA, “Rare Earth”, dois cientistas, profs universitários e um deles (Donald Brownlee) membro da National Academy of Sciences e com funções na NASA relacionadas com as origens do Sistema solar, defendem a hipótese da Terra ser um planeta com condições particulares e talvez únicas, no que respeita à possibilidade da existência de formas inteligentes de vida.
O tempo necessário para a evolução de seres inteligentes, ronda os 10 mil milhões de anos, o nosso sistema solar tem cerca de 5 mil milhões de anos, dos quais os primeiros mil ou 2 mil milhões de anos da existência da Terra foram demasiado quentes para que “qualquer coisa complicada” se pudesse desenvolver e os restantes 3 mil milhões (mais ou menos ... ), foram então ocupados pelo processo lento da evolução biológica.

É certo que os Astrofísicos se encontram num impasse perante a enormidade do Cosmos e a pequena quantidade que dele se conhece, apenas 4%.
O enorme “acelerador de hadrões” tenta (julgo continuar sem funcionar…) detectar o “bosão de Higgs”, responsável pela criação de matéria “ex nihilo” a que, por isso mesmo, chamam “a partícula de Deus”. Ressurge assim, entre alguns cientistas, a tentativa duma explicação metafísica.

Quanto a mim, que sou um insignificante e não obstante me considerar cristão, considero que o Budismo estará mais perto de compreender o Universo que o Cristianismo.

Wilkinson Microwave Anisotropy Probe (WMAP) – é o nome da sonda representada na figura.

sexta-feira, outubro 10

Força escura e matéria escura


O que é a energia escura (dark force)? Bem, a resposta simples, é que nós não sabemos o que é e parece contrariar muito a nossa compreensão sobre a maneira como o universo “funciona”. Todos sabemos que as ondas, igualmente chamadas radiações, transportam energia. Sentimos essa energia no momento em que nos expomos ao Sol num dia quente de verão. A famosa equação de Einstein, E = mc2, ensina-nos que matéria e energia são permutáveis, meramente formas diferentes da mesma coisa. Nós temos um exemplo gigante no nosso céu: o Sol que é alimentado pela conversão da massa em energia.

Poderia a energia escura mostrar uma ligação entre a física do muito pequeno e a física do imensamente grande?
Mas a energia é suposta ter uma fonte - matéria ou radiação - e a noção com que ficamos é que o espaço, mesmo quando desprovido de toda a matéria e radiação, ainda tem uma energia residual. Essa " energia do espaço," quando considerada numa escala cósmica, conduz a uma força que aumenta a expansão do universo.
Talvez que a energia escura resulte de comportamentos estranhos em escalas menores do que a dos átomos. A física do muito pequeno, chamada Mecânica Quântica, permite que a energia e a matéria apareçam do nada, embora somente durante instantes ínfimos.
O constante aparecimento e desaparecimento da matéria poderia fornecer a energia ao espaço que, de outra forma, seria vazio. Talvez que a energia escura crie uma força nova, fundamental no universo, algo que começaria somente a mostrar efeitos quando o universo alcançasse um determinado tamanho? As teorias científicas permitem a possibilidade da existência de tais forças. A força pode mesmo ser provisória, fazendo com que o universo acelere durante alguns biliões de anos antes que enfraqueça e desapareça.
Ou talvez a resposta se encontre noutro problema, não resolvido desde longa data: como conciliar a física do imensamente grande com a física do muito pequeno?
A teoria da gravidade de Einstein, chamada relatividade geral, pode explicar tudo desde o movimento dos planetas à física dos buracos negros, mas não parece aplicar-se à escala das partículas que compõem os átomos. Para prever como as partículas se comportarão, nós precisamos da Mecânica Quântica. Esta explica a maneira como as partículas funcionam, mas simplesmente não se aplica em escalas maiores que um átomo. A solução ainda não conseguida para combinar as duas teorias pode fornecer-nos uma explanação natural para a energia escura.

A maioria do universo parece consistir em nada que nós possamos ver. A “energia escura” (dark force) e a “matéria escura” (dark matter), detectáveis somente por causa do seu efeito na matéria visível, constituem a maior parte do universo.
Uma vez que o espaço está em toda a parte, esta força escura da energia (faz-me lembrar “A guerra das estrelas”) está em toda parte, e os seus efeitos aumentam quanto mais o espaço se expande. Contrariamente, a força da gravidade é mais forte quando os corpos estão próximos e mais fraca quando estão muito afastados. Como a gravidade está enfraquecendo com a expansão do espaço, a energia escura constitui agora 2/3 de toda a energia no universo.
Soa um pouco estranho que nós não tenhamos ideias seguras sobre o que compõe 74% do universo (é como se tivéssemos explorado toda a terra no planeta Terra e nunca nas nossas viagens tivéssemos encontrado um oceano).
Mas agora que detectámos estas ondas de energia, queremos saber o que esta entidade enorme, estranha e poderosa, realmente é. A estranheza da energia escura excita-nos e mostra aos cientistas que há uma falha no nosso conhecimento que precisa de ser preenchida, orientando esses cientistas para um reino inexplorado da física.

Temos diante de nós a evidência que o Cosmos pode ser configurado diferentemente do que imaginamos. A energia escura mostra-nos que ainda temos bastante para aprender, e que estamos perante um outro grande salto na compreensão do universo.

quinta-feira, outubro 9

O dolar da Crise


Se tivesses comprado, há um ano atrás, 1.000 Euros em acções da Nortel Networks, um dos gigantes das telecomunicações, hoje terias 59 Euros.

Se tivesses comprado, há um ano atrás, 1.000 Euros em acções da Lucent Technologies, outro gigante das telecomunicações, hoje terias 79 Euros.

Agora, se, há um ano atrás, tivesses comprado 1.000 Euros de Super-Bock (em cerveja, não em acções), tivesses bebido tudo e vendido as garrafas vazias, hoje terias 80 Euros.

Conclusão: No cenário económico actual, perdes menos dinheiro se ficares sentado a beber Super-Bock o dia inteiro.

quarta-feira, outubro 8

A implosão da mentira

Mentiram-me.
Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente.
Mentem de corpo e alma completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.

Mentem sobretudo impunemente.
Não mentem tristes,
alegremente mentem.
Mentem tão nacionalmente
que acham que mentindo história a fora
vão enganar a morte eternamente.

Mentem, mentem e calam
mas as frases falam e desfilam de tal modo nuas que mesmo o cego pode
ver a verdade em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é difícil e para alguns é cara e escura, mas não se
chega à verdade pela mentira nem à democracia pela ditadura.

Evidentemente crer que uma flor nasceu em Hiroshima e em Auschwitz
havia um circo permanentemente.

Mentem, mentem caricaturalmente,
mentem como a careca mente ao pente,
mentem como a dentadura mente ao dente
mentem como a carroça à besta em frente, mentem como a doença ao
doente, mentem como o espelho transparente mentem deslavadamente como
nenhuma lavadeira mente ao ver a nódoa sobre o rio mentem com a cara
limpa e na mão o sangue quente, mentem ardentemente como doente nos
seus instantes de febre, mentem fabulosamente como o caçador que quer
passar gato por lebre e nessa pilha de mentiras a caça é que caça o
caçador e assim cada qual mente indubitavelmente.

Mentem partidariamente,
mentem incrivelmente,
mentem tropicalmente,
mentem hereditariamente,
mentem, mentem e de tanto mentir tão bravamente constroem um país de
mentiras diariamente.

(Afonso Romano de Sant'Ann. Enviado por Manoel Carlos, do blog “Agreste”)

terça-feira, outubro 7

A crise financeira

Estive assistindo na RTP1 ao debate “Prós e contra” e tomei nota. Talvez o que mais me tenha impressionado foi o facto do sistema bancário necessitar diariamente de importar 40 milhões de euros.

O ministro das Finanças vem deitar água na fervura garantindo aos depositantes a totalidade dos depósitos bancários. Ora é sabido que, em caso de insolvência o banco só garante 25.000€ por depositante. Evidentemente que o ministro tenta acalmar os portugueses procurando e bem, evitar uma corrida aos bancos o que seria o descalabro total que a ninguém aproveitaria. Tudo bem se não fosse a atitude de Angela Merkel:

Berlim, 06 Out (Lusa) - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, defendeu hoje que cada "país deve assumir as suas próprias responsabilidades", rejeitando a criação de um fundo europeu para ajudar as instituições financeiras em dificuldades durante a actual crise.
Durante um encontro em Berlim com o primeiro-ministro de Itália, Silvio Berlusconi, defensor da criação do fundo de ajuda às instituições financeiras em dificuldades dos 27 países da União Europeia, Angela Merkel expressou a sua oposição à criação do fundo, defendendo no entanto uma acção concertada.
"Todos concordamos que precisamos de uma abordagem coerente, porque pertencemos à mesma zona monetária" afirmou Angela Merkel, com uma ressalva: "Cada país deve assumir as suas responsabilidades neste contexto [da crise financeira]".

E assim pergunto eu:
- Onde vai o Estado Português buscar dinheiro para garantir o reembolso total dos depositantes?

segunda-feira, outubro 6

Pilares da Criação


A imagem acima tornou-se uma das mais famosas dos tempos modernos. Tirada pelo telescópio espacial Hubble em 1995 na nebulosa da Águia, mostra-nos estrelas recém-nascidas dos “glóbulos gasosos de evaporação” (EGGs*), que emergem dos pilares constituídos por hidrogénio molecular e poeiras. Estes pilares gigantescos têm anos-luz de comprimento e são tão densos que no seu interior o gás se contrai gravitacionalmente, desmoronando-se sob o seu próprio peso e dando forma a estrelas novas que continuam a crescer enquanto acumulam cada vez mais massa do material que as rodeia.
Uma torrente de gás ultravioleta, proveniente dessas estrelas novas, aquece o gás envolvente ao longo da superfície interior das colunas, num processo designado por “foto-evaporação”. Os “ovos” que são mais densos ficam no fundo do pilar depois que o gás que os rodeava se evaporou, enquanto os outros vão subindo. Alguns ficam inicialmente na extremidade de “dedos”, gás que fora protegido da foto-evaporação pelas sombras dos ovos. Outros, libertos completamente do material envolvente, abandonam as “maternidades” estrelares. A luz ultravioleta das estrelas próximas também vai escavando no gás dos pilares, ajudando a libertar os “ovos”.
Alguns astrónomos acreditam que, uma vez libertas dos “ovos”, as estrelas continuam a crescer até que atinjam o ponto de fusão nuclear. Quando isto acontece nasce o vento estelar que afasta o resto do material residual que ainda envolve a estrela.

Esta é a primeira vez que nós vimos realmente o processo de formação das estrelas. Até certo ponto o processo parece mais ter a ver com a Arqueologia, em que a erosão põe a descoberto ossos e artefactos, do que com a Astronomia.
* “Ovos” em inglês.

sexta-feira, outubro 3

Crises













Desde há dias que alguns acontecimentos me dançam na cabeça.
É claro que a crise económica é um deles.
Mas também a história do leite contaminado na China e a questão da lei do divórcio.

Aparentemente nenhum deles está interligado. Mas eu, como costumo encontrar conexões entre acontecimentos, lá vi um fio condutor que une todas estas matérias e eventualmente outras.

Onde está essa conexão?
Em nós. Pois, em nós, as pessoas.
Por um qualquer motivo, creio que todos somos muito parecidos, apesar das diferenças e individualidade que contemos.

Por isso, qualquer destes eventos, uns mais assustadores que outros, poderiam facilmente ser resolvidos se o objecto da sua solução fosse a felicidade das pessoas.
O que se passa – verdade de La Palisse – é que as motivações que produzem as apressadas e pouco acauteladas soluções destas crises, nada têm a ver comigo, nem contigo. São apenas mais um modo de contaminar uma vez mais o nosso já precário sossego.


Vejamos:
A lei do divórcio é discutida em termos absolutamente teóricos e de ordem jurídica. Mesmo quando os “afectos” são referidos, servem, apenas, para consolidar um parecer retórico de ordem legal.
A constituição de uma culpa individual é tão idiota como a atribuição, por defeito, dos filhos às mães aquando de um divórcio. Os pais têm sempre que provar que estão em melhores condições para assumir a paternidade das crianças.
Assim, a discussão em torno da tal nova lei, é quase vazia de legitimidade, porquanto não passa de mais uma guerra política e, mais grave, partidária.
Ode estão as pessoas nesta discussão? Algures…

Com o leite contaminado, quase que me apetece citar o comentário daquela mãe que desesperada dizia: “já nem sabemos o que podemos comer”.
Estamos a falar de um país onde as pessoas apenas parecem ser um número indeterminado, sem muitos direitos (ou quase nenhuns). Um país que escondeu resultados desta crise antes e durante os Jogos. Um país que ainda dá a maior visibilidade ao seu ícone maior, que é o Mão, qual Big Brother vigilante. Um país que consegue exportar os seus produtos aos melhores preços, porque paga mal a quem os fabrica.
Ou seja, as pessoas são relegadas para um plano mais que secundário.

Por último a maior crise económica desde 1929, segundo creio.
Quem a iniciou, porque a iniciou? Quem tem a perder e quem vai ganhar com ela?
Nem vale a pena responder. Todos sabemos o resultado do concurso.
A verdade é que não conheço (e posso estar mal informado, admito) nenhuma resolução de nenhum congresso que procure resolver de imediato os problemas das pessoas.
Ou seja, vamos injectar milhares de milhões em bancos que geriram mal as suas expectativas de lucro para tentarmos que a economia de mercado, como a conhecemos, não desabe de vez.
O petróleo comanda as operações, o endividamento é o álibi. Do armamento e outros que tais nem se fala.
A verdade é que as pessoas, nós, iremos ficar ou sem casa ou sem comer, ou ambos.
Enquanto isso, ainda não proibiram a publicidade aos empréstimos fantásticos que nos permitem aquelas férias, o tal carro, a maravilhosa vivenda.

A visão que me ocorre é a dos filmes futuristas. Mas para pior.
Afinal a realidade suplanta largamente a ficção.
É a realidade, não é?

quinta-feira, outubro 2

Vagueando …

Hoje andei vagueando sem rumo pelas ruas de Lisboa. Meti a digital no bolso e por aí errei sem destino, envolto nos meus pensamentos. Não sei o que é ser feliz, nem sei o que é a felicidade. Talvez uma borboleta colorida e fugídia, que se nos escapa, porque ela é tão frágil que quando a apanhamos acabamos por a destruir.
Nessa altura já nada há a fazer. Nos nossos dedos ficaram as cores das suas asas que desajeitadamente danificámos, impedindo-a de continuar o seu voo por entre as flores ali, no jardim do Campo Pequeno.
É um local de estranhas recordações: festa para uns, protesto para outros, sofrimento e morte, onde o bicho-homem se diverte com o animal, dando vazão aos seus instintos mais primitivos.
Mas nos jardins voam borboletas e nos bancos há pares de namorados, que olhamos com inveja duma mocidade perdida.

Depois, depois subi devagar a Av da República, até ao Saldanha, com a intenção de apanhar o Metro para o Rossio e habitual visita à FNAC, pois desejava comprar o último livro de Mia Couto. Mais um para a fila de espera ...

Foi então que o vi e a digital captou a imagem de um homem, incongruentemente deitado sobre a riqueza da CGD e profundamente adormecido. E eu invejei-o. Invejei a serenidade do seu rosto, invejei o abandono físico de quem se deita onde e quando lhe apetece fazê-lo, de quem não tem contas para dar a ninguém porque não finge aquilo que não é, porque não é Janus.

(Foto de Peter)

Talvez aquele homem, de aspecto que se convencionou chamar de "miserável", ostracizado pelos outros por não seguir as normas certinhas dum formalismo convencional, não teria atingido a "paz de espírito" e a serenidade do seu rosto não seria a de um ser de bem consigo mesmo?

quarta-feira, outubro 1

A CRISE DA ECONOMA AMERICANA

O 1º ministro veio enfim referir-se à crise económica, ao afirmar que as famílias com poupanças podiam estar tranquilas.
Não sei se acredite nele pois já estou escaldado. Disse ainda que os bancos portugueses estão mais protegidos e eu começo a lembrar-me do BCP. Também já anteriormente dissera que nunca permitiria que se arriscasse o dinheiro dos portugueses em fundos de investimento não credíveis e eu começo a lembrar-me do dinheiro e não é pouco, do Fundo de Pensões aplicado nos referidos Fundos. Se são credíveis, ou não, é que não sei, mas nunca fiando.

Enviaram-me este texto que divulgo, pois talvez o mesmo elucide aqueles que, como eu, se debatem em receios e interrugações. Podem lê-lo ou ficar apenas pela introdução se, por acaso, já o receberam por e-mail, pois está a ter bastante saída:

“ - Paul comprou um apartamento, no começo dos anos 90, por 300.000 dólares financiado em 30 anos.
- Em 2006 o apartamento do Paul passou a valer 1,1 milhão de dólares.
- Aí, um banco perguntou para o Paul se ele não queria uma grana emprestada, algo como 800.000 dólares, dando seu apartamento como garantia.
- Ele aceitou o empréstimo, fez uma nova hipoteca e pegou os 800.000 dólares.
- Com os 800.000 dólares. Paul, vendo que imóveis não paravam de valorizar, comprou 3 casas em construção dando como entrada algo como 400.000 dólares. A diferença, 400.000 dólares que Paul recebeu do banco, ele se comprometeu: comprou carro novo (alemão) para ele, deu um carro (japonês) para cada filho e com o resto do dinheiro comprou tv de plasma de 63 polegadas, notebooks, cuecas. Tudo financiado, tudo a crédito.
- A esposa do Paul, sentindo-se rica, sentou o dedo no cartão de crédito.
- Em Agosto de 2007 começaram a correr boatos que os preços dos imóveis estavam caindo...
- As casas que o Paul tinha dado entrada e estavam em construção caíram vertiginosamente de preço e não tinham mais liquidez...
- O negócio era refinanciar a própria casa, usar o dinheiro para comprar outras casas e revender com lucro.
- Fácil...parecia fácil.
- Só que todo mundo teve a mesma ideia ao mesmo tempo.
- As taxas que o Paul pagava começaram a subir (as taxas eram pós fixadas) e o Paul percebeu que seu investimento em imóveis se transformara num desastre.
- Milhões tiveram a mesma ideia do Paul.
- Tinha casa para vender como nunca.
- Paul foi aguentando as prestações da sua casa refinanciada, mais as das 3 casas que ele comprou, como milhões de compatriotas, para revender, mais as prestações dos carros, as das cuecas, dos notebooks, da tv de plasma e do cartão de crédito.
- Aí as casas que o Paul comprou para revender ficaram prontas e ele tinha que pagar uma grande parcela.
- Só que neste momento Paul achava que já teria revendido as 3 casas, mas, ou não havia compradores ou os que havia só pagariam um preço muito menor que o Paul havia pago.
- Paul se danou.
- Começou a não pagar aos bancos as hipotecas da casa em que ele morava e das 3 casas que ele havia comprado como investimento.
- Os bancos ficaram sem receber de milhões de especuladores iguais a Paul.
- Paul optou pela sobrevivência da família e tentou renegociar com os bancos, que não quiseram acordo.
- Paul entregou aos bancos as 3 casas que comprou como investimento perdendo tudo que tinha investido.
- Paul quebrou. Ele e sua família pararam de consumir...
- Milhões de Pauls deixaram de pagar aos bancos os empréstimos que haviam feito baseado nos preços dos imóveis.
- Os bancos haviam transformado os empréstimos de milhões de Pauls em títulos negociáveis.
- Esses títulos passaram a ser negociados com valor de face.
- Com a “inadimplência” dos Pauls esses títulos começaram a valer pó.
- Bilhões e bilhões em títulos passaram a nada valer e esses títulos estavam disseminados por todo o mercado, principalmente nos bancos americanos, mas também em bancos europeus e asiáticos.
- Os imóveis eram as garantias dos empréstimos, mas esses empréstimos foram feitos baseados num preço de mercado desse imóvel... preço que “despencou”.
- Um empréstimo foi feito baseado num imóvel avaliado em 500.000 dólares e de repente passou a valer 300.000 dólares e mesmo pelos 300.000 não havia compradores.
- Os preços dos imóveis eram uma bolha, um ciclo que não se sustentava, como os esquemas de pirâmide, especulação pura.
- A inadimplência dos milhões de Pauls atingiu fortemente os bancos americanos que perderam centenas de bilhões de dólares.
- A farra do crédito fácil um dia acaba. Acabou.
- Com a inadimplência dos milhões de Pauls, os bancos pararam de emprestar por medo de não receber.
- Os Pauls pararam de consumir porque não tinham crédito.
- Mesmo quem não devia dinheiro não conseguia crédito nos bancos e quem tinha crédito não queria dinheiro emprestado.
- O medo de perder o emprego fez a economia travar.
- Recessão é sentimento, é medo. Mesmo quem pode, pára de consumir.
- O FED começou a trabalhar de forma árdua, reduzindo fortemente as taxas de juros e as taxas de empréstimo interbancários.
- O FED também começou a injectar bilhões de dólares no mercado, provendo liquidez.
- O governo Bush lançou um plano de ajuda à economia sob forma de devolução de parte do imposto de renda pago, visando incrementar o consumo, porém essas acções levam meses para surtir efeitos práticos.
- Essas acções foram correctas e, até agora não é possível afirmar que os EUA estão tecnicamente em recessão...
- O FED trabalhava.
- O mercado ficava atento e as famílias esperançosas.
- Até que na semana passada o impensável aconteceu.
- O pior pesadelo para uma economia aconteceu: a crise bancária, “correntistas” correndo para sacar suas economias, “boataria” geral, pânico.
- Um dos grandes bancos da América, o Bear Stearns, amanheceu, na segunda feira última, quebrado, insolvente.
- No domingo o FED, de forma inédita, fez um empréstimo ao Bear, apoiado pelo JP Morgan Chase, para que o banco não quebrasse.
- Depois disso o Bear foi vendido para o JP Morgan por 2 dólares por acção. Há um ano elas valiam 160 dólares.
- Durante esta semana dezenas de boatos voltaram a acontecer sobre quebra de bancos.
- A bola da vez seria o Lehman Brothers, um “bancão”.
- O mercado e as pessoas seguem sem saber o que nos espera na próxima segunda-feira.

O que começou com o Paul hoje afecta o mundo inteiro.

A coisa pode estar apenas começando.
Só o tempo o dirá.
- No dia 15 de Setembro/2008, o Lehman Brothers pediu falência, desempregando mais de 26 mil pessoas e provocando uma queda de mais de 500 (quinhentos ) pontos no Indice Dow Jones, que mede o valor ponderado das acções das 30 maiores empresas negociadas na Bolsa de Valores de New York - a maior queda em um único dia, desde a quebra de 1929 ...
Este dia certamente, será lembrado para sempre na historia do capitalismo.”

(O texto é brasileiro, rectifiquei a ortografia de algumas palavras, mas mantive outras. Foi-me enviado por e-mail.)

Em toda a cadeia que se criou, os executivos dos bancos e correctores de Wall Street obtiveram lucros fantásticos por muito tempo e as suas operações financeiras foram elogiadas por analistas económicos e empresas de classificação de riscos e tomaram-se como exemplos da pujança capitalista, modelo da livre iniciativa.

No dia em que o castelo de cartas caiu, nós simples mortais, que jamais participámos na farra, somos chamados para pagar a conta.